Capítulo 15

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Meus braços estão cansados, minhas pernas doem e meus olhos se recusam a ficar abertos por mais de trinta segundos. Eu me sinto péssima desde a noite passada.

Logo após o jantar, comecei a sentir uma leve tontura, cheguei até a vomitar, e achei que estava melhorando, mas então a tontura voltou ainda mais forte.

É a terceira vez que o médico do castelo vem me ver, e mais uma vez, ele me receita apenas alguns pequenos comprimidos para a dor de cabeça.

O pior de tudo é que eu não posso ficar na cama, são muitos afazeres reais e muitas bocas me enchendo para que eu comece logo o trabalho. Sinto-me uma ameba, mas isso não os parece incomodar, contanto que eu sorria e acene para as câmeras.

Talvez esteja sendo injusta. Romeu e Antônia tiveram seus certos momentos de empatia pela minha pessoa, mas eles também têm trabalho a fazer, e as próprias vidas para sustentar. Resumindo: Eu não estou em meus melhores dias.

Hoje, pelo menos, eu terei tempo para descansar. A não ser que os empregados robotizados da rainha me arranjem mais alguma coisa para fazer, o que eu me negarei a realizar incessantemente.

Deito em minha cama, enquanto espero o tempo passar, mas a dor é muita e o estresse me impede de dormir, embora meu corpo esteja implorando por algumas boas horas de sono.

Levanto-me e vou até o banheiro tomar um banho. Se eu ficarei acordada, pelo menos que o cansaço me dê algum desconto. Caminho até o closet e procuro pela minha mala, no fundo de um dos armários. Nada me impede de usar minhas roupas hoje.

Agarro meus shorts jeans favoritos, ele está um pouco rasgado e meio curto, mas é o jeito que eu gosto, bem confortável. Coloco uma regata qualquer que encontro dentro da mala e finamente calço um tênis. A sensação é a melhor possível. Não aguento mais saltos altos.

A porta do quarto soa.

Rachel provavelmente se esqueceu de algo no quarto, passou a noite toda me fazendo companhia.

- Bom dia, ruiva - cumprimenta Peter, parado diante da porta.

O modo como sorri despretensiosamente faz meus meus pensamentos relaxarem e voarem para outro mundo. Ele tem esse efeito sobre mim, e faz com que me sinta melhor.

- Bom dia - respondo de volta.

- Está melhor? - quer saber ele, entrando e depositando um beijo nas minhas bochechas.

- Sim - respondo, mesmo que essa seja uma mentira descarada. Eu só não quero que ele vá embora e me "deixe descansar", como nas últimas vezes.

- Que bom. – Ele parece meio distraído. - Estava pensando em fazermos algo hoje. Juntos.

Sorrio com a ideia.

- Eu iria adorar. - Iria mesmo.

Seus olhos encontram os meus. Ele se aproxima de mim e prende uma mecha rebelde do meu cabelo por trás da orelha. Está natural hoje, liso e sem vida, como Romeu adora ressaltar, assim como meu rosto, totalmente livre de maquiagem. Devo estar parecendo um ogro.

- O que você tem em men... - tento perguntar, mas sou interrompida quando seus lábios encontram os meus. Não tenho coragem de afastá-los.

Minha cabeça antes parecia não focar mais há um bom tempo. Minha mente pairava, meu corpo demorava alguns milissegundos a mais para responder e eu me sentia toda dolorida. Mas quando estou com ele, quando suas mãos me tocam, meu corpo se sente vivo e alerta, e suas piadas e idiotisses me fazem sorrir quase o tempo todo. É bom, e eu me sinto muito bem quando estou com ele.

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