Sempre que me sentia sozinha, mamãe se sentava em minha cama e cantava uma canção. Mamãe sempre me dissera que eu era sua filhinha, em qualquer lugar que eu estivesse. Algo me fez pensar, será que notaram minha falta? A essa hora eu estava sentada no sofá, assistindo ao que Luisa me disse ser uma televisão. Havíamos chegado a um bom tempo do local que ela disse ser um hospital. Ela teve que ir à sua residência pegar suas coisas. Ela então deixou a televisão ligada para que eu me distraísse. E devo admitir, era uma coisa muito boa.
Até que ouvi batidas na porta. Seria Luisa? Me levantei e fui atender em passos rápidos que ecoavam sobre o piso.
Destranquei e girei a maçaneta imaginando que fosse Luisa. Mas não, era um homem de cabelos castanhos claros e olhos castanhos. Não pude deixar de notar sua beleza. Era alto.
— Olá, Flora! — Disse já me abraçando.
Pensei em não agir como o que para ele seria uma louca. Deveria ser Caio. Sim, me comportar como uma pessoa normal iria me ajudar a achar meu caminho de volta.
— Hum... Olá! — Abri um sorriso e retribuí o abraço.
Como me comportar como uma pessoa normal do século XXI? Era a coisa mais difícil a se fazer. E eu também deveria ter certeza de que ele era Caio.
— Entre! — Falei.
Ele então entrou e se sentou no sofá.
— Você melhorou? Eu estava muito preocupado. Liguei para Luisa e ela me contou.
— Sim. Estou melhor, obrigada. Ela me disse que o senh... Digo, você, viria. — Sorri. Provavelmente era mesmo Caio.
Me sentei ao seu lado até que ele se virou, aproximou-se de meu rosto, colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha, e uniu seus lábios aos meus. Logo, estávamos nos beijando. Então nos afastamos.
— Fiquei com medo de que você não estivesse bem. — Me abraçou.
Em seguida continuou dizendo algumas palavras, mas eu não prestava atenção. Por que eu havia o beijado? Minha consciência se resumia em culpa.
— Estava pensando... — Deu uma pausa. — O que acha de levarmos nossa relação adiante?
— Não entendi. — Eu realmente não entendi o que ele quis dizer.
— Namorar. — Sorriu. Ele tinha um belo sorriso que ressaltava covinhas em suas bochechas.
Permaneci em silêncio, não queria aborrece-lo.
Ele então me beijou.
O que eu havia feito? Achei o homem que nem conheço atraente e acabei fingindo que não vim do passado para que ele não ficasse assustado. Céus! Meus pais me deserdariam se soubessem o que eu havia acabado de fazer. Beijado um cara que nunca vi.
Luisa precisava aparecer. Apesar de não conhecê-la sentia que ela era minha proteção nesse mundo, no qual eu não estava habituada.
Então ele colocou em um filme. Fiquei olhando para a... Televisão! Era estranho esses objetos. Como era possível inventar tais objetos?
Ele colocou seus braços a minha volta e parecia centrado na televisão. Eu pelo contrário, só pensava em Augusto. Naquele homem idêntico ao meu amado.
— Não posso. — Falei depois.
Então ouvi: "Toc Toc", era ela.
Corri para abrir para que eu me livrasse do constrangimento que era ficar próxima de um homem que nem conhecia.
Destranquei a porta e girei a maçaneta. Luisa estava chega de coisas parecidas com malas. Porém bem mais... Diferentes.
Lançou um sorriso e foi entrando, se deparou com Caio sentado no sofá. Me olhou assustada, porém o cumprimentou, ele fez o mesmo.
Eu mandei que ele me aguardasse e fui atrás dela.
— Ele me pediu em namoro.
— Apesar de ter tido um lapso de memória acho que deve aceitar. Você é apaixonada por ele. - Sorriu.
— Não. Eu não sou.
Fui em direção a sala. Ele estava em pé. Parecia perdido.
— Por que você me diz isso depois de tanto tempo juntos. Eu estava tomando coragem. — Saíam lágrimas de seus olhos.
— Eu não sei explicar. Mas digo que não é recíproco o sentimento.
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Nada além do depois
Fiction HistoriqueQuerido diário, Há tempos que falo sobre minha paixão por Senhor Soteli, sofro pelo fato de que meu amor por ele pode não ser recíproco e mesmo se ele correspondesse, papai não aceitaria. Sempre que me sento na cadeira para que ele dê suas aulas, s...