Capítulo 9 (Romeu)

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- Ai! - reclama a cabelos flamejantes quando um alfinete a espeta na cintura.

Essa Weasley está me saindo melhor do que encomenda. Quem diria? Até fazendo drama por causa de uma agulha ela está me fazendo. Até parece que nunca fez acupuntura na vida! Se bem que, de onde ela vem, é capaz de nunca ter visto nem uma pinça para as sobrancelhas antes de eu apresentá-los.

- Não reclame, arroto de Fanta, estou fazendo o que posso diante das circunstâncias.

Ela bufa e revira os olhos, raivosa.

Precisamos conversar sobre isso. Não a revirada de olhos, isso até que tem seu charme, mas a bufada tem que ir. Onde já se viu? Ela não é nenhum touro para sair bufando por ai.

Com a ajuda da rata de escritório, digo, a assistente da realeza mais querida de Costa Luna, Antônia, consigo fazer os ajustes do vestido no tempo certo do cronograma, mesmo com a garota propaganda da Pomarola reclamando em meus ouvidos.

"Meu vestido está apertado", "Eu não consigo respirar", "Os saltos estão muito altos", "Meus dedos estão roxos por causa da pulseira".

Francamente, quanto exagero... Nada que um cirurgião plástico não possa costurar no lugar novamente. Brincadeirinha. Apenas para esclarecer, todos os seus dedinhos permanecem no mesmo lugar.

É claro que eu entendo que está nervosa. Eu também estaria se estivesse prestes a me tornar uma impostora diante de todo o mundo, além de ter que me casar com o príncipe... Se bem que eu ainda não vejo problema nenhum nesse aspecto, mas vamos deixar ele aqui por enquanto. Mentir para todo um reino sobre ser o que não é realmente não é uma tarefa que se faça sem preocupações. Isso tudo em cima de um salto quinze.

Não é para qualquer um. Só J Lo na causa. E eu, claro.

Mas estou orgulhoso. De mim, não dela. Claro. Fizemos muito progresso durante essas últimas semanas. Ela aprendeu a andar de forma elegante, a gesticular a cabeça de maneira delicada, e o mais importante de tudo, a ser fabulosa mesmo dentro de um saco de batatas. Tá, talvez ainda devamos treinar um pouco esse último aspecto, mas ainda é um progresso.

Chloe tem uma beleza natural, nada extraordinariamente exótico, mas também nada que se possa passar despercebido. Sua inteligência também chama a atenção. Ela sabe dizer as capitais de todos os países, não só aqueles que têm lojas da Chanel, o que me deixa abismado. Mas até ai, nada que se diferencie da irmã. Digo, Sophie pode ser uma garota mimada, mas ela é tudo isso também. Bonita e inteligente.

Mas não é essa minha ruiva falsificada.

Não.

Chloe tem um carisma que pode cativar todos ao seu redor. Nos olhos dela estão expressos todos os seus sentimentos, e seu sorriso pode iluminar até mesmo as passarelas do New York Fashion Week.

Mas é claro que ela sabe de tudo isso. Sabe que é bonita e inteligente, e sabe também que é carismática. Ela só não sabe se é o bastante, se é o suficiente.

Bom, isso ninguém sabe. Por isso todos estão tão nervosos nessa manhã. Se o povo não acreditar nela, é o fim. Para todos nós.

Mas ela vai conseguir. Afinal, foi treinada, maquiada e vestida por mim. Não tem como dar errado.

- Se você se mexer mais uma vez, vou enfiar esse salto agulha nos seus olhos azuis oceano, e ai veremos se eles flutuam.

- Me desculpe - reclama ela, remexendo-se para deslocar algum alfinete que a está pinicando. - É só que eu estou me sentindo um porco espinho.

- Desde que ele coma de boca fechada na hora da festa, minha querida, quem se importa?

Ela me lança um olhar irritado, e sei que está pronunciado milhares de obscenidades na cabeça. Essa é outra coisa que treinamos: Quer falar mal de alguém? Fale mal. É bom para a alma e para o amor próprio, mas sob hipótese alguma, e eu digo alguma, fale algo que não esteja no dicionário do Padre Marcelo.

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