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— Doutor, eu estou tão preocupada! Não estou entendendo. — Ouvi essa voz próxima a mim e abri meus olhos. A minha visão estava turva.

— Estranho é que não há nada nos exames. — Vi o homem de branco e cabelos ralos.
 
Os dois então me olharam atentamente. Então fiz força para me levantar, porém estava rodeada de coisas em meus braços. Agulhas.
Eu estava em um local com paredes brancas. Um hospital.

— Não realize movimentos bruscos. Fique deitada! — Alertou o homem.

— Você está bem, Flora? — Disse Luisa preocupada.

— O que és isto? — Gritei.

— Soro. Isso é para o seu bem, fique tranquila. — Disse o homem.

Cerrei meus olhos para ler o nome que estava presente na veste do homem. Doutor Paulo Moraes. Era o médico que havia me atendido no meu primeiro dia desse mundo confuso.

— O que nos resta é fazer uma internação em um hospital psiquiátrico. — Falou ele depois de me observar algum tempo.

— Não! — Protestou Luisa. — Me desculpe, mas não autorizo. Estou me responsabilizando pela sua melhora, mas isso eu não admito.

Permaneci calada enquanto o doutor dizia algumas coisas para Luisa. Eu estava fraca a ponto de não conseguir dizer nada.

— Então tudo bem, já que não quer. Mas, caso essa condição em que ela está permaneça, você pode intervir e autorizar a internação. Lembrando, que isso não parte de você, senhorita. Você é apenas amiga dela, segundo você mesma disse.

Luisa estreitou os olhos demonstrando fúria.

— Me desculpe, mas mesmo não havendo nenhum parentesco somos mais unidas do que muitos irmãos! Eu não quero que ela sofra tomando vários remédios que a deixarão dopada! Eu quero o bem, não piorar o estado. — Sua voz soava forte e estava brava com o tal homem.

O doutor arregalou os olhos e se virou a mim. Pensou e pensou.

— Se permanecer bem poderá receber alta amanhã. — Estreitou os olhos em direção à Luisa. — Lembrando que um hospital psiquiátrico tem um controle correto sobre os medicamentos, senhorita Luisa.

Luisa permaneceu em silêncio, não queria mais confusão.

Fiz um sinal com a mão para que Luisa se aproximasse. Ela chegou perto.

— Eu poderia sair hoje? Marquei de jantar com Augu... Digo Pedro... Aquele que realizou os procedimentos aquele dia. O que me levou de volta. — Minha voz soou fraca por mais que eu quisesse fazer ela soar como uma voz normal.

Ela me olhou confusa.

— Eu até deixaria... Mas são ordens médicas. — Disse e em seguida lançou um olhar para o doutor.

Eu realmente queria encontrar Pedro. Eu precisava de um plano para sair dali.

Esperei para que o médico deixasse o quarto e falei com Luisa.

— Preciso de sua ajuda. — Meu corpo já estava melhor. — A senhorita tem que me ajudar a sair daqui. Sabe o Pedro Então, eu sou enamorada por um homem chamado Augusto Soteli. Eles são muito idênticos. Preciso me encontrar com Pedro e procurar desvendar isso.

Ela me olhou assustada.

— Está louca?

— Eu quero descobrir um modo de sair desse século.

Ela me encarou assustada.

— Mas como? Como é possível? Eu já te conheço há tempos. Você nunca falou de passado.

— Eu não sei. Se você não acredita em mim, pelo menos me ajude a achar algo que comprove e possa ver. Deve existir alguma coisa.

Ela me observou por algum tempo. Seus olhos verdes demonstravam receio.

— Tudo bem. — Concordou. — Caso contrário, vamos ter que buscar um tratamento para isso.

Eu sorri para ela.

— Então me ajude a sair daqui.

— Vamos fazer que nem nos filmes. — Ela disse enquanto ajeitava a gola de sua blusa. — Disfarces.

Dei um sorriso para ela mesmo sem entender que disfarce ela pretendia usar.

Ela então chegou mais próxima de mim se certificando que ninguém iria escutá-la.

— Eu vou tentar te ajudar. Se isso que você diz for real, tudo certo. Se não for, você terá que recorrer à um tratamento. O plano é o seguinte: Vou ver se consigo o uniforme de alguma enfermeira. Te colocarei na cadeira de rodas e te levarei para fora em direção ao carro. — Piscou um dos olhos.

Eu assenti.

Ela então saiu e disse que logo voltaria para fazer jus ao plano.

Esperei durante um longo tempo. Com a visita constate do doutor e de enfermeiras.

Acordei com um barulho. Era a voz de Luisa. Ela empurrava uma cadeira com rodas. Estava vestida com uma espécie de roupa branca, semelhante a dos médicos.

Nada além do depoisOnde histórias criam vida. Descubra agora