Capítulo 36

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– Eu não sei o quê? – Peter volta a perguntar, seus olhos nos meus, já desconfiados de alguma coisa.

– Eu... – Minha boca se prontifica a responder, mas meu cérebro não parece estar preparado. – Vou me mudar para...

Nós vamos nos mudar para a França, galã – Romeu completa por mim, como se fosse a notícia mais comum do mundo.

Não sei avaliar a expressão de Peter, mas seu primeiro instinto é cravar os olhos nos meus, como acho que sempre faz. Sinto que me pergunta com o olhar se isso é verdade, e não digo nada, o que para ele já parece ser uma resposta.

– Não precisa ir – ele diz, aproximando-se. – Sabe que te perdoei, que não tenho raiva...

– Eu sei, mas tem mais do que isso... – interrompo minha fala e olho para as pessoas atrás dele, que têm os olhos fixos em nós dois e na cena que se desenrola. – Poderiam nos dar um pouco de privacidade?

– Nem pensar! – Romeu é o primeiro a dizer. – Isso é melhor que novela mexicana. Posso gravar para a Netflix?

Romeu!Antônia o repreende, já puxando o estilista pelo braço para fora do quarto.

Sophie e os estagiários também se retiram silenciosos, deixando-nos sozinhos no quarto. 

– Não quero que vá – ele diz, pegando minhas mãos nas suas. – Acostumei a tê-la por perto.

Não é bem o que uma garota apaixonada gostaria de ouvir, mas, mesmo assim, isso me faz sorrir. 

– Me desculpe, Peter. Não estou dizendo que essa é uma decisão altruísta, pelo contrário, é uma das mais egoístas de todas.

– Eu sei que é culpa minha... – Ele abaixa a cabeça, tirando suas mãos das minhas.

– Não é – apresso-me a dizer, recolhendo suas mãos novamente. – É culpa da vida. – Solto uma risada, e ele me olha sem entender. – E pensar que de todos os problemas quando começamos: Eu mentir para todo o mundo, fingir ser quem não era, você noivo da minha irmã... O que nos impediria de ficar juntos era um evento do meu passado. 

Ele solta uma risada triste. 

– Acho que deu tudo errado para nós, né?

– Talvez... – Olho em seus olhos profundamente, quero sua resposta verdadeira para o que estou prestes a perguntar. – Mudaria alguma coisa?

Ele devolve o meu olhar com a mesma intensidade. Acho que Peter e eu conversamos mais pelo olhar do que qualquer outra coisa. 

– Não sei... – Ele pensa mais um pouco. – Acho que teria te dado mais brigadeiros.

– Querendo me deixar gorda, Peter York?

Ele sorri, afirmando com a cabeça.

– Pensei que deixaria isso mais fácil, mas pensando bem, não mudaria uma vírgula do que estou sentindo agora.

– Vai ficar bem.

– É você com quem eu me preocupo. – Ele segura meu rosto em suas mãos, ainda olhando em meus olhos. Parece que enxerga além deles. – Minha família conseguiu sabotar a sua felicidade, não foi?

Coloco minha mão por cima das suas. É doloroso ser tocada assim por ele quando sei que não nos vê mais juntos. 

– Encontrei Sophie, e a rainha Annie não parece de todo mal. Quem sabe essa não é minha segunda chance?

– Eu espero, do fundo do meu coração, que encontre a sua felicidade, ruiva.

– Só tenho que sobreviver hoje a noite, se o olhar da sua mãe não me matar antes.

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