Capítulo Três

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Uma das coisas que Lana mais gostava na preparação de um casamento era o momento das pesquisas. Sempre que tinha uma cliente, mesmo antes, quando era apenas assistente de Tereza, gostava de reunir uma imensa variedade de material a ser apresentado para a noiva. Gostava de buscar histórias, contos, o significado de flores, cores e objetos simbólicos que fossem adequados ao que a noiva tinha em mente. Se alguém lhe perguntasse qual era seu segredo no trabalho, diria que era vasculhar livros, revistas e a internet em busca de material para trabalhar.

Por isso, naquela tarde de quarta-feira, a mesa da sala de reuniões estava cheia de papéis e fotos com ideias de decoração. Tudo envolvendo o tema de contos de fadas, que Amanda Sullivan desejava para seu casamento. Havia três artes conceituais, tendo como local o chalé dos Sullivan, que Lana conseguira convencer Emily a fazer a mão, na noite anterior. Os desenhos estavam maravilhosos. Embora Emily ficasse murmurando que não passavam de rascunhos, Lana os considerava obras de arte e tinha o pressentimento de que Amanda também acharia isso.

— Elas estão aqui. — anunciou Emily, entrando na sala pela porta oposta à que as clientes chegariam. — Acabei de vê-las estacionar. Você está pronta?

— Nasci pronta. — Lana conferiu o relógio de parede. Duas horas em ponto. Ótimo. Adorava noivas pontuais. Fugir da tradição, às vezes, não era ruim.

Dois minutos depois, Amanda entrou na sala, acompanhada da mãe.

Ellen Sullivan era uma mulher elegante e educada, que tinha uma voz suave e olhos meigos. Como a filha, parecia uma figura saída de algum conto de fadas. Tinha um rosto delicado, em formato de coração, e cabelos negros que contrastavam com sua pele leitosa. O vestido elegante falava sobre dinheiro, os gestos educados denotavam uma criação refinada. Seu suave sotaque do Sul, um pouco gasto pelos anos vivendo em Chicago, fez Lana pensar numa Scarlett O'Hara moderna, mas sem o olhar desdenhoso ou as palavras maliciosas.

— Lana, essa é minha mãe, Ellen Sullivan. Mãe, essa é Lana Evans. — Amanda as apresentou.

Ellen sorriu.

— A famosa Senhorita Evans.

Lana não sabia de onde aquilo tinha vindo. Também não entendia porque Ellen a fitava como se a avaliasse. Ela tinha olhos gentis, mas Lana sabia reconhecer uma análise, mesmo quando feita discretamente.

— Fico feliz que tenha ouvido falar de mim. Adoro meu trabalho, então, é ótimo saber que ele é reconhecido.

— Oh. — O sorriso de Ellen permaneceu suave. — Eu não estava falando do seu trabalho, embora, realmente, ele seja excepcional.

Confusa, Lana a fitou, tentando entender sobre o que ela estava falando. Quando se deu conta, sorriu.

— Ah, Anthony.

— E Malcolm. Você os conheceu no casamento de Serena, não é mesmo? Desde então, aprendemos mais sobre pássaros de origami do que um japonês nativo.

— Ah, meu Deus, eu sinto muito.

— Bem, eu não. — Ellen deu um tapinha delicado no ombro de Lana e piscou para ela. — É muito difícil prender a atenção do meu neto e você conseguiu isso em dez minutos. Vai ter que me contar o segredo qualquer hora dessas.

Lana não sabia muito bem como deveria responder àquilo. Por isso, optou por não dizer nada. Ela observou Sue entrar na sala com um carrinho de bebidas e biscoitos e, feliz com a interrupção, aproveitou para acomodar as clientes e começar o trabalho.

Bastante à vontade com suas ideias e o trabalho em si, Lana conduziu a reunião. Primeiro, apresentou à Amanda as ideias que tivera para a decoração do chalé, mostrando à noiva as artes feitas por Emily (que levaram lágrimas aos olhos de Amanda, fazendo-a exclamar e suspirar vária vezes, enquanto observava os desenhos).

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora