Lana acordou cedo no domingo — uma coisa muito rara para seus padrões. Quando virou na cama, abrindo os olhos para fitar a manhã gloriosa que entrava através da janela, ela compreendeu porque tinha acordado tão cedo. Não estava no próprio quarto, nem na própria cama.
Estava na casa de Malcolm.
Ela observou o quarto ao redor, com sua decoração sóbria e sem pompa, apesar de que o tamanho do aposento já contribuía para classificar aquele quarto como imponente. Aquele cômodo sozinho devia ser do tamanho de sua sala de estar e cozinha juntas.
Espreguiçando-se, Lana se permitiu um momento de indulgência, cedendo à maciez do colchão em baixo de si e à espaçosa cama em que havia dormido.
Uma pena que tivesse dormido sozinha.
Aquele não era o quarto de Malcolm e ela sabia que, com Anthony doente, não era certo levar adiante aquele jogo de sedução iniciado no baile. Estava frustrada, mas, depois da noite passada, tinha chegado à conclusão de que precisava esclarecer algumas coisas antes de permitir que sua relação com Malcolm avançasse.
Mas, pensou, isso não aconteceria hoje.
Hoje ela dedicaria seu dia ao outro adorável Sullivan em sua vida, que estava doente e merecia um pouco de mimo.
Depois de um rápido banho e uma troca de roupas — ela não sabia, exatamente, de onde vinham as roupas que a Senhora Parker arrumara no quarto, mas rezava para que não fossem de alguma mulher com quem Malcolm tivera algo. Não estava em posição de recusar as roupas, uma vez que sua estadia tinha sido de última hora, e ela não podia andar pela casa em um vestido de gala e salto alto, mas seria desconfortável se as roupas fossem de outra mulher com quem Malcolm já estivera.
Decidida a não pensar nisso, Lana escolheu calças jeans confortáveis e uma blusa azul, amarrou os cabelos num rabo de cavalo e deixou o quarto. Primeiro, foi ver como Anthony estava. Encontrou-o ainda dormindo, meio febril, mas com um semblante tranquilo. Sem querer perturbá-lo, deixou-o dormir e saiu do quarto. Resolveu descer, em busca de café da manhã e de Malcolm.
Quando entrou na cozinha, encontrou a governanta diante da bancada, preparando o que parecia ser uma massa de bolo.
— Bom dia, senhorita Evans. — disse a senhora Parker, com um sorriso educado, quando a viu entrar na cozinha.
— Bom dia. — Lana devolveu o sorriso da governanta. — Estive com Anthony. Ele está dormindo como uma pedra.
A governanta assentiu, em compreensão.
— O pobre não teve uma noite fácil. Entre a febre e a coceira, ele mal conseguiu dormir. — Ela deixou sua tarefa com o bolo, lavou as mãos. — Por favor, senhorita Evans, sente-se. Vou providenciar seu café.
— Obrigada. Você pode me chamar de Lana, se quiser.
Bess sorriu por sobre o ombro.
— Está bem, Lana. E você pode me chamar de Bess.
Lana assentiu, satisfeita por desfazerem as formalidades, e se sentou diante da bancada. Quando sentiu o cheiro de waffles, soltou um longo suspiro. Teria que aprender a controlar a boca se pretendia mesmo ficar por perto.
— Você passou a noite com Anthony?
— Ah, não. — disse Bess, distraída, ocupando-se em preparar café fresco. — O senhor Sullivan ficou com ele.
— É mesmo?
Diante do tom incrédulo, a governanta se virou e esboçou um sorriso enviesado.
— Eu sei. É surpreendente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombras no Sol
RomanceDuas realidades diferentes têm como pano de fundo o nascimento de um grande amor... Lana Evans tinha tudo para não acreditar naquele tal de felizes para sempre, dona de uma personalidade invejável, esconde um passado de rebeldia, devassidão e um se...