Capítulo 7

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Uma hora e meia desde que eu desci com o príncipe e a princesa, e nada de interessante aconteceu ainda. Talvez esse seja o meu destino, me afogar na tediosa vida de realeza até que minha querida irmã resolva aparecer. Mas é claro que não é assim tão simples. Ela está desaparecida, pode estar sendo torturada, ou até morta... Ou então se banhando nas águas quentes do Havaí.

De qualquer modo, estou presa e amarrada a essa nova vida, e o pior é que estou me acostumando muito rápido com tudo isso, como se esse fosse o meu lugar. Mas, felizmente, ter nascido uma princesa não faz de mim um deles, e eu agradeço de vários modos possíveis por isso.

O primo do rei me tira de meus devaneios quando se põe diante de mim e estende a mão para que eu faça mesmo. Ele deposita um suave beijo nas costas dela e depois se apresenta, ignorando a ordem que normalmente é seguida.

- Lorde Carlo, a seu dispor, minha jovem.

Lanço-lhe meu melhor sorriso antes de agarrar outra taça de champanhe da bandeja do garçom que passa por nós.

- Muito prazer, Lorde Carlo.

Ele coça a barba grisalha do rosto, encara a parte a mostra de meus seios com cautela e abre um sorriso malicioso. Sinto os petiscos que comi ao longo da reunião pedirem passagem pela garganta e agarro outra taça de champanhe, forçando o líquido a empurrar toda minha repulsa goela abaixo. Forço um sorriso enquanto sinto o efeito do álcool. Não devia ter tomado tão rápido assim.

- Permita-me dizer como está linda, princesa - elogia ele, ainda de olho no meu decote.

O Lorde dá um passo à frente, e eu recuo, por impulso. A visão ao meu redor embaça por um instante pelo movimento brusco, e coloco a mão na testa, esperando que a sala volte ao normal.

- Eu apenas ia consertar a coroa em sua cabeça - explica ele, dando mais um passo em minha direção. Ele ajeita a tiara por cima do meu cabelo.

Sorrio de forma forçada, pela milésima vez essa noite.

- Se o senhor me der licença, acho que o príncipe está me chamando. - Aponto para Peter, que conversa com suas primas loiras e mimadas, todo animado com a atenção que recebe.

Típico Peter York, digo para mim mesma.

Dou a volta pelo homem, sem esperar sua resposta, e vou em direção a Peter. Tenho a intenção de implorar a ele que me introduza na conversa para que eu não tenha mais que sorrir para velhos pervertidos ou ladys egocêntricas.

Antes loiras peitudas e oxigenadas a lordes falsos e tediosos. Ou talvez eu devesse procurar um psiquiatra...

Devo ter andado rápido demais, pois sinto a familiar tontura do álcool quando pontos pretos começam a aparecer no salão de jantar. Sinto alguém pisar em meu vestido por engano e tento permanecer de pé, mas minhas pernas não têm os mesmos planos. Meu corpo se inclina para o lado, e quando não encontro nada em que possa me apoiar, sinto mãos fortes agarrarem meus braços e me darem suporte para que eu possa me recompor. Olho para os lados na esperança de que ninguém tenha visto minha recaída momentânea e percebo Peter me encarando de longe com um olhar preocupado.

Que ótimo!

Viro-me para ver quem chegou a me salvar do maior mico da minha vida e me deparo com um homem alto, musculoso e... bom, até bonito. Seus olhos verdes e sua pele morena contrastam de uma forma charmosa, e suas feições, apesar de duras, são amigáveis. Ele usa terno mais simples que os dos membros da família York, então deduzo que não faça parte da manada real. Ele me lança um olhar terno e um sorriso simpático antes de me soltar e fazer uma reverência.

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