II

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- Flora! Venha cá! Senhor Soteli já chegou. - Gritou mamãe.
Desci as escadas e me sentei a mesa.
- Boa tarde, senhor Soteli - Falei.
- Boa tarde, senhorita Flora. - Falou ele enquanto abria o livro.
Minha mãe nos deixou a sós e disse que ia se banhar.
Senhor Soteli então começou a folhear o livro. Eu não conseguia entender nada com ele explicando pois estava tão concentrada em observá-lo. Ele era lindo. Era bem jovem para um tutor, possuía no máximo vinte e cinco anos. Eu não queria parecer indiscreta. Seus cabelos castanhos claros contrastavam com seu par de olhos azuis. E era alto. Eu não deixara de observar.
- Senhorita Flora. - Falou depois de um breve silêncio. - Qual é a resposta?
- O que? - Não acredito, eu estava tão distraída!
- A senhorita anda tão distraída! - Falou rindo.
- Mil perdões! Estava pensando aqui. - Corei.
- Qual é o atual rei de Portugal? - Voltou a pergunta.
- Dom Miguel I. - Falei.
- Ótimo! Vamos para a página 334... - Falou ele enquanto folheava.
- Senhor Soteli... - Falei corando. - O senhor poderia fazer uma aula diferente... Podíamos fazer uma aula ao ar livre. Acho que preciso de um pouco de ar.
- Seria bom! Ótima ideia. Mas primeiro teríamos que ver com o Senhor Martini e a Senhora Martini. Depois que terminarmos essa aula, falarei. Caso aprovado, já poderíamos fazer a próxima aula lá fora.
- Ótimo! Estou ansiosa para que eles deixem...
- Não crie muitas esperanças, pois o Senhor Martini é muito rigoroso. - Alertou.
- Verdade. - Concordei.
Continuamos a aula. Às vezes eu sentia que Senhor Soteli também tinha atração por mim. Estava ansiando para que papai deixasse fazermos aula livre, estava cansada de estar perto dele e ficar presa em casa.
A aula acabou e nos despedimos. Me debrucei no sofá.
- Mamãe. Poderia mandar ferverem minha água. Preciso me banhar. - Falei.
- Tudo bem, Flora. - Disse mamãe indo em direção a cozinha.
Fui para meu quarto. Retirei o vestido e a anágua, em seguida o espartilho, depois a ceroula. Observei meu corpo no espelho. Eu já ganhara curvas. 18. 18 anos. Logo teria que me ajeitar com meu pretendente. Eu não, meus pais. Fui para o quarto de banho.
A criada chegou com a água, eu estava coberta com uma toalha.
- Obrigada! - Agradeci.
- Não foi nada, senhorita Flora. - Respondeu sorrindo.
Me sentei na banheira e comecei a me lavar. Lavei meu cabelo. Céus! Ele estava tão esquisito, só milagre daria um jeito, as pontas pareciam espigas de milho. Depois de me lavar fiquei pensando na vida, logo vi que a água estava esfriando. Saí da banheira, me enrolei na toalha e fui direto ao meu quarto. Eu estava exausta! Me troquei e deitei. Adormeci.

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