Reviravolta

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RONY


O patrono, tão rápido quanto viera, desapareceu.

Foi preciso apenas alguns segundos para eu agarrar o pulso de Hermione, a histeria finalmente me engolfando.

- NÃO!

Hermione se voltou para mim, e recuei levemente ao encará-la.

Tinha a perfeita ameaça de uma Wicca no rosto, outra vez.

- Me solte, Rony.

Darel nos olhava, pasmo, ainda ninando a bebê abalada em seus braços.

Meu coração parecia querer sair pela garganta.

Era o velho pesadelo se repetindo de novo.

Mortes, luzes verdes. Amigos mortos.

E Hermione na linha de frente novamente.

O desgraçado sabia como subjugá-la.

Como não havíamos pensado naquilo?

- Hermione... – senti minha garganta se fechar em pânico – é uma armadilha. Sabe disso.

Hermione se voltou para mim, o corpo ereto e o olhar duro. Suas íris prateadas me fuzilaram.

- Se souber de mais alguém que possa tentar impedi-lo de matar todos dentro do Ministério, vou ficar encantada em conhecer.

Sabia que não tinha intenção de magoar. Era a reação natural da Hermione Wicca á qualquer coisa que pudesse tirá-la do centro dos elementos...

Incluindo medo e angústia.

Sabia que a única coisa que a impedia de sucumbir era o torpor dos elementos dentro de si.

- Não pode ir, Hermione. É isso que ele quer – supliquei, sentindo um soluço se formar em minha garganta.

Por dentro, eu estava arrasado e furioso.

Sabia muito bem que o confronto entre Hermione e o Wicca Negro era inevitável.

Mas, ao mesmo tempo, tinha consciência que ela não podia ir sozinha.

Eu não podia deixá-la ir sozinha.

E odiava e desprezava, com todas as minhas forças, aquele ser imprestável que a havia feito sofrer tanto.

Se eu tivesse condições, acabaria com ele eu mesmo.

- Vou com você.

A voz de Hermione baixou, ameaçadora.

- Não, não vai.

Tamahine guinchou, angustiada, fazendo Hermione voltar sua atenção para Darel.

Ela me olhou de novo, a voz ficando inusitadamente suave e suplicante.

- Você não pode ir, Rony. Os aurores desapareceram... e eles estão desprotegidos. Precisam de alguém aqui...

- Não é por isso – Darel cortou-a, o que me deixou espantado; considerando que estava dando bronca numa figura de cabelos esvoaçantes e expressão letal defronte á ele, era surpreendente que conseguisse falar em tom de censura – você só não quer que ele se machuque. Podemos nos virar sozinhos. Não sou auror, mas sei o bastante para dar conta de bruxos das Trevas.

O olhar dele lampejou, e lembrei-me, tenso, da sombra do lobo que dizimara Kristina Carrow em Darwin.

Eu sabia tão bem quanto ele que isso era verdade.

A Esfera da Herança (A Saga da Lontra) - Temporada IVOnde histórias criam vida. Descubra agora