II

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Sophie andou pelos corredores escuros da mansão Salvatore,ouvindo os raios e trovões que gritavam do lado de fora. Duas vezes ela entrou em um corredor errado que a levou para uma sala no segundo andar e para o quarto de seus pais. Ela quase nunca havia saído da mansão,as poucas ocasiões que isso acontecia eram para ir à casa de suas tias. O que no caso não aconteceria mais. E mesmo tendo um mapa da mansão em sua cabeça,ela mal conseguia andar por aqueles corredores escuros,em parte pelo nervosismo e em parte por que estavam realmente escuros.
-Ah,por aqui senhorita.-disse Joane  ,que não falava nada desde que haviam saído da sala de estar,e Sophie desviou de mais um caminho errado, e finalmente encontrou uma escada que levava direto ao seu quarto no último andar.
Ela subiu e andou mais um pouco até chegar a uma porta antiga de madeira recoberta com carvalho na qual havia uma inscrição "S.C.S." Sophie Catherine Salvatore.
Sophie entrou em seu quarto e se jogou em sua cama,ignorando os raios gritantes,que eram mais visíveis de sua janela que ia do chão ao teto,e lembrando apenas de sua raiva.
Joane fechou a porta e ficou quieta em um canto.
-Me desculpe senhorita.-disse depois de um tempo-Eu a fiz brigar com sua mãe , não deveria ter tropeçado nos pés da senhora Bellington .
Sophie ergueu os olhos.
-Você não precisa se desculpar.-disse ela sentando na cama.-E tia Helena provavelmente fez isso de propósito. São todas iguais a mamãe. Umas falsas.
-Não diga isso senhorita,ela é sua mãe!-repreendeu Joane.
Sophie levantou e foi até sua estante de livros. Seu quarto não era tão grande quanto o dos pais. Na verdade era o menor da casa. Tinha apenas sua cama em um canto, um guarda-roupa antigo, uma escrivaninha que ficava ao lado de sua cama,e sua estante de livros,que oculpava toda uma parede.
-Justamente!-disse ela passando a mão pelos seus livros intactos na estante, qualquer um que entrasse em seu quarto poderia dizer que ela nunca os abrira. Mas a verdade é que ja lera todos incontáveis vezes.-Ela sempre me tratou como se não fosse,como se eu não passasse de uma responsabilidade que ela teve que assumir.Sempre me humilhando quando pode, e me tratando mal.Apenas com papai por perto ela se contem,mas ele quase nunca está presente.
-Bom,ele precisa manter a empresa de pé senhorita, a senhorita sabe que daqui a um tempo herdará a empresa.-disse Joane sentando na cama.
Sophie passou as mãos pelo exemplar de o morro dos ventos uivantes. Ela lembrou de como Heatcliff se sentia em relação a seu filho. Ele não era como ele, assim como Sophie não era como a mãe.
-Empresa da qual ele nunca me fala a respeito.-disse-Mantém os negócios em segredo. Eu sempre desconfiei que ele queria na verdade um herdeiro .
-Não diga isso senhorita,ele a ama.
Sophie deu de ombros.
-De qualquer forma,ele nunca acredita quando digo o que mamãe faz comigo,como na vez em que me deixou dois dias a pão e água quando ele viajou por eu ter quebrado um vaso de flores. -Sophie sentiu seu coração acelerar novamente com a raiva -Eu só tinha sete anos!
-Que cruel-sussurrou Joane,que não esteve presente na ocasião.
-E no final ,quando contei a papai,ela culpou a minha babá por me deixar no quarto com fome,e a mandou embora,jogando suas malas na rua.-Sophie balançou a cabeça.
-Como ela pode ser minha mãe?!
Joane a olhou triste.
-Não fique assim,senho...
Ela foi interrompida por um raio forte que iluminou o quarto como o sol, seguido por um tremor.
Sophie que ainda estava com as mãos na estante ,derrubou alguns livros no chão e se apoiou na estante.
O quarto ficou escuro novamente mas a janela se abriu fazendo a chuva entrar e molhando as duas garotas presentes.Por um segundo Sophie achou ter visto alguém ,mas não havia ninguém quando ela correu para fechar a janela.
Ela voltou a sentar na cama ao lado de Joane,arfando.
-Minha nossa! Que tempestade! Ainda bem que papai não vem hoje.
Mas ela estava errada.
Joane levantou da cama em um salto,e foi até a janela.
-Hum...eu não teria tanta certeza senhorita.
Sophie foi até o lugar onde Joane estava e seguiu seu olhar.
Da janela do quarto de Sophie,se podia ver toda a frente da casa e até além dos muros. E o que ela via era uma carruagem carregada por dois cavalos que lutavam contra uma tempestade e para chegar aos muros da mansão sem serem atingidos por uma raio. O cocheiro fazia eles seguirem a estrada de terra ,mas com certeza com dificuldade,pois os cavalos pareciam muito assustados.
Sophie esqueceu de qualquer outra coisa e correu de seu quarto para receber o pai, parando apenas no caminho para avisar a um empregado para abrir  o portão .
Ela correu até a sala e esperou o mais pacientemente possível.
Joane a olhava com apreensão.
Quando finalmente a porta se abriu ,Sophie deu cara com duas figuras encapuzadas na porta. Uma delas era um garoto alto cujas feições estavam escondidas sob o capuz ,sendo apenas visível suas roupas que estavam ensopadas ,ele estava segurando um cajado estranho.A outra figura era Leônidas Salvatore. Por um instante Sophie ficou feliz,ele estava de volta são e salvo. Mas então ela viu,seu braço estava sujo de sangue e ele estava mancando,apoiado no garoto.
A tempestade estava começando a parar.
Algo de muito errado estava acontecendo.

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