XII

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- Estamos no século XXI. - Sorriu.
Voltei a encarar, desta vez senti minhas pernas bambearem. Coloquei a mão em frente aos meus lábios que haviam se formado um "O". Luisa largou as panelas e segurou meus braços percebendo que eu podia cair e ficou assustada.
Fui me sentando no chão.
- Eu viajei... Viajei no tempo. - Falei em pânico. - Ou você está errada!
- Amiga, você não está bem. - Disse apavorada.
- Acredite em mim. Ontem, eu estava em 1832. Hoje estou muitos anos a frente. O que houve? - Perguntei incrédula.
- Vá para a cama. Venha, levante-se. - Disse me levantando e me guiando para o quarto.
Me deitei na cama e continuei em choque. Ela então disse que iria terminar de fazer a canja e que logo iria trazê-la.
Algum tempo depois ela apareceu com uma tigela e uma colher. Me sentei e ela entregou para mim.
- Coma. Está uma delícia. Sabor galinha. - Disse Luisa sorrindo.
Comi e aquilo fez com que eu me sentisse bem. Algo em Luisa fazia com que eu pudesse confiar nela.
- Obrigada. - Falei tomando mais uma colherada. - Está ótima. - Sorri. - Mas preciso de sua ajuda. Me ajude! - Disse acabando de comer.
Ela então passou a me observar e fez biquinho. Em seguida beijou minha testa.
- Te amo, tá? - Pegou minha tigela e saiu. - Fique bem.
Fiquei um tempo pensando em como eu poderia sair dali. Deveria haver um modo, uma pessoa. Eu deveria procura. Sim, procurar.
Logo notei que estava toda suada e que minha bexiga parecia que ia estourar. Me levantei e fui atrás da garota de cabelos dourados.
- Senhorita Luisa, poderia me indicar onde é a casinha? - Falei timidamente. - Preciso urgentemente urinar.
- Se com casinha, você quer dizer banheiro, posso sim, senhorita. - Deu ênfase no senhorita. Andou e fez sinal para que eu a seguisse.
Me levou a um pequeno cômodo com objetos totalmente estranhos.
- Como vou fazer minhas necessidades aqui? - Apontei para um objeto.
Ela então começou a gargalhar.
- Flora, você realmente não está bem. Isso é a pia! Serve para lavar as mãos, escovar os dentes.
Apontei para algo semelhante a uma poltrona.
- Então... Seria aqui? - Perguntei apontando para tal coisa.
Ela apenas concordou com a cabeça.
- Para fazer suas necessidades, levante a tampa. - Disse levantando. - E quando acabar, feche. - Fechou. - E em seguida aperte este botão. - Disse mostrando o botão. Em seguida saiu.
Urinei e em seguida fiz o que ela falou, porém ao apertar o botão um barulho fez com que eu assustasse e saísse atrás de Luisa.
- Socorro! - Gritei. - Achei que iria morrer, apertei o botão e fez um barulho medonho.
- É a descarga. - Sorriu. - Serve para limpar, assim não acumula fezes, nem urina.
- Preciso me banhar também... - Falei.
Ela então me levou para o mesmo cômodo, porém não havia banheira.
- Cade a banheira? - Perguntei.
- Não tem banheira aqui, mas quem dera... Tem chuveiro. - Disse abrindo uma espécie de porta de vidro que na verdade ia para o lado, e apontou para um objeto que ficava suspenso na parede. -Este é o chuveiro.
Ela então rodou um outro objeto que também ficava na parede e disse:
- Para ligar é só virar assim. - Demonstrou. - E para regular a temperatura também. Quanto menos você vira, mais quente. Se quiser mais fria, gire mais. E para desligar, gire o inverso. Pronto. - Desligou. - Agora é com você. Vou buscar sua toalha e seu pijama. Pode ir se banhando.
Retirei minhas peças de banho e fiz o que ela disse, era estranho tomar banho em pé, seria que havia uma espécie de fogo dentro daquele "chuveiro"?
Acabei de me banhar e ela então apareceu com uma toalha e peças de roupas.
- Seque-se. - Falou.
Me sequei e em seguida ela me entregou uma peça minúscula. Fiquei constrangida por ela me ver nua, por isso cobria minhas partes íntimas com as mãos.

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