V

29 0 0
                                    

"Nada supera a emoção de saber que é recíproco."

- Sabe... Não há nada de errado no que estamos fazendo. Você também é jovem, direito. Não sei porque estamos escondendo tanto. - Falei depois de um longo silêncio, enquanto brincava com uma pedra.
- Seus pais não aprovariam.
- Eu sei. - Confessei.
Ele então tirou seu relógio do bolso e o observou.
- Já é hora, seu pai não pode saber, vou te levar de volta. - Disse pegando minha mão.
- Posso te pedir uma coisa. - Perguntei.
- O que? - Perguntou curioso.
- Me beije.
Então ele chegou perto de mim, acariciou meu rosto, e me beijou. Sim, estávamos nos beijando de forma intensa.
Eu não queria parar, mas tínhamos pouco tempo. Ele então parou o beijo.
- Eu queria ter algo com a senhorita. - Disse. - Mas é algo praticamente impossível. Sempre me senti atraído por você, não nego. Então, não podemos prosseguir. É errado. Não faz parte do jogo. - Disse enquanto olhava nos meus olhos. Nossas mão estavam entrelaçadas.
- Mas o amor é assim. Ele vai contra as regras e eu sinto algo por você. - Falei.
- Mas não podemos, me desculpe. Agora vamos! - Disse ele seguindo o caminho.
Não o contestei, segui calada. Eu havia me declarado para ele e ele de fato ignorou-me.
Fui direto ao meu quarto, não queria dar satisfação a ninguém. Ouvi um "Toc Toc" na porta.
- Irmã! - Disse João já entrando.
- O que você quer dessa vez? O relógio. Pode falar para papai, não tem como eu conseguir a quantidade de moedas que é o valor dele.
- Não. Eu quero te devolver isso aqui. - Disse me entregando um papel dobrado.
Logo abri. Lá estava a página que faltava em meu diário. Que ótimo!
- Você não vai querer nada em troca? - Perguntei quase sem acreditar.
- Não, minha irmã. Eu pensei bem, estava sendo muito infantil. Já possuo treze anos de idade, já não sou mais tão criança. - Sorriu.
- Verdade, já é quase um homem. Logo vai se casar com um moça belíssima. - Falei.
- Tenho o seu perdão? - Perguntou.
- Sim, caro irmão. Você tem meu perdão. - Disse o abraçando.
- Senhor Soteli é um bom homem. Um ótimo tutor, além de tudo. - Disse sorrindo.
- Ele é. - Falei sorrindo. - Só que papai nunca liberaria, já disse que meu pretendente é o Conde Lacerda. Já vi Conde Lacerda algumas vezes em algumas festas, ele pode ser bonito. Mas não tem a magia que sinto por Senhor Soteli.
- Dá para ver pelo brilho dos seus olhos. - Disse impressionado. - Bom... Já vou indo, Flora. Estou com muita fome! Vou pedir para Ana fazer aquele bolo que só ela sabe fazer!
Me despedi de João, ele era um bom irmão.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora