Manuela Oliver| Londres| 00:40 PM|
Na maioria do tempo, as coisas não são como o planejado. Eu particularmente prefiro não fazer planos, eles não se realizam e eu acabo decepcionada. Essa noite eu fiz planos, um se concretizou, outros vieram de surpresa me deixando quase que maluca. Lembro-me com detalhes, as mãos fortes de Gustavo me apertando, os olhos feroz, a voz grave e raivosa despejando todo o ódio compulsivo. Logo depois Isabela com toda fúria e mãos ágeis socando cada parte de Gustavo, o sangue por todo lado, impossível ser definido de quem era. Meu coração batendo freneticamente dentro da caixa torácica, o medo estampado em cada parte de mim.
- Manu? - os olhos clarinhos, a boca avermelhada e pouco inchada devido a um corte não tão profundo, de Isabela me despertaram
- Desculpe-me. Isso dói? - minha pergunta veio acompanhada de um algodão molhado que percorria toda extensão do corte
- Não.
Olhando assim, tão de perto, me vem a curiosidade, porque demoramos tanto para achar a pessoa certa? Porque a vida não é mais fácil? Queria Isabela comigo, em todos os momentos, em todas as conquistas, derrotas, com tudo que é possível. Mas porque ela demorou tanto?
- Eu tive medo - sussurrei quase inaudível
- Eu também, mas eu não podia me controlar, não naquele momento.
- Eu não queria aquilo, a culpa foi minha, eu te coloquei nessa bagunça ambulante que eu sou! - desviei os olhos da mulher, um suspiro derrotado escapou
- Não. Não repita isso Manuela! A culpa foi dele, ele foi covarde o suficiente, ele mecheu aonde não deveria. Sabe o quanto eu tive medo de te perder? Não repita mais isso. - Os olhos clarinhos agora tomavam um tom mais escuro, a respiração acelerada, indicavam sua raiva. No impulso, meus lábios grudaram nos dela, com pressa, com urgência, desespero, medo, amor.
Eu podia jurar que sentia todas as células do meu corpo em uma bagunça frenética. Minhas mãos levemente entre os cabelos escuros, suas mãos em minha cintura, seu toque calmo, as respirações fortes, o ar inebriante que exalava quanto desejo ali era exposto. Um conjunto que te levaria ao céu e ao inferno.
Um certo dia eu ganhei uma bicicleta, eu deveria ter no máximo cinco anos, eu era completamente louca por bicicleta. No exato momento eu quis subir e ganhar rua a fora, no impulso subi rapidamente, logo me decepcionando por não conseguir me equilibrar. Meu pai a todo custo tentava me encorajar, em um momento eu tentei, logo em seguida caí, e me machuquei, corri chorando até minha mãe, que com um beijinho me curou. Meu pai, logo chegou sorrindo, sentou ao meu lado me olhando por breves segundos.
" É minha pequena, hoje eu estou aqui, hoje eu posso te proteger, posso te segurar quando caí, mas terá um momento na sua vida, que eu não serei tão útil assim. Você vai crescer, e não irá me querer por perto, mas eu sempre estarei ao seu lado, quem me dera poder te proteger pra sempre."
Eu sorri, abracei o meu pai e disse que eu sempre iria querer ele por perto e que ele era um bobo de pensar aquilo.
Em seguida, confiei nele, subi na bicicleta e andei até o final da rua, naquele dia, eu confiei em meu pai, ele era a única pessoa que eu confiava.
Confiava.
Até ele ir trabalhar em um dia e nunca mais voltar, e nunca mais ligar.
Eu havia perdido toda aquela magia, meu herói não era um herói na verdade. Então foi difícil, mas hoje eu posso dizer, dizer que amo Isabela, com todo meu coração, pois eu confio nela.
Nossos lábios cuidadosamente foram se separando, o ar lentamente retornando.- Estou com fome - Isabela gargalhou me dando um selinho logo em seguida.
- Não seria você, se não estivesse
- isso é um absurdo, só não vou discutir com você porque vou preparar alguma coisa - me levantei indo até a cozinha
- Eu sei que não, enquanto prepara, irei tomar um breve banho - assenti ficando absorta em meus pensamentos.
Não demorou muito, Isabela retornou vestido apenas roupas intimas, se juntou a mim na cozinha e assim jantamos enquanto falávamos sobre assuntos aleatórios. Era sempre bom, não faltava assunto.
- Não, não é tão simples assim, você não conhece minha mãe Isabela!
- Ela nem deve ser tão ruim assim - deu de ombros guardando o último prato no armário
- Ela não é gente, vai por mim. - Isabela sorriu se aproximando, sua barriga exposta foi lentamente encostando na minha que estava completamente molhada
- tira essa blusa vai - seus lábios se arrastavam pela região do meu pescoço enquanto sua voz era apenas um sussurro - me deixa ter você
Todos os pensamentos foram expulsos, todas as dúvidas, todos os medos, todos os planos. Naquele momento só que me interessava era que, eu seria dela, totalmente dela.
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Não Foi Por Acaso (Romance Lesbico) REESCREVENDO
RomanceAtenção: Violar direito autoral pode acarretar pena de 3 mêses a 1 Ano segundo a lei. Plágio é crime Dois mundos diferentes, duas pessoas totalmente diferentes, com apenas uma coisa em comum, uma única pessoa. Duas almas interligadas, dois coraçõe...