(Im)pressão

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RONY


Fiquei tão atordoado que nem protestei a reação de Hermione.

Antes que eu me desse conta, ela já se conjurara, e erguia a mão em direção ao Tâmisa, os olhos prateados rutilando de aflição.

Olhei para baixo, sentindo a roda-gigante estremecer, encarando, abismado, a onda de água que se desprendeu do rio e encobriu em jatos todas as chamas que subiam na base da estrutura da London Eye.

Embora eu soubesse que já devia ser tarde demais para o pobre trouxa que operava o equipamento, pelo menos Hermione conseguira impedir que ele e a base terminassem completamente carbonizados.

Não fiquei tão preocupado com prováveis testemunhas da Wicca que tentava apagar o incêndio metros abaixo. Seria questão de apenas obliviar algumas pessoas. Podíamos dar conta disso depois – até por que nosso vagão era bem acima de outros vagões.

E, de outra forma, não poderíamos ter feito nada. Havíamos esquecido as varinhas na Toca.

- O homem? – ela guinchou, ainda controlando a água que voltava aos poucos para o rio.

Olhei para baixo do vidro. Vi, com um nó na garganta, algumas pessoas tentarem ajudar uma figurinha que se agitava, visivelmente gritando de dor, com várias queimaduras, deitada no chão.

Engoli em seco ao ver que já havia várias crianças aterrorizadas com o que haviam visto – fossem as chamas, fosse a gigantesca muralha de água que surgiu de lugar nenhum.

- Acho que ainda está vivo – arfei – espero que continue assim.

- De onde veio essa explosão? O que aconteceu?

- Não sei – as crianças e as pessoas que auxiliavam o operador pareciam incrédulas. Era um bocado de gente que havia visto a água que Hermione conjurara encobrir o incêndio.

Não fiquei mais animado quando os bombeiros começaram a chegar.

Mas as chamas já haviam desaparecido. Agora, só havia uma grande mancha preta no chão, os médicos trouxas recém-chegados tentando socorrer o operador, e uma base de roda-gigante completamente enegrecida pelo fogo.

- Calma – respirei fundo – acho que acabou.

Hermione pareceu relaxar subitamente. Podia ver, em seus olhos ainda acinzentados, a incredulidade e a confusão. Como aquilo havia acontecido?

Porém, com os equipamentos destruídos, a London Eye estava completamente parada.

- Como essas pessoas vão descer? – sussurrei – a base da roda não vaia agüentar... está danificada. Isso aqui pode cair á qualquer minuto!

Ela franziu o cenho.

- Rony... do que é feita a roda-gigante?

- Não sei... – mordi o lábio – aço? Ferro?

- Sim... são minérios. Vem da terra – ela me encarou, parecendo tão assustada com a perspectiva que contrastava totalmente com o rosto régio de sua forma Wicca – são elementos secundários – ela segurou na base do vagão – nunca tentei conjurar ou controlar elementos secundários... nem sei se é possível... mas acho que não custa tentar.

Assenti. Nós podíamos facilmente sair dali apenas aparatando. Mas as demais pessoas trouxas estariam presas dentro da roda até que alguma coisa fosse feita por algum responsável. E, até chegarem, London Eye já deveria estar caindo em direção ao chão.

A Esfera da Herança (A Saga da Lontra) - Temporada IVOnde histórias criam vida. Descubra agora