A semana acabou e uma nova chegou com abençoada rapidez. Embora, para Lana, os dias ultimamente tivessem sido todos cansativos, eles também haviam sido produtivos.
O chá de panela do sábado tinha trazido um milhão de pequenos problemas, incluindo uma mãe da noiva bêbada, que discutiu com a segunda mulher do ex-marido, e acabou caindo na piscina com a rival. Apesar de que ambas saíram disso molhadas, felizmente, Lana havia conseguido separá-las e, ainda, convencê-las de que aquela situação não devia girar em torno delas, mas, sim, da filha e enteada que, claramente, amava e queria que ambas compartilhassem aquele momento especial com ela.
A mãe (meio sóbria e ensopada depois do mergulho) e a madrasta (também ensopada, descabelada e com a maquiagem borrada) tinham ficado com remorso e olhos marejados. Elas concordaram com uma trégua, que envolvia ambas em lados opostos na igreja e na festa, e agora tudo estava resolvido para o dia do casamento.
É claro que, mesmo sob o juramento das duas, Lana ficaria de olho em ambas. Sua missão era, sobretudo, se certificar de que a noiva tivesse um dia de casamento perfeito. Se, para garantir isso, tivesse que apontar uma arma na direção das encrenqueiras, ela o faria sem pestanejar.
Levava seu trabalho a sério.
Mas, como a vida não é feita só de problemas, junto com eles, também vieram mais flores.
Todas as manhãs, desde a quinta-feira, quando chegava ao escritório, Lana encontrava um arranjo diferente sobre sua mesa. Tinha recebido mais rosas e tulipas, seguidas de frésias, prímulas, camélias e peônias. Todas vindas do mesmo remetente.
Malcolm.
Imaginava que isso fazia parte do que ele queria dizer com conquistar do modo tradicional. E, por Deus, estava descobrindo que funcionava.
Mas Malcolm não era o único Sullivan em sua vida. Continuava conversando todos os dias com Anthony por telefone. Agora que ela e Malcolm não estavam mais irritados um com o outro, quem colocava o menino na linha era o próprio pai. Isso estava se tornando uma rotina. Uma rotina dos três, pensou Lana e acariciou as pétalas de uma bela camélia branca. Muito semelhante às conversas durante o jantar, pensou ela, distraída. Eles até conversavam um pouco antes da refeição.
Na sexta-feira, quando Lana chegou ao escritório, ao invés do costumeiro arranjo de flores, encontrou, sobre sua mesa, uma única rosa vermelha e um belo envelope cor de creme. Curiosa, ela pegou o envelope e avaliou-o. Só havia seu nome, escrito na mesma letra elegante dos outros cartões que recebera até agora. Sabia que era a letra de Malcolm.
Lana abriu o envelope e encontrou um elegante convite timbrado, que a convidava para o leilão beneficente de Ellen Sullivan. Anexado ao convite, havia um bilhete.
Não é um encontro, porque minha família estará lá.
Ainda assim, eu adoraria tê-la como minha acompanhante.
É por uma boa causa.
M.
Uma boa causa, pensou Lana. Para quem?
Ela sorriu.
Todos os envolvidos, supôs. Sem pensar muito, resolveu ligar para Malcolm e dizer que, sim, seria sua acompanhante. Afinal, fazia uma semana desde que tinham se visto pela última vez, quando ele lhe dera uma carona para casa. Tinha pedido tempo e apreciara o espaço que ele estava lhe dando, mas ficava difícil ser racional quando o que queria era mais forte.
Estava sacando o celular quando Tereza a chamou em sua sala. Lana adiou a ligação e foi falar com a chefe, dizendo a si mesma que falaria com Malcolm quando terminasse sua conversa com Tereza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombras no Sol
RomanceDuas realidades diferentes têm como pano de fundo o nascimento de um grande amor... Lana Evans tinha tudo para não acreditar naquele tal de felizes para sempre, dona de uma personalidade invejável, esconde um passado de rebeldia, devassidão e um se...