XXVII

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Paredes brancas enfeitadas com pedras preciosas, lustres no teto alto, diamantes, prata, ouro, uma mesa grande feita de um metal claro, janelas cobertas com cortinas de veludo vermelho. Sophie se sentia tonta no meio de tudo aquilo, enjoada.
O banquete trazia diversos tipos de comida, incluindo bebidas e certos pratos do mundo dos sonhos.
O rei sentava-se na ponta de mesa, em uma cadeira alta e maior que as outras, com um ar autoritário e frio. A sua esquerda sentava-se os gêmeos. Todos encaravam a garota que acabara de entrar.
–Sente-se a minha direita minha futura rainha.-Ele apontou para uma cadeira levemente mais alta que as outras, porém menor que a sua, que estava a sua direita.
Sophie se direcionou até ela.
O rei sorriu. Ela estremeceu, mesmo um gesto que deveria ser bom, parecia ruim e doentio vindo dele. Tudo no castelo cheirava a tristeza, os guardas não possuíam expressão alguma, os criados pareciam ter uma mesma expressão, desolada, inanimada e morta.
–Sophie, minha querida, futura rainha do mundo dos sonhos, e minha esposa. É um prazer te-la conosco essa noite aqui. Não sabe o quanto esperei por isso.
Sophie permaneceu encarando o prato ainda vazio sobre a mesa.
–Olhe para mim.-a voz dele soou severa, e como se alguém tivesse puxado sua cabeça para cima ela a ergueu.
Os olhos negros dele a penetraram e ela sentiu-se atordoada.
–Muito bem.-ele sussurrou.
Um dos gêmeos pigarreou, fazendo o rei revirar os olhos e olhar para ele.
–Bom, vossa majestade, espero que não esqueça de nos apresentar a futura rainha.-Sophie olhou para o garoto que falara. Lindolf, o gêmeo de cabelos loiros. Notou então sua expressão de desprezo direcionada a ela.
–Claro que não.–disse o rei frio.–Sophie, esses são Lindolf e Lucian, dos quais você deve se lembrar.
Ela desviou os olhos de Lindolf para Lucian, que a encarava de um modo estranho, enquanto o irmão a olhava com desprezo, ele a olhava com curiosidade, e algo mais que ela não identificou. Ele sorriu brevemente, então olhou para o prato.
–Bom, apresentações a parte, Sophie ainda não provou de nossa culinária papai.
O rei o fitou por um segundo, o suficiente para que Sophie notasse que o garoto havia dito algo errado.
–Que sirvam o primeiro prato, antes que esfrie.-Aurum sorriu friamente.
Sophie encarou o rei, duvidando que houvesse algo naquele lugar que não fosse frio.
...
Dinny caiu de joelhos no chão.
–Levante amigo.
Arthur colocou uma mão na costa do feiticeiro.
Estavam quase saindo do labirinto, exaustos, era noite e o lugar estava pior que nunca. Dinny mal podia acreditar que estava prestes a sair do lugar em que esteve aprisionado por todos aqueles anos.
Ele levantou.
–Acho que ouvi algo vindo daquele lado.-disse apontando para um corredor a esquerda.
Mal Arthur se moveu para olhar e um pesadelo surgiu do escuro, Ele ergueu o cajado e o acertou na cabeça, mas a criatura se ergueu novamente, e antes que o príncipe pudesse fazer algo outras duas criaturas surgiram por trás, uma besta, e um lobo gigante com chifres e um olhar terrível. Dinny ergueu as mãos e fez um gesto, disse algo e um escudo se formou em torno dos dois.
–A saída é por ali, o que faremos?-perguntou ele arfando.
–Dinny, pare.-disse Arthur tirando uma espada de dentro do terno. –Pegue isso. Você só esgotara sua energia usando magia.
Dinny o encarou por um momento, as criaturas pulavam e empurravam o escudo, e para piorar a situação, mais dois pesadelos e algumas bestas surgiram.
O feiticeiro pegou a espada e respiro fundo.
–Vamos la.
O escudo se desfez sobre os dois e ambos correram em direção ao corredor erguendo suas armas.
Uma besta logo pulou sobre Dinny, que a golpeou com a espada e cortou sua cabeça, enquanto Arthur jogava a lamina do cajado sobre outra. Um pesadelo jogou Arthur no chão e o lobo pulou sobre ele, o garoto foi rápido e desviou-se de uma mordida, jogou o pesadelo de cima de si sobre o lobo, ergueu o cajado e afincou sobre o coração do lobo, virando em seguida para golpear uma besta que pulou em sua direção. Dinny desferiu um golpe sobre um pesadelo e matou o outro em seguida.
Os dois lutavam juntos como se ja tivessem feito isso diversas vezes antes.
Finalmente Dinny matou a ultima besta.
Arthur apoiou-se sobre seu cajado.
–Vamos. Isso foi só o começo. Mas estamos quase la Dinny, estamos quase no fim.
...
Aurum cruzou os braços e abriu um leve sorriso.
A imagem de seu filho mais velho enfrentando as criaturas no labirinto o divertiu por um momento, ele apostava com si próprio a hora que o garoto finalmente morreria, ou o feiticeiro. Como isso não aconteceu, o rei resolveu dar uma ajuda.
–Bom garoto. Pena que apesar de correr, nunca vai alcançar seu objetivo.
Alguém bateu a porta.
–Entre.-ele disse.
Grimm abriu a porta da sala do espelho d'agua e entrou. Era seu guerreiro mais valente, mais poderoso e mais fiel. E também um assassino e um mercenário.
–Vossa majestade mandou me chamar?
–Sim, Grimm. -o rei virou-se para ele.
Grimm era um homem alto, filho de um vampiro e uma fada, forte, musculoso e de cara fechada.
–O que deseja, Vossa majestade?
–Desejo que traga meu filho até mim. Pode brincar com ele se quiser, só não mate-o.
Grimm sorriu.
–Sim, senhor. Há prazo?
O rei inclinou a cabeça para o lado.
–Sim. Você tem dois dias para trazer ele até mim. Se falhar...
–Não falharei, Vossa Majestade.
–Muito bem.-ele virou e encarou a imagem do filho no labirinto e riu. –Logo, logo, reuniremos toda a família. Não é mesmo Arthur?

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⏰ Última atualização: Feb 22, 2016 ⏰

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