XIV

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Em seguida começou a andar, eu estranhei e fiquei um pouco nervosa, porém fiz o possível para não demonstrar.
Andamos por mais um período, até que ela parou em frente a um lugar muito grande, assim como onde ficava minha casa. Porém, ainda maior.
Ela parou o carro e tirou o cinto da gente. Mostrou como eu abriria a porta. Saímos.
- Venha! - Disse andando.
Eu a segui até entrarmos em um local. Todos usavam branco. A não ser algumas pessoas que estavam sentadas em várias cadeiras uma ao lado da outra na sala.
- Olá! Vim trazer minha amiga para fazer estes exames. - Disse mostrando o papel em que o médico havia escrito no dia anterior.
A mulher que possuía o cabelo escuro e lindos olhos verdes leu o papel e começou a mexer nessas máquinas que eram caixas de luz. Fiquei assustada.
- É um computador, nele a gente digita. Tudo é mais fácil com ele. - Sussurrou Luisa para mim
Ficamos aguardando a mulher "digitar" e ela nos olhou.
- Sentem-se e aguardem que chamem o nome. Obrigada. - Deu um sorriso demonstrando simpatia.
Nos sentamos nas cadeiras e meus olhos corriam pelo local. Vez ou outra perguntava à Luisa qual a finalidade de cada objeto que eu nunca vi. Ou seja, todos.
- Caio me ligou hoje, está preocupado com você... - Falou ela.
- Quem é Caio? - Perguntei assustada.
- Seu peguete, quase-namorado. - Falou.
- O que seriam essas palavras?
- Vocês quase namoram, porém sem o mesmo compromisso.
- Que falta de ética! - Falei abismada.
- Mandei ele ir à sua casa mais tarde. Vou ligar quando chegarmos. - Sorriu. - Mandei que minha vizinha cuidasse do meu gato, vou passar um tempo na sua casa até você se recuperar. Hoje vou lá deixar minha chave com ela e pegar algumas roupas e coisas necessárias.
Permaneci calada sem entender e aguardei um tempo até ouvir meu nome: Flora Fagundes Martini.
Espera! Meu nome nunca possuiu Fagundes. Então permaneci sentada enquanto Luisa estava em pé me encarando confusa.
- Flora, seu nome. Vamos!
- Meu sobrenome não tem Fagundes. Não sou eu. É Flora Olímpio Martini. - Falei com a certeza de que estava certa. Ela estava louca, ou haviam errado.
- Venha, este é seu nome. Pare de teimar. Está na sua certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de motorista. Se continuar teimando logo vai estar na sua certidão de óbito! - Disse me puxando, já estressada.
Não contestei e a segui. Fomos para uma sala totalmente branca com alguns objetos que eu desconhecia. Nela, havia um homem de costas, com uma roupa branca. Logo ele se virou. Céus! Era ele. Ele estava aqui. Ele.
Minhas pernas pararam e fiquei parada. Meu corpo não obedecia aos meus estímulos.
Ele e Luisa me olharam com um olhar assustado.
Por mais que eu sentisse vontade de abraçá-lo, meu corpo não se movia. Até que consegui.
- Senhor Sotelli! - Gritei e corri abraçando-o. - O senhor não sabe por quanto ansiei por este momento. Nós.
Ele não retribuiu o abraço mas me olhou assustado. Tal olhar fez com que eu o soltasse.
Logo percebi. Eu não estava no meu mundo. Ou seja, Augusto não era Augusto. Agora eu havia percebido. Ao invés de piorar e parecer uma louca para eles, devo buscar uma solução.
- Desculpe-me. - Falei envergonhada. - O confundi com uma pessoa. - Sorri.
Ele então olhou para o papel que Luisa havia acabado de entregar. E Luisa me lançou um olhar de desentendida.
- Vamos fazer uma ressonância magnética. E em seguida um exame de sangue.
Ele tinha um semblante sério, porém observava meu rosto diversas vezes.
Me deitaram em uma espécie de cama, não contestei. Eu não poderia parecer insana. Então ela entrou para dentro de uma espécie de buraco. Me assustei, mas fiz o possível para não demonstrar. Aguardei um tempo, e ela saiu automaticamente.
Em seguida me levaram para uma outra sala e me sentei em uma cadeira.
Me colocaram uma espécie de liga e amarraram no meu braço, eu não entendi. Então, ele pegou uma espécie de agulha enorme e aplicou, provocando dor.
Meus olhos arregalaram e vi meu sangue se depositando nela. Comecei a chorar. O pânico tomou conta de mim.
- Acalme-se. - Disse Luisa. - É para o seu bem. - Acariciou meus cabelos.
Me acalmei e logo acabou. Ele então disse que os exames saíam provavelmente dois dias após. Ele então voltou a me encarar e lançou um sorriso. Sorri de volta.
A aparência de Augusto e o jeito sério. Era ele. Ele não devia saber que veio para o futuro.
Nos despedimos e Luisa conversou mais detalhes sobre os exames.

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