(Sophie)
Observo os pássaros coloridos interagirem em um galho de uma grande árvore do lado de fora. O Sol brilha forte hoje, assim como todos os dias em Costa Luna. O inverno aqui quase não existe, o frio é bem raro.
– Sophie... – Helga me chama, fazendo-me olhar em sua direção. – Está olhando a janela faz quase quinze minutos. Não respondeu minha pergunta.
– Qual foi sua pergunta mesmo?
– Perguntei o que sente agora que não está mais sob o controle dos rebeldes.
Ela segura a caneta firmemente no caderno de couro que tem no colo. As pernas dobradas com seus saltos de cor deprimente.
– Pode falar sequestradores. – Inclino-me mais sobre o divã. – É isso que eles são, afinal.
– Tudo bem então. Sequestrados. Como se sente não estando mais sob o controle deles?
– Me sinto bem... É como devo me sentir, não é, bem?
– Não há uma forma certa de se sentir, Sophie, cada um lida da melhor forma que pode.
– Não.
– Não concorda?
— Não tenho síndrome de Estocolmo.
– Como...?
– Síndrome de Estocolmo. Tenho que explicar? É uma espécie de espaço de sobrevivência psíquica onde o medo do sequestrador vira empatia por ele.
– Eu sei o que é, Sophie.
– Então, me perguntou como me sentia por não estar mais sob o controle dos sequestradores. É o seu jeito de saber se sinto algum desconforto agora que não estou mais perto deles. Disse também que não há jeito certo de se sentir, que cada um lida da melhor maneira que pode, que é seu jeito de me deixar mais aberta a dizer se sinto alguma afeição por eles.
Ela mantém o olhar em mim, um sorriso leve se forma em seus lábios.
– E sente?
– Afeição por eles? – pergunto. Ela afirma. – Não. Aqueles fils de pute me fizeram viver como um rato.
– Então está feliz agora?
– Claro, tenho comida descente, ao invés daquela gororoba que nos davam, me livrei daquele vestido imundo que usei durante quase quatro meses e recuperei toda a minha coleção de sapatos.
– Isso não me parece sinônimo de felicidade.
– Talvez não para você... – Aponto para seus sapatos.
– Estamos fazendo sessões já fazem semanas, Sophie, e os únicos motivos pelo qual disse estar feliz por ter saído de lá são vestidos, maquiagens e bens materiais. O que me diz sobre sua irmã? Não fazia ideia de que ela estava viva, e agora estão governando juntas.
– Louise? Ou Chloe. Ela prefere ser chamada assim.
– Como prefere chamá-la?
– Isso importa?
– Mais do que imagina.
Suspiro, voltando meu olhar para os pássaros cantando do lado de fora.
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A Impostora [Completo]
RomanceUm reino. Um príncipe. Uma escolha. Uma mentira. O reino de Costa Luna está ansioso para o noivado de seu príncipe, Peter York, com a bela princesa da França, Sophie Beaumont, mas durante uma viagem, ela desaparece misteriosamente. Chloe Bennet, a...