Capítulo 39

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Kim acordou com o Sol a entrar dentro do seu quarto. Levantou-se com o seu cabelo desalinhado e tentou fazer um leve sorriso.

Não conseguiu.

Deitou-se, de novo, na cama e fixou o teto... após tantos anos e aquele dia ainda a deixava triste.

Olhou para o lado e não viu o seu namorado. Suspirou, deve estar lá em baixo. Kim levantou-se de vez e entrou dentro da casa de banho; iria tomar um banho rápido e depois iria para a cozinha tomar o pequeno-almoço.

Há anos atrás bebia para se consular, mas há 5 anos que não precisava disso. Há 6 anos que conhecia o seu namorado. Há 5 anos que não precisava de beber para não se recordar daquele dia, há 5 anos que namorava com Bill e há 5 anos que ele não a deixava só naquele dia.

26 de Dezembro. Pensou ela, quando olhou para a janela enquanto apertava com mais força a fita do seu roupão de banho.

Suspirou bruscamente e entrou dentro do seu closet. Por momentos olhou para a roupa do seu namorado, os casacos, as t-shirts, os acessórios, os ténis, os saltos. Sorriu ...

Vestiu as suas calças pretas, com uma camisola azul quente e depois calçou os seus ténis. Olhou-se ao espelho e prendeu o seu cabelo, hoje não era mesmo o seu dia. Pegou na sua mala e abriu a porta do seu quarto. Era cedo e já se ouvia as conversas matinais por toda a casa e risos.

Kim queria parecer bem, mesmo que toda a gente soubesse, era difícil aquele dia. A casa estava cheia. Os pais dos gémeos, a família de Diane, a família de Gustav, as irmãs de Jenna, o irmão de Ashley, a namorada de Peter. - Bom dia. - Kim disse, quando todos se viraram para ela. Diane sorriu. - Peço desculpa, mas alguém me pode dizer onde o Bill está?

Todos os presentes trocaram olhares e encolheram os ombros. Kim arqueou a sobrancelha. - Desculpa querida, nós sabemos que ele é muito importante para ti neste dia, mas não sabemos mesmo onde ele está. - Simone disse, Kim sorriu para a mãe do seu namorado e logo depois suspirou.

-Quando o Bill chegar, digam que eu saí. - Kim disse, pegou nas suas chaves de casa. Sorriu minimamente para todos e foi-se embora. O frio entrou em contacto com a sua pele, assim que colocou os pés fora de casa.

Colocou as mãos nos bolsos e foi andando para o café mais perto de casa. Iria ficar lá a ler um pouco e a beber o seu café, descansada. Não vou afogar as mágoas no álcool, isso é passado. Kim disse para si ao entrar dentro do café. Arrepiou-se ao sentir o calor do café. Retirou o casaco e pendurou-o.

-Boa tarde, Kim. - A empregada já a conhecia há 5 anos desde que Kim mudara para a cidade. Sorriu para ela. - É o costume?

-Sim por favor. - Kim foi servida, deu o dinheiro à rapariga e sentou-se num dos bancos a ler e a beber a sua bebida quente. As mãos frias aqueciam ao estabelecer contacto com o recipiente quente.

Perdera a noção do tempo enquanto lia e esquecera-se naquele tempo o porquê de se sentir triste, por momentos.

Sabia que iria sempre sentir falta do pai e a culpa não iria desaparecer no dia seguinte, mas era sempre mais doloroso no próprio dia e custava ainda mais quando se lembrava das palavras da sua mãe. - Estás bem? - Kim assustou-se com a voz do melhor amigo. Peter estava ao seu lado, com um cappuccino quente. Encolheu os ombros. - Fala.

-Sei que é parvo ficar assim durante todos os anos num dia apenas, mas é que não consigo deixar de me lembrar das palavras da minha mãe e do olhar sem vida do meu pai. - Kim disse, fechou os olhos e suspirou. Olhou para Peter com mais calma. - Esqueço-me por vezes, mas outras não. Fico horas a pensar nas palavras dela, quando ele morreu e quando ela morreu.

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