Capítulo 25

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Dormir a primeira noite sozinha nesse quarto é difícil. Não sei quantas vezes acordo assustada durante a noite procurando ninguém em específico.

Meu pai veio me ver uma vez, mas está tão ocupado procurando os responsáveis pelo veneno que nem tenho o visto muito ultimamente. Mônica acaba de voltar para faculdade, o ano letivo acaba de começar, e com tudo que vem acontecendo, esqueci-me completamente que uma hora ela teria que voltar. O que me resta são os fins de semana com ela.

O quarto fica agora tão vazio que sinto falta da presença da Emma. Ainda não tive coragem de perguntar o que aconteceu com ela. Tenho medo de me sentir mal diante da resposta, e sei que ela não merece. Talvez a ignorância seja mesmo uma benção.

Peter passa para deixar Max e sua camisa. Um "boa noite" breve foi tudo o que recebi diante de todos os guardas que vigiam a porta do meu quarto durante a noite.

Quando novamente o sono se vai durante a madrugada, obrigo-me a sentar na cama. O copo de água descansa ao lado quase vazio, e nem me lembro de ter bebido tanto. Pego o celular e reprimo a vontade de mandar uma mensagem para Peter. Posso estar sendo paranóica, mas não confio em nada que não tenha sido estritamente verificado.

Abraço a camisa que ele deixou e tento me deitar novamente. Queria poder ter contado a verdade a ele, mas de nada adiantaria. Pelo contrário, só iria dificultar as coisas, tanto para ele quanto para mim. A rainha é a única pessoa além do rei com o poder maior que Peter. Confrontar a mãe só lhe arranjaria mais problemas, e não há nada que ele possa fazer para controlá-la ou puní-la. A rainha está acima da lei, todos eles estão. Seria a palavra dele contra a dela, e esse caso na mídia só iria prejudicar mais a imagem dele como futuro rei.

A noite passa, e eu custo a pegar no sono. O céu está quase clareando quando eu finalmente apago.

O som da porta me acorda, e eu sinto como se tivesse estado em uma dimensão paralela. Connor aparece atrás da porta com seu olhar divertido de sempre. Ajeito-me para sentar na cama e esfrego o rosto para tentar acordar.

– Boa tarde, Bela Adormecida. Nunca achei que veria alguém dormir mais do que eu.

– Tarde? – pergunto surpresa. – Que horas são?

– Quase duas da tarde – ele conta distraído, andando pelo quarto enquanto toca nos objetos curioso.

Saio da cama apressada e abaixo a foto que estou com meus pais. Ele nem chega a perceber, ou talvez apenas finge que não. Gosto como ele nunca exige nada de ninguém e apenas vive livre.

– O que faz aqui? – pergunto, vestindo o robe.

Ele encolhe os ombros, fingindo desinteresse, mas ninguém faz nada sem motivo.

– Vim te fazer companhia. Estou com saudades de casa e pensei que poderíamos andar um pouco pelo castelo.

Concordo com a cabeça, estranhando o convite repentino.

– Tudo bem. Só me espere tomar um banho e trocar de roupa.

Ele afirma e se senta na cama. Peter também é folgado, mas pelo menos faz o esforço de disfarçar. Rio enquanto ele pega o celular e cai de costas na cama distraído. Vou até o closet e pego um vestido qualquer. Levo a roupa ao banheiro, já tendo em mente que Connor não vai fazer a gentileza de se retirar para que eu troque de roupa.

Quando saio, já vestida, ele ainda está deitado na cama na mesma posição. Limpo a garganta, e ele se ergue para me olhar.

– Até que enfim! – ele reclama. Que exagero, não demorei nem quinze minutos. – Onde quer ir?

A Impostora [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora