Capítulo Dezoito

16.1K 976 30
                                    

Sete anos atrás

Fazia muito calor naquela noite. Dentro da casa noturna que se inaugurava, as pessoas dançavam na pista, suadas e agitadas por causa das altas temperaturas, mas ninguém se importava com isso. O sistema de refrigeração até tentava dar conta do calor e, para quem ficava parado, ele cumpria a missão. Mas a maioria das pessoas não estava parada. Todo mundo parecia ter algo a fazer, alguém com quem dançar, conversar, alguém para beijar.

A atmosfera da Eclipse tinha sido de diversão desde o seu primeiro dia. Por isso o lugar já era um sucesso, mesmo em sua noite de estreia. A fama que a precedia tinha tudo a ver com o dono do lugar. Embora essa fosse a primeira casa noturna que Malcolm adquiria, antes disso ele administrara outras duas, a duas quadras dali, que eram igualmente badaladas. Ele tinha facilidade para compreender o que fazer e o que não fazer quando o assunto era garantir a diversão noturna dos jovens e solteiros de Chicago. Talvez porque ele mesmo fosse as duas coisas, e também fosse um assíduo frequentador de lugares como a Eclipse, além de que era um amante da vida noturna de Chicago e Nova York.

Por isso, e por seu "dom", resolvera abrir a Eclipse. Ah, e também porque queria provar ao pai que era tão capaz de administrar algo quanto ele.

Naquela noite, Malcolm andou de um lado para o outro, cumprimentando convidados e conversando brevemente com convidados e conhecidos. Quando as horas de obrigações acabaram, aproveitou para reunir-se com os amigos e começar a diversão. Não levou muito tempo até sua atenção concentrar-se numa das frequentadoras da Eclipse.

Ela dançava na pista apinhada de gente e, após duas ou três trocas de olhares, Malcolm soube que ela tinha conhecimento de que ele a observava. Não tinha reparado nela antes, agora que o fazia, percebia que ela estivera na maioria dos lugares pelos quais ele passara ao longo da noite. Seu olhar já havia se cruzado ao dela naquela noite.

Ela era uma mulher bonita, obviamente. Era jovem e tinha olhos sedutores, um sorriso lascivo, uma atitude confiante. O corpo era perfeito - pernas longas, expostas pelo vestido curto, alongadas pelos salto alto, seios fartos, revelados generosamente pela fenda no vestido. Ela era bonita, sexy, gostosa e, porque aos vinte e dois anos ele estava mais interessado em curvas do que em conteúdo, Malcolm se sentiu imediatamente interessado por aquela mulher.

Ele ergueu seu copo na direção dela. Ela devolveu o gesto com um sorriso sedutor e continuou dançando - exibindo-se agora, mostrando-se, apresentando-se para a avaliação dele, Malcolm não tinha dúvidas. Ele gostava do que via e mil fantasias já passavam por sua cabeça.

A mulher continuou dançando quando ele abriu caminho entre as pessoas na pista. Malcolm se aproximou e, sem cerimônias, colocou as mãos na cintura dela. Ela não protestou. Simplesmente inclinou a cabeça para o lado, rindo, e colocou as mãos nos ombros dele. Ele sussurrou algo no ouvido dela. Ela riu novamente e afastou-se de modo a encontrar o olhar dele.

Os olhos dela, azuis e tão lascivos quanto o corpo cheio de curvas, brilharam de malícia.

- Eu vou adorar conhecê-lo melhor, querido. - Ela ronronou ao pé do ouvido dele.

- Então, vamos para um lugar mais tranquilo. - Malcolm a puxou para fora da pista, hormônios, álcool e falta de experiência guiando-o.

Ele atravessou a boate com pressa, com a estonteante ruiva em seu encalço e em sua mente, e xingou quando esbarrou em alguém que atravessou seu caminho.

- Merda, você não olha por onde anda? - reclamou ele, percebendo que esbarrara numa garota, que no momento murmurava um xingamento.

O esbarrão a fizera derramar bebida no vestido.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora