O Inicio de Uma Nova Vida

1.1K 51 5
                                    


HERMIONE


Ouvi, arrepiada, o som do prato se quebrando na cozinha, seguido do grito

– Ah, não!

Desci as escadas, ainda de camisola, querendo presenciar o piripaque de desculpas que já ia acontecer em seguida.

– Desculpa, senhora Granger! Desculpe, perdão, perdão...

Quando cheguei, ri baixinho quando finalmente pousei meus olhos na cena.

Mamãe parecia morder a língua para segurar o riso, com uma expressão mista de pena e humor. O prato jazia quebrado em vários pedaços no chão agora ensopado, e uma coisinha pequena e chorosa, inclinada para nós, apertava as mãos uma na outra, trêmula e com os olhos saltados.

– Ora, querida, não foi nada..

– Bom dia... – falei, atraindo a atenção das duas para mim.

Vi as orelhas de morcego de Becky se erguerem no alto, como um cachorrinho que foi pego em flagrante.

– Menina Granger... eu a acordei?

– Não, já estava acordada...

– Bom dia, filha... – mamãe sorriu, fazendo menção de se inclinar para o chão, em direção aos cacos.

Becky deu um gritinho de dar nós nos rins e encarou minha mãe, quase com raiva.

– Não, não e não, senhora Granger! Becky vai recolher tudinho! Becky fez bagunça e Becky vai limpar! Por favor, tire as mãos do chão!

O autocontrole de mamãe finalmente pareceu acabar. Ela se retirou da cozinha, deixando a elfa atônita arrumando a bagunça, e, por fim, desabou no batente da porta, rachando o bico.

– Hermione... – ela balançou a cabeça – eu sabia o como ia ser estranho daqui em diante depois que você trouxe a elfa... – mamãe curvou a cabeça, rindo – mas fico desconcertada quando ela faz isso...

– Só você, não é? – brinquei, acotovelando-a de leve.

Aquilo era só um efeito colateral da conversa que eu tive com meus pais quando finalmente voltei a Londres, ao fim do último ano letivo.

Explicar toda a história dos Wiccas, sobre a profecia e a batalha em Beauxbatons, ocorrida no ano anterior, não foi nada fácil. Papai simplesmente parecia ficar cada vez mais horrorizado com tudo que eu lhes contava. Meu velho quase teve um ataque do coração quando citei meu confronto com Rodrick Carrow... coitado – do meu pai, não de Rodrick.

Mas, para meu alívio, como sempre, eles não haviam feito mais questionamentos – exceto minha mãe, quase indignada com a idéia de uma coisinha tão fofa e boazinha como Becky trabalhar de empregada para nós. Porém, tudo foi acertado aos poucos, e a única reivindicação deles com relação á todos os assuntos foi de me fazer prometer que iria á entrevista de emprego no Ministério da Magia – o cargo que Oliviene me oferecera.

– É uma chance de ouro, Hermione! – papai me dissera – você tem que aceitar!

E eu ia. Merda, eu ia sim. E já ia imaginando as cagadas que faria. Julgar pessoas? Julgar pessoas? Quem fora o animal que inventara aquele emprego?

A única coisa que eu ainda não falara para eles era sobre algo que, em breve, meus pais teriam de saber.

Meu futuro.

Ou melhor... o futuro de nós dois.

Cassete... papai ia ter um AVC.

Eu quase tivera um treco digno de incendiar a linha telefônica com as mãos quando atendi a ligação na noite anterior, sentindo meus joelhos tremerem quando reconheci a voz familiar, brincalhona e carinhosa do outro lado da linha.

A Esfera da Herança (A Saga da Lontra) - Temporada IVOnde histórias criam vida. Descubra agora