Capítulo Dezenove

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Lana voltou para casa e ficou surpresa quando Bess lhe disse que Malcolm tinha passado a tarde inteira no escritório da mansão, resolvendo pendências do trabalho de casa mesmo.

- Aconteceu alguma coisa com Anthony? - quis saber ela, dirigindo a pergunta à governanta. Imaginava que Malcolm teria lhe telefonado se algo acontecesse ao filho, mas sempre havia a possibilidade de ele não ter tido tempo de fazer isso.

- Não, senhorita. Estão todos bem. O senhor Sullivan só quis ficar em casa hoje. - disse a governanta e, pedindo licença, retirou-se para preparar o jantar.

Curiosa, Lana largou a bolsa no sofá e foi atrás de Malcolm.

Ela o encontrou no escritório, como Bess indicara, em meio a uma ligação. Sem querer atrapalhá-lo, ela entrou silenciosamente na sala e fechou a porta com cuidado. Só pretendia avisar que tinha chegado e que estaria no quarto, caso ele quisesse falar com ela.

Malcolm observava o jardim através das amplas janelas, de costas para a porta, o braço apoiado na parede, enquanto ouvia a pessoa do outro lado da linha.

Ao contornar a sala para observar o rosto dele, Lana percebeu que havia impaciência, raiva e frustração ali. Ela considerou a hipótese de dar meia volta e deixá-lo em paz - pelas feições de Malcolm, o assunto da ligação devia ser desagradável e sério -, mas Lana interrompeu a si mesma quando, sentindo a presença de alguém na sala, Malcolm se virou e a fitou.

Quando os olhos dele encontraram os seus, toda a intenção de Lana de deixar a sala esvaneceu. Aquele olhar dele. Sério e perigoso. Furioso nas beiradas... e sedutor como o inferno. Ela sentiu o calor invadi-la. Havia apelo no perigo, ela descobriu. Um apelo profundo e obscuro, tão intoxicante quanto suavidade e gentileza que, sabia, ele também era capaz de demonstrar. Uma doce e prazerosa sensação de adrenalina, de expectativa, percorreu-a. Ele a fitava como se desejasse devorá-la, os olhos verdes escurecidos, ameaçadores e hipnotizantes.

- Sim, está bem. - Ela o ouviu dizer, o tom de voz baixo e tão perigoso quanto os olhos dele. O corpo de Lana reagiu estremecendo. - O que ele disse a você?

Malcolm manteve os olhos nela, embora ainda estivesse ao celular. Como um leão estudando sua presa, pensou Lana, na falta de uma metáfora menos clichê. Mas o fato era que ela se sentia exatamente como uma presa. E uma que não queria fugir.

- Sim. - Malcolm continuava na ligação. - Certifique-se de que ele fale. Logo. Não, não quero mais perder tempo. - disse, o tom ríspido. Ele ouviu mais um pouco e fez uma careta, os olhos verdes endurecendo ainda mais. - Faça o que for preciso. Quero resultados. Avise-me se houver qualquer novidade. - ordenou e, sem mais, encerrou a ligação, os olhos, perigosos, sedutores e concentrados em Lana.

Ela o conhecia bem o suficiente para saber que a fúria que via ali não era direcionada a ela, mas ao que quer que fosse o problema que ele estivera tratando ao telefone. Conhecia-o o suficiente para saber que aquela fúria, com ela, seria transformada em calor, excitação, paixão. Era como as coisas funcionavam entre eles. E era algo do qual ela não se cansava.

Ainda com os olhos em Lana, Malcolm largou o celular na mesa e atravessou a sala na direção dela, aproximando-se dela.

Antes que Lana pudesse falar, ele envolveu seu rosto com as mãos e colou os lábios aos dela num beijo urgente, furioso e possessivo. Como um reflexo de sua expressão. Como o desejo que tornava o ar naquela sala espesso e envolvente. Sem cerimônias, ele a puxou para si, brindando-a com o beijo de cumprimento mais excitante que ela já tivera na vida.

Feroz e implacável, a língua dele exigiu passagem, invadiando-a, provando-a como um homem sedento há muito tempo. Provocando-a como um homem consumido por um desejo primitivo, quase irracional. Exigente, as mãos dele deixaram o rosto de Lana e vagaram pelo corpo dela, com pressa, sem sutileza ou suavidade, marcando-a e, ao mesmo tempo, deixando-a trêmula.

Sombras no SolOnde histórias criam vida. Descubra agora