XXII

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Varios pensamentos ocorreram a Arthur naquele momento. Ele queria pular nos irmãos e bater neles até implorarem o seu perdão, queria gritar com eles por que sabia que eles haviam ajudado o rei a encontrar Sophie, queria pegar uma adaga e cortar aqueles sorrisos sarcásticos da boca de ambos... Mas então percebeu que era isso o que eles faziam. Ele não era assim. O ódio que sentia por eles era natural, ele sabia que qualquer um sentiria isso perto deles, ja que emanavam crueldade.
-O que vocês querem?-Arthur tentou usar um tom neutro, mas uma ponta de raiva saiu na voz.
-Ora abaixe isso irmão, sejamos cordiais um com o outro.-Disse Lindolf, mexendo nos cabelos cor de areia.
Arthur percebeu então que ainda tinha a espada apontada para os dois. Ele hesitou por um momento. Então abaixou.
-Ótima escolha.-Disse Lucian sorrindo.
Arthur suspirou. Ele iria perguntar novamente o que eles queriam, mas ja sabia a resposta.
-Eu posso ter abaixado minha espada, mas se não forem embora agora, não vou hesitar em levanta-la novamente e dessa vez, para despentear esses cabelos estúpidos de vocês.- disse.
Lucian e Lindolf riram.
-Ora Arthur, desde quando ficou tão engraçado?-Perguntou Lindolf.
-Não sabe que irmãos não devem brigar?-Lucian disse rodeando Arthur e o analisando. -Não é assim que funciona no mundo dos humanos?
Eles chegaram mais perto, tão perto que Arthur podia sentir o cheiro de menta que emanava deles, e o frio, a maldade... Ele ficou tenso.
-Você tem uma coisa que pertence ao nosso pai.-sussurrou Lindolf.
-Deveríamos te tratar como um traidor...príncipe primogênito.-Lucian sussurrou as ultimas palavras com todo o veneno possível, e Arthur estremeceu.
-Ao invés disso, estamos te dando uma chance de se redimir...
-De-nos ela.-Lucian terminou.
Os gêmeos estavam um de cada lado de Arthur, enquanto o mesmo encarava o chão, sentindo tanto ódio que mal conseguia se controlar, mas ao mesmo tempo medo. Aqueles não eram os menininhos malvados que ele havia deixado para trás anos antes. Eram homens cruéis e extremamente maníacos, quase piores que o rei.
Finalmente ele levantou a cabeça e conseguiu dizer.
-Não.
Lindolf riu.
-Veja só Lucian, parece que alguém aqui está apaixonado.
Lucian colocou a mão em seu terno branco, retirou uma adaga de ouro, e a analisou.
-Essa arma tem mais sangue que suas veias irmãozinho... Mas nem um deles é sangue real...-ele olhou para Arthur e sorriu.-Acho que vou acabar com isso agora.-Seu tom era de falsa tristeza.
Arthur o encarou. Não daria Sophie a ele. Jamais. E sabia que não haveria mais diálogo a partir daí. Ele sabia que os gêmeos não iriam embora apenas se ele pedisse. 
Não havia mais nada a fazer, se não expulsa-los.
-Eu não queria ser mal educado, mas vocês me obrigaram a isso.-Arthur disse e logo em seguida ergueu a espada para Lindolf, que estava mais próximo e atacou. Lindolf não esperava por isso mas logo saiu de seu estado de surpresa para diversão. Ele desviou do golpe de Arthur e de alguma forma retirou uma espada de dentro do terno preto, e rindo como se aquilo fosse uma brincadeira, desferiu um golpe em Arthur. Ele desviou, mas logo Lucian estava no meio, e conseguiu corta-lo no braço esquerdo. Arthur virou-se para o outro irmão e correu em sua direção, com movimentos extremamente rápidos e ferozes ele errou com a espada, mas conseguiu acerta-lo um soco.
Lucian sorriu.
-Mesmo em desvantagem você é bom nisso irmãozinho.-disse e chutou Arthur no estômago, que cambaleou para trás.
Lindolf aproveitou e desferiu um corte em seu braço direito.
Mas Arthur logo se recuperou, e retirou outra espada do terno.
Então, se abaixou na mesma hora em que os gêmeos correram em sua direção, tão rápido quanto o vento cravou as duas espadas neles, uma em cada irmão, e o sangue real correu e chorou, banhando as espadas de Arthur. Ele acreditou ter matado ambos, e ficou perplexo por um momento. Cada par de olhos negros o encarava assustado e surpreso. E, ah se ele houvesse de fato acabado com  o mal pela raiz ali mesmo. Mas a raiz era forte e era o próprio mau.
Arthur observou perplexo enquanto os irmãos retiravam as espadas que estavam atravessadas em si como se não fosse nada de mais, e jogavam elas no chão.
Ambos estavam sérios agora.
-Acho que o subestimei irmão.-Disse Lindolf.
O sangue manchava seu terno e havia um corte horrível aberto em sua barriga, mas ele agia como se não houvesse nada ali. Lucian era um espelho do irmão. Eles apenas balançaram a cabeça repreendendo Arthur.
-Nos vemos por aí, irmãozinho.-Disseram os dois em uma só voz novamente. E saíram andando em direção ao labirinto, onde desapareceram.
Arthur ficou um bom tempo encarando o lugar onde eles haviam desaparecido. Eles realmente não eram nada do que ele ja havia visto. Eram a imagem do pai. Toda a esperança que ele tinha de salvar os irmãos fora embora.
Arthur ficou tanto tempo parado e distraído que nem notou que não estava mais sozinho.
-Oh meu Deus, o que aconteceu com seu braço?!
Ele virou-se e se deparou com Sophie.
Ele não soube responder, ainda estava em um estado de choque.
-Eu...-ela começou-vim atrás de você, estava preocupada...
-Não tem que se preocupara comigo.-Ele disse, mais frio do que queria. Não estava com raiva de Sophie, mas não queria explicar para ela naquele momento.
-Arthur você esta machucado.-ela foi em direção a ele séria, e então franziu o cenho encarando o corte no braço direito de Arthur.-"L"? O que é isso? O que aconteceu?
Ele olhou para o corte no braço direito e estremeceu, não era um corte aleatório, era um L maiúsculo e curvilíneo. Lindolf.
-Vamos entrar, la eu explico.-ele disse com a voz embargada.
Sophie negou.
-Arthur...-Sua voz estava distante-Arthur olhe para mim...
Mas era tarde, tudo estava girando e então, ele experimentou a escuridão novamente.

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