O labirinto dos sonhos

XI

Andando por aqueles corredores sombrios, Sophie pode ver os primeiros raios de luz nascerem engolindo a escuridão. O céu verde estava limpo e claro, sorrindo lindamente para os dois prisioneiros do labirinto. Mas não havia sol.
Arthur aparentava estar cansado. Sophie não o culpava. Ele lutara com duas criaturas estranhas, em um dia, e matara as duas. Isso foi só o primeiro dia, ela imaginava o que aconteceria em sete meses. Como a pessoa que esteve no labirinto da ultima vez não enlouqueceu?
Eles dobraram em mais um corredor, estreito e iluminado pela luz diurna.
-Arthur. Você precisa descansar.
Arthur assentiu devagar.
-Não se preocupe comigo.
-Eu me preocupo- disse ela.
Ele parou e a olhou. Sophie pensou que talvez ele fosse pular nela novamente, ou ele poderia abraça-la e dizer que estava tudo bem. Era tão imprevisível.
O garoto limitou-se a sorrir.
-Estamos chegando.-disse ele ao voltar a andar.
Sophie sorriu surpresa.
-Ao fim do labirinto?!
Arthur sorriu triste.
-Não, ainda não.
A garota ficou confusa.
-Então aonde estamos chegando?
Arthur , que estava no final do labirinto, a frente de Sophie, parou.
Ela só podia ver muros a sua frente, com dois caminhos, a direita e a esquerda, como todos. Mas quando chegou ao lado de Arthur, o pegou sorrindo para o corredor a esquerda.
Era como o corredor que levava ao jardim que eles encontraram. Curto e mais iluminado.
Eles avançaram pelo corredor e ao final, Sophie pode ver que estava de frente para uma casa de campo, pequena, mas cercada das árvores com folhas azuis e roxas, alem de gramas bem cuidadas. A janela estava aberta, mas ela não podia ver o interior da casa.
Parecia solitária. Mas não de uma solidão triste, uma solidão silenciosa e sorridente. E mesmo sem perguntar nada, a garota soube que a casa tinha só um coração.
Arthur encarava a casa com uma expressão impenetrável e distante.
-Vamos,Sophie.-disse ele ,depois de um tempo.- Vou lhe apresentar a um velho amigo.
Sophie sorriu. Sem dizer uma palavra, o seguiu até a porta da casa do velho amigo de Arthur, sentindo-se cada vez mais perto da verdade.