Capítulo 3

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Eu continuo olhando para ele. Para o príncipe. Piscando meus olhos como se os pudesse abrir e descobrir que tudo isso não passa de um sonho. Mas é real. Peter York está deitado à minha frente, nu, enquanto eu seguro o lençol sobre o meu corpo como se minha vida dependesse disso. Eu sei que se passamos mesmo a noite juntos, de nada o meu gesto adianta, mas ainda é reconfortante.

- Como foi que... - Quero saber como cheguei aqui, mas minha cabeça tem outros planos, e reclama quando minha voz sai. - Minha cabeça está explodindo!

Levo as mãos às têmporas e massageio. O que diabos aconteceu ontem?

Peter me olha incrédulo, parece tão confuso quanto eu, e nenhum de nós diz nada por um bom tempo.

- O que aconteceu ontem? - junto coragem para perguntar, ele levanta as sobrancelhas, achando boba a minha pergunta. Claro que é boba, é óbvio o que aconteceu, Chloe. - Não. Quero dizer, como isso foi acontecer? - gesticulo o dedo em direção a mim e a ele.

Peter pensa um pouco e abre a boca para responder, mas logo depois a fecha. Imagino que não tenha nada para dizer, também não se lembra. Sua expressão muda de repente para um semblante assustado e ele se senta na cama e se estica para alcançar o jeans. Ele enfia a mão em seu bolso e não encontra o que procura, parece aliviado.

- Não está no chão - constata, avaliando o piso com o pescoço esticado. - Vê se acha uma embalagem de camisinha em algum lugar na cama.

Camisinha. Me toco de repente. Não tinha pensado nisso ainda. Como sou burra, que irresponsável.

Remexemos nos lençóis abaixo de nós e jogamos os travesseiros no chão. Encontro a embalagem escondida em uma dobra do lençol e estendo o pacote rasgado e vazio. Ele solta um suspiro aliviado, e eu me deito novamente no colchão, agora baixo e sem travesseiros.

- Um dia sem fazer besteira é pedir demais? - pergunto para ninguém em especial.

- É toda irritadinha assim logo de manhã mesmo? - ele tenta descontrair, e eu lhe lanço um olhar irritado.

- Você está mesmo se sentindo o comediante hoje, não é? - Minha cabeça lateja ainda mais, e tento novamente me lembrar. - A princesa... - penso em voz alta. - Lembro de conversar com a princesa ontem à noite.

Ele concorda com a cabeça.

- Me lembro. Conversou com minha irmã um bom tempo antes de vir falar comigo.

- Falar com você? - repito incrédula. Não me lembro de nada disso.

- É, chegou dizendo um monte de coisas, me oferencendo sua bebida, me chamando para dançar, dizendo que eu era muito bonito...

- Você não é... Quer dizer, eu não disse que... Eu acho que não disse, pelo menos. Disse? Não é que eu não ache, eu acho. Bonito, digo. Te acho bonito. - Nossa, Chloe, cala a boca.

- Relaxa, não era um pedido de casamento ou uma aliança, era só uma dança e uma bebida.

Afirmo com a cabeça. Que vontade de me enfiar em um buraco.

- Não bebi ontem - digo a ele, não sei bem o porquê. Apenas sinto a necessidade de me explicar. Por algum motivo, não quero que pense que saí bebendo até não me lembrar de nada.

- Acredito. Mas parecia bem alterada quando veio falar comigo, até mandou a menina que estava comigo "dar uma voltinha".

Engulo a seco, envergonhada com a situação. Não me lembro disso, e nem sei se quero lembrar. Com certeza não faria isso em meu estado normal.

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