XIII

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- Largue de bobeira, tenho as mesmas coisas que você! - Riu. - Veste a calcinha.
- Muito pequena, mamãe não gostaria de me ver usando isso!
- Vista-se. Sua mãe não gostaria de não ver você usando.
Me vesti e em seguida ela me ajudou a colocar o que disse ser o pijama. Me senti estranha, porém, não relutei. Minha cabeça doía, eu precisava de uma noite de sono.
Escovei meus dentes com o que seria uma pasta com um gosto maravilhoso. Menta.
Me deitei na cama e Luisa me observou por algum tempo até dizer algo.
- O Felipe. Acho que terei que terminar. - Falou triste. - Sei que você não vai entender. - Lágrimas caíam de seus olhos verdes. - Mas eu precisava falar com você. Porque mesmo não sendo você ainda é você. - Deu um sorriso enquanto secava as lágrimas.
Me levantei e a abracei.
- Felipe me traiu. Eu descobri. - Disse ela desamparada.
- Posso dizer à você, eu não sei quem é você realmente, desconheço esse Felipe, porém acredito que você deve fazer o que você acredita que é certo. Se ele te traiu é porque não quer só a senhorita. Se ele não quer só a senhorita é sinal que quer mais alguém. Ou seja, você não o completa. Posso soar como dura. Mas quando não se complementam é porque vocês não são feitos um para o outro, não se encaixam.
Ela fez silêncio enquanto as lágrimas escorriam.
- Eu vou terminar. Isso. Terminar. - Ainda saíam lágrimas e ela nem se importou em enxugá-las. - Estou cansada de ser sempre a idiota. Ele sempre vacila comigo. - Deu um sorriso triste.
Permaneci em silêncio.
Ela então fungou me abraçou e em seguida saiu do quarto.
Fiquei triste pelo fato de vê-la mal, não gostava de ver as pessoas naquele estado.
Então eu dormi ainda com a esperança de que acordaria em meu lar. Eu ansiava por isso.
Acordei com o barulho de Luisa trocando de roupa. Ela viu que eu tinha acordado e sorriu.
- Bom dia, flor do dia! - Disse com um sorriso que parecia sincero, ela já não estava com aquele olhar triste presente na noite passada.
- Bom dia, senhorita! - Falei com um sorriso, em seguida esfreguei meus olhos.
- Levante-se e vá se arrumar, precisará fazer exames.
Me levantei e abri o armário.
- Cadê a anágua? Os vestidos? - Perguntei confusa.
- Amiga, de que século você é? - Perguntou debochando. - Vou escolher um vestido para você, já que o dia está quente. - Encarou o armário e retirou uma peça que era curta. - Este! - Me entregou.
- Mas é muito indecente. O que irão pensar de mim?
- Coloque, amiga! Estamos atrasadas! - Disse já sem paciência,
Me vesti e ela me entregou um sapato que eu achei também muito estranho.
Saímos do que seria minha casa e vi mais portas em um corredor.
- Tudo isso é minha residência? - Perguntei apontando.
- Não. Isso se chama "apartamento", é um conjunto de casas, há mais pessoas. Cada porta é de uma pessoa.
- Que estranho! - Exclamei.
Continuamos andando até que eu vi de novo várias carruagens sem o cavalo. Todas paradas dessa vez.
- O que és isto? - Apontei.
- Carros, você tem um, aliás. - Disse apertando um botão que estava em sua mãos, em seguida abriu o que seria a porta desses "carros" e entrou. Abriu uma que estava ao lado dela e entrei.
- Esse é o seu carro. Mas já que você não sabe o que é um carro, meio óbvio que eu terei que dirigir. - Falou.
Dentro disso era cheio de objetos. Ela me explicou a função de cada um. E colocou o que seria um "cinto" em mim.

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