A Nova Guardiã da Justiça

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HERMIONE


Esfreguei os olhos inconscientemente, sem acreditar no que via.

– Tio Harold? – guinchei, boquiaberta – o que está fazendo aqui? Como...?

– Achei que ia receber uma tentativa de abraço, e não um questionário – tio Harold sorriu, humorado.

Aquele sorriso carinhoso... meu estômago afundou.

Aproximei-me, ao mesmo tempo encarando Kingsley, pasma.

Ergui a mão, com os olhos ardendo estranhamente, na direção de meu tio.

A mão dele circulou a minha... não tão sólida quanto a de uma pessoa viva, mas também não tão transponível quanto a de um fantasma. Era como segurar uma almofada.

Um soluço bobo se formou em minha garganta.

– Kingsley... – murmurei, sem tirar os olhos de Harold – como?

– Penseiras, Hermione – Kingsley explicou, sorrindo, estendendo o braço na direção de uma bacia em cima da escrivaninha á nossa esquerda. Finalmente focalizei o líquido brilhoso dentro do recipiente, e percebi, surpresa, a fumaça que se estendia dela até os pés imateriais de Harold.

– Lembra-se do que eu disse? Só posso aparecer em lugares de domínio inconsciente... e em alguns meios mais peculiares – meu tio apertou minha mão, o que provocou uma sensação engraçada. Parecia uma massinha de modelar pressionando meus dedos – e as Penseiras são praticamente receptáculos de domínios inconscientes. Enquanto eu estiver conectado á ela, posso ficar temporariamente no mundo consciente... e, francamente, eu precisava vir – ele se virou para Kingsley, aparentando uma satisfação enorme – Juíza, eh?

– Ah, sim – ergui a sobrancelha para o Ministro, que parecia se divertir com meu embaraço.

– Harold fez questão de pedir permissão para vir á essa reunião – Kingsley comentou – então arranjamos meios para que ele estivesse presente.

– Ele pediu?

Harold riu.

– Digamos que eu incomodei o Ministro numa tranquila noite de sono.

Kingsley deu uma risada divertida.

– De certa forma.

Um sorriso relutante começou a surgir em meu rosto. De todas as coisas possíveis e impossíveis... meu tio viera ao mundo consciente só para me ver conseguindo meu primeiro emprego.

Eu estava até sem graça depois dessa.

– Como vão as coisas, querida? – Harold se virou outra vez para mim – seus poderes... o que decidiu sobre a Maldição?

– Decidi continuar sendo Wicca – baixei a cabeça, apreensiva.

Harold suspirou.

– Entendo. Mas eu esperava que tivesse essa decisão... conhecendo você como a conheço, Lontrinha, você nunca teria coragem de transpor isto para outra pessoa. Você é altruísta demais para jogar esse fardo para outro bruxo...

– Não é só isso... – eu disse, tensa – pensei muito no que McGonagall me disse no dia seguinte,depois do senhor me visitar em sonho... até onde ser Wicca pode ser uma maldição? Eu não poderia continuar sendo Wicca e usar meus poderes em prol do bem maior, como Drii?

– Você já fez isso, Hermione – Kingsley me olhou, sério – salvou praticamente uma escola inteira e provavelmente ambos os mundos, trouxa e bruxo, usando a Maldição. O que torna tudo mais irônico é o fato de você descender de Helena, a primeira Wicca Negra, e ser a maior Wicca Branca da História. E Drii, a primeira Wicca Branca, ter produzido escórias como Rodrick Carrow. Não há maior prova de que os elementos nunca corromperam você.

A Esfera da Herança (A Saga da Lontra) - Temporada IVOnde histórias criam vida. Descubra agora