IV

35 0 0
                                        

"As distâncias são determinadas por poréns."

- Tudo bem. Não sabia que o senhor se comportaria de tal forma. - Falei aborrecida. - A gente pode anular a aula de hoje.
- O que? - Perguntou assustado. - Acho que a senhorita está confundindo as coisas. Precisamos ler o capítulo oito, estamos atrasados.
- Tudo bem. - Falei ainda aborrecida.
Começamos lendo sobre a monarquia do Brasil e de Portugal. Eu na verdade não estava concentrada. Estava triste.
Senti uma picada no braço. Céus! Uma abelha havia me picado.
- Ai! - Gritei.
- Uma abelha, senhorita Flora. - Falou ele.
- Está ardendo, parece que queimei. - Falei.
- Temos que retirar o ferrão. - Falou enquanto examinava o braço. - Não temos agulha...
- Meu broche. - Falei. - Meu broche pode ajudar.
- Ótima ideia. - Falou tirando meu broche. - Não tem nenhum problema, certo? O fato de eu ter tirado o broche, te tocado...
- Não. - Sorri.
Ele então apertou e tirou um ponto minúsculo.
- Agora está tudo certo. - Falou ele sorrindo.
Nossos olhares se cruzaram e quando fui perceber estávamos nos beijando. Nossos lábios se entrelaçaram como se fosse feitos um para o outro. Parecia que estávamos flutuando. Ele então se afastou.
- Perdoe-me, senhorita Flora. - Disse constrangido. - Eu... Eu não deveria ter feito isso. Seus pais iriam me matar. A aula acabou por hoje.
- Não peça perdão por nada. É errado, eu sei. Mas ninguém sabe. Só nós. Vamos comer as frutas e os pães que eu trouxe. Podemos conversar. De homem para mulher, não de tutor para aluna. - Sorri.
Ele então sorriu e pegou uma maçã. Fiquei aliviada de saber que ele não iria embora agora.
- Então senhor Soteli, nunca perguntei qual realmente é seu nome. Posso saber? - Perguntei curiosa.
- Augusto... Augusto Soteli.
- E a sua idade? Me conte mais sobre o senhor.
- Eu tenho vinte e sete. Me formei bem cedo, mas sempre gostei de dar aulas. Tenho mais três irmãos. Sou muito novo para ser um tutor, eu sei. Me fale sobre a senhorita. - Sorriu.
- Meu nome o senhor já sabe. Não sei o que falar de mim. Ah! Eu gosto da cor azul. E tenho atração por um certo tutor. - Pisquei.
Ele ficou sem jeito e riu. Começamos então a rir um da cara do outro.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora