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- Mamãe! - Gritei. - João pegou meu diário.
Mamãe subiu as escadas.
- João! Já disse para não mexer nas coisas de sua irmã. - Falou minha mãe já enfurecida.
João e eu ainda estávamos em uma briga, eu puxava o diário de cá e ele puxava o diário de lá.
- Solte! Vai rasgá-lo. - Falei rangendo os dentes.
- Não! Solte você. - Dizia ele.
- Já chega! - Mamãe gritou. - Solte João, ou os dois ficarão de castigo.
João soltou, me fazendo cair sentada.
- Céus! - Bufei, enquanto me levantava.
Nenhum dos dois podia desconfiar que eu nutria uma paixão por meu tutor. Eu estaria morta. E sem suas aulas, claro.
- Obrigada, mamãe. - Falei e dei um beijo em sua bochecha.
Fui direto ao meu quarto. Devo manter meu diário escondido, caso o contrário, João pode achá-lo e acabar lendo, e não isso não vai ser nada bom.
Me sentei e fui conferir se estava tudo certo com meu diário. Espere. Está rasgado! Falta uma página.
- João! - Gritei enfurecida indo em direção a onde ele estava. - Está faltando uma página, me devolva, por favor.
- Não peguei página nenhuma! - Falou ele dando um sorriso de lado, constatado que havia pegado.
- Por favor, eu imploro. - Falei já em prantos.
- Eu já li, cara Flora. Vamos ver se este nome te lembra algo. Senhor Soteli...
- Oh! Céus! - Falei com medo. - Eu só tenho sentimento por ele, não é nada demais.
- Seria uma pena se papai...
- Não, por favor, não diga nada a ninguém, eu imploro, meu irmão. - Interrompi, já chorando.
-Fique tranquila. Eu não vou dizer se você... - Me olhou com ar de maldade. - Me dar um relógio de bolso, como aquele que vimos aquele dia na cidade.
- Amado irmão, eu não tenho moedas suficientes para pagar por aquele relógio. - O que era verdade.
- Então... Mamã... - Começou ameaçando.
- Não diga a ninguém, eu vou conseguir o relógio para você. Não sei como, mas vou.
- Então... Consiga o relógio.
Saí pisando fundo. O barulho sobre a tábua ecoava. Faltavam poucos minutos para o meu querido tutor chegar. Eu tinha que estudar. Fui para meu quarto me arrumar para que ele pudesse me ver arrumada. Passei um batom, prendi o coque e ajeitei o vestido para ficar apresentável.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora