VIII

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"O amor atrai todas as emoções."

- Me chame de Augusto, senhorita Flora. - Sorriu. Seus lábios estavam roxos por conta do frio. - Perdão pelo que aconteceu mais cedo.
- Te perdôo sim, sua situação é difícil. Eu lhe entendo. - Sorri enquanto o enrolava com meu cobertor.
- Obrigada. - Disse sorrindo.
- Vou na cozinha providenciar um chá para o senhor. Espere aqui. - Falei.
Fui para a cozinha e fiz um chá, tendo o maior cuidado para não fazer barulho como estavam todos dormindo. Subi as escadas com uma vela em passos macios. E abri a porta do quarto com cuidado.
- Aqui. - Disse entregando o chá. - Não sei se vai gostar, não sou especialista. A dona Ana é ótima com chás!
Senhor Soteli pegou o chá da minha mão e deu um gole.
- Está ótimo! Obrigado. - Sorriu. - Além de vir pedir perdão, vim dizer que a amo. Essa é a verdade.
- Também o amo, Senho...
- Augusto. - Me interrompeu.
Então lá estavam nossos lábios atados mais uma vez. O ritmo de nosso beijo era intenso, parecia que nossas bocas já se conheciam há séculos, muito mais que meras horas. Me sentei em seu colo e continuamos nos beijando.
- Eu te amo! Muito mais do que pensas, Senhorita Flora. - Falou entre suspiros.
- Amo-te! - Falei.
Paramos o baixo e nós encaramos por um tempo.
- Me sinto uma pessoa imunda por ter te tocado. - Falou ele depois de um tempo em silêncio. - Não, não estou dizendo de você. Mas é errado, não me sinto um adulto, muito menos um tutor. É isso que quero dizer. Sinto que estou traindo a confiança de seus pais.
- Não é errado! Não se sinta assim, já não sou mais uma criança. - Dei uma pausa. - Meus pais já acham que é a hora de eu me casar. Já estão estudando o dote com o conde Lacerda. - Confessei.
- Não! Eu não quero te perder. Já faz dois anos que lhe dou aula. Me sinto a cada dia mais enamorado pela senhorita. - Falou aborrecido.
- Eu não vou me casar com ele, meus pais não podem me obrigar. Eu estava pensando... E se fugíssemos? - Falei enquanto o olhava e ele segurava minhas mãos.
- Está louca? - Soltou uma gargalhada inconformado. - Não quero sujar a vossa imagem. Não quero desonrar meus pais, nem os seus. Por favor.

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