Os olhos do rei eram mais aterrorizantes pessoalmente, como os olhos de uma cobra venenosa e perigosa. Eram negros, como os dos gêmeos, porém tinha tanta insanidade e loucura que fez Sophie desesperar-se somente ao vê-los. Ela desviou o olhar do dele para outros detalhes, como os cachos que eram parecidos com o de Arthur, porém com a mesma cor dos de Lindolf. Tinha rugas em seu rosto o que não o enquadrava na categoria dos jovens, mas era difícil dizer se tinha mais de 40 ou menos, era difícil dizer sua idade. Abaixo dos olhos tinham olheiras, o que fazia parecer que o rei não dormia a muito tempo, ou estivera chorando todo esse tempo, ou talvez os dois, pensou Sophie. Sua roupa era um elegante terno negro com algumas palavras do mundo dos sonhos prateadas, e uma calça de um tecido diferente, azul escura, também com palavras prateadas. Não estava de gravata, e era visível uma camisa branca como gelo por baixo do terno. A pele do rei era doentemente pálida, como se ele estivesse morto, e no momento em que pisou no quarto, Sophie sentiu como se tivesse morrido, um frio se arrastara e se instalara no quarto, como um inverno infinito.
–Finalmente...-a voz do rei era um sussurro que ressoava por todo o quarto.
Sophie olhou para Lunna que estava em pé ao lado da cama de frente para o rei encarando o chão.
–Sophie...-continuou o rei, e mesmo não olhando diretamente para ele, Sophie pode perceber que se aproximava dela.–Você é tão parecida com ela...tão parecida.
Em meio segundo ele ja estava ao lado de Sophie segurando seu rosto. Ela estremeceu ao toque gelado dele, e sentiu como se sombras a cercassem.
–Olhe para mim...para que eu veja se tem os mesmos olhos!-Ele aproximou o rosto dela com as mãos e a forçou a olhar nos olhos dele.
Ela sentiu o desespero, a desesperança, a dor, solidão e a profundidade negra dos olhos dele de perto.
Ela tentou desviar mas ele a forçava a olhar nos olhos dele, então viu lágrimas cairem do mesmo, e se perguntou como olhos tão negros poderiam derramar lágrimas transparentes.
–Tem. Os mesmos...olhos.-para o alívio ou não de Sophie ele baixou os olhos, e tocou sua boca–Os mesmos lábios.
Sophie empurrou ele com força antes que pudesse beija-la, e virou o rosto tentando se acalmar. Sentia seu coração acelerado de uma forma que duvidava ser possível, ela respirou fundo diversas vezes. Escolhera aquilo. Precisava fazer aquilo.
–Sophie...não seja tola.-disse ele repreendendo-a. Porém, quando ela abriu os olhos, ele estava encarando-a com uma expressão divertida, e um sorriso malicioso.
–Feiticeira-disse ele sem se virar para Lunna–Quero que a trate como uma rainha deve ser tratada. Vejo que vocês criaram um elo de amizade não? Pois bem, você será a criada dela.
Então se aproximou de Sophie novamente, pegou uma de suas mãos e beijou.
–Vejo você no jantar, minha rainha.
E desapareceu. Em um segundo a porta do quarto estava fechada, e toda a sensação de medo e abandono que Sophie sentira antes sumira. Mas não totalmente. Não o suficiente para que evitasse os soluços que vieram depois.
...
Arthur cortou a cabeça da última besta e cravou a espada no chão arfando.
Dinny jogou outra ja morta no chão.
–Você deveria esperar mais um dia. Para se recompor.
O garoto olhou para o feiticeiro como se o outro tivesse ficado louco.
–Um dia nas mãos dele talvez seja pior que um dia no labirinto.
Dinny balançou a cabeça.
–Certo. Então vamos em frente ja que acha que esta forte o suficiente para matar seu pai.
Ele seguiu andando na frente de Arthur, e não viu a expressão abalada do garoto ao ouvir a frase "matar seu pai".
Arthur ponderou por um segundo a idéia de voltar e se recuperar totalmente do veneno implantado em suas veias. Mas não podia perder tempo.
Então pegou um frasco de vidro do terno e deu um gole. Ia ficar bem, tinha que ficar forte o suficiente para salvar Sophie, e o mundo dos sonhos.
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O labirinto dos sonhos
FantasiFilha de um rico empresário, Sophie é uma garota comum de 17 anos, que não tem muitos amigos e mal conhece o mundo além dos portões de sua casa. Porém, isso não dura por muito tempo. Sophie acaba indo para um lugar que nem imaginava existir, e desco...