XVIII

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Aquilo servia para se comunicar. Que mundo mais prático!
Ele então olhou em um pedaço de papel que ele disse que havia anotado os números e colocou no que usou parasse comunicar. Colocou na orelha.
Aguardou um pouco. Eu estava ansiosa.
— Alô. — Falou ele demonstrando felicidade por conseguir o que queria e fez um sinal de certo para mim. — Aqui é o doutor Pedro Souza. — Aguardou um pouco. — Não. Não são os exames. — Fez outra pausa. — Você conhece Flora? Eu a encontrei perdida hoje. Ela está bem, eu a trouxe. — Mais pausa. — Me passe seu endereço e vou levá-la. — Pausa. Ele então pegou um papel, uma caneta e escreveu no papel. — Não foi nada. Logo estaremos aí. Tchau. — Aguardou mais um pouco e desligou.
Ele então me olhou animado.
— Uma mulher atendeu, disse ser Luisa. Falou que estava te procurando por todos os cantos. Sua voz soava desesperada. — Disse.
— Eu não a avisei que ia sair. — Falei abaixando a cabeça.
— Não faça isso! Já pensou se eu não a visse? Seria difícil você estar em casa agora. — Me alertou preocupado.
Eu já havia acabado de comer e estava satisfeita.
Ele voltou a me encarar e abriu a boca e fechou várias vezes, como se fosse falar algo. Augusto sempre pensava duas vezes antes de dizer algo.
— Vamos. Ela está preocupada. — Por fim falou.
Assenti.
O segui até mais uma daquelas carruagens sem cavalo. Ah! Carros.
Me sentei e pedi para que ele colocasse o cinto para mim. Aleguei que tinha um problema com cintos.
O carro então começou a se mover. E ele leu atentamente o papel com o endereço.
— Você andou muito, mocinha! — Sorriu. — Vamos ter um bom caminho pela frente. Deve ter pegado muitos atalhos.
— Eu estou exausta. — Confessei.
— Imagino. O que deu em você para andar assim? — Perguntou enquanto estávamos parados esperando que o sinal ficasse verde (Luisa havia falado sobre os sinais no dia de nossa ida ao hospital).
Pensei em uma resposta plausível, não ia lhe dizer a verdade. Ele me acharia louca.
— Problemas. — Falei triste.
Ele voltou a me olhar. Provavelmente me achou louca. Porém, não disse nada e continuou guiando o carro.
Andamos por mais um tempo até ele parar próximo ao prédio em que eu estava. Sorri, emocionada.
Avistei cabelos loiros na entrada do prédio e quando me viu correu para mim.
— Onde você estava? Eu estava desesperada! — Sua cor estava pálida.
Eu a abracei e permaneci calada.
Ela então foi correndo agradecer o Augusto, digo, o homem que havia me ajudado. Ele disse que não foi nada. E se despediu de nós, apesar de Luisa o ter convidado para entrar.
Então entramos no prédio.
— O que deu em você, Flora? — Disse brava. — Você não poderia ter saído sem me constatar, entendeu? Nunca. Mais. Faça. Isso. Não enquanto não estiver em sã consciência! — A sua expressão de calma havia desaparecido.
Apenas abaixei minha cabeça e corri os olhos pela sala. Ela havia de preocupado comigo.
— Eu tirei uma semana de folga para passar com você! Eu estou aqui para cuidar de você, enquanto você não estiver boa o bastante, não deixarei você. Eu nunca deixarei você, amigas são para isso. — Disse diminuindo o tom de voz. Então saíram lágrimas de seus olhos verdes.

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