XXI

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A brisa suave do dia batia no rosto de Arthur enquanto ele andava pelo jardim na frente da casa de Dinny.
Ele não sabia em que ponto havia perdido o controle. Não sabia por que havia ficado com medo quando viu Sophie entrar pela porta com aquela roupa. Ele sabia o que aquilo significava. Dinny estava tentando transformar ela em uma deles. Ele queria treina-la. Em parte Arthur entendia, o feiticeiro, apesar de não demonstrar, estava desesperado, cansado de viver naquilo, e tentando salvar o mundo cheio de maravilhas que um dia conheceu.
Mas Arthur não podia deixar Sophie se machucar, ele não podia perde-la.
De certa forma, ela havia se transformado em tudo o que ele tinha. Desde de o dia em que fora embora, que abdicara da própria vida para proteger a dela.
Inicialmente ele fez aquilo por que era a única maneira de fugir do pai, para atender ao último pedido da mãe e evitar que houvesse qualquer outra rainha no mundo dos sonhos enquanto Aurum fosse rei.
Mas depois, ele começou a gostar de Sophie. As vezes, sem Julian saber, ele a observava na biblioteca, lendo livros, viajando em outro mundo como se nada a sua volta existisse. E quando seu pai mandava alguém para procurar pistas de Sophie, ele só imaginava a doce garotinha da biblioteca sendo levada para um mundo de escuridão, e isso bastava para o motivar a protege-la com sua vida. Havia matado vários vampiros e até sereias enviadas para perseguir Sophie.
Certa vez, enquanto os Salvatore passeavam em sua casa de campo, Sophie saiu para ir ao lago. Arthur sempre ficava por perto, mesmo depois de voltar das viagens com Julian. Dessa vez, havia os acompanhado de longe até lá, e claro, observava Sophie andando em volta do lago. Ela tinha um ar sonhador, seu olhar estava distante, observando tudo ao redor. Então, uma mulher se aproximou dela. Arthur soube na hora que não era humana. Era extremamente bonita e encantadora. Estava vestida em um longo vestido de seda vermelho, o que não mostrava suas pernas ou pés. E não precisava, já que ela não tinha. Provavelmente havia sido um feitiço que a fez andar sobre a terra, era muito comum nas sereias isso.
Ela se aproximou de Sophie e a garota sorriu. Elas conversaram por um tempo e Arthur estava ficando apreensivo. Não podia ficar ali sem fazer nada, mas também não podia ir até la e mata-la na frente de Sophie.
Ele então decidiu arriscar. Pegou uma adaga de seu terno e estava prestes a jogar na sereia, quando ela o viu.
A sereia arregalou os olhos e fugiu. Arthur quase teve certeza de que Sophie o viu saindo dali no meio das árvores, mas provavelmente ela achou que não era nada.
Logo depois ele encontrou a sereia, perto da casa, entrando em um portal. Ele a matou e o portal desapareceu. Arthur sabia que seu pai estava ficando cada vez mais perto de Sophie.
Ele contou para Julian e eles voltaram para a mansão, Julian foi a mais uma viagem com Arthur para despistar o rei.
Isso havia sido um ano atras.
Arthur sentou embaixo de uma árvore de folhas azuis e observou o céu.
Talvez Sophie devesse enfrentar isso. E talvez Dinny tivesse razão, ele não podia deixar ela fazer isso sozinha.
-Alguma coisa errada, príncipe perdido?-uma voz atrás de si falou.
Arthur congelou no lugar. Conhecia aquela voz, mas estava diferente, muito diferente. Mais fria, sem sentimentos, cruel. Mais madura, e poderosa.
Ele levantou em um pulo e puxou uma espada do cinto, virando-se para encarar as duas figuras atrás de si.
Os olhos eram os mesmos. Olhos negros como a noite, nunca mudaram desde o dia em que nasceram. O tempo no mundo dos sonhos é diferente do humano, por isso cresceram rapidamente. Ambos tinham o mesmo tamanho, quase o tamanho de Arthur, poucos centímetros mais baixos. Um tinha cabelos ondulados cor de areia curtos perfeitamente penteados para o lado. O outro cabelos negros lisos também perfeitamente penteados, havia sido o único a herdar da mãe os cabelos negros .Ambos tinham pele pálida como a neve e um sorriso maníaco no rosto. Estavam vestidos ironicamente, o de cabelos negros de branco e o outro de preto.
-Olá irmãozinho, bem vindo de volta a casa.-Disseram os gêmeos em uníssono.

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