Capítulo 19

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Manuela | Londres

Havia se passado alguns dias desde a minha trágica descoberta, conversei bastante com Bianca, ela estava a todo momento tentando me convencer que daria certo, e aos poucos, eu observava minha barriga que ainda não dava sinais que gerava uma vida, e foi então, que me peguei pensando "como serão seus olhos?" Ou coisas como " tudo bem dentro, bebê?"

Aos poucos fui me "acostumando" com isso, e ao passar em frente lojas com temática bebês, sempre parava por uns segundos, observando tudo que havia ali, e tudo que e precisaria para cuidar de um bebê, eu estava me acostumando com ele, com a sua presença, e a ideia de ter um pedaço meu chegando, eu tinha que admitir, eu já estava me apaixonando.

Sentada à mesa de café da manhã, conversava com Bianca sobre possíveis nomes, e eu confesso, amo minha melhor amiga, mas espero que quando ela tiver um filho, o pai não a deixe escolher o nome, pois ela escolhe os piores possíveis, veja só se eu chamaria um filho meu de AntoniansA criança me odiaria, certeza.

Isabela estava no banho, mas chegou no meio da nossa conversa, ouvindo o horrendo nome que sua irmã estava pronunciando na tentativa de me convencer, nem ao menos sabemos o sexo, e ela supõe que será um menino.

- Quem se chama assim? Coitado!

Isabela entrou na conversa, sem ao menos saber sobre o que era, mas pelo menos concordava que esse nome não poderia ser de uma pessoa.

- Só um nome que eu ouvi, achei bonito, não gostou?

Bianca disse, me olhando de uma forma que somente eu e ela saberíamos, senhor me dê forças, Bianca não me dará paz!

Isa se juntou a nós a mesa, continuamos conversando um pouco sobre a faculdade, eu disse que tinha muita matéria acumulada, Bianca disse que também estava na mesma situação, enquanto Isa apenas se servia de uma xícara de café, e nos escutava, foi quando eu senti meu estômago se revirando dentro de mim, e um gosto forte subindo sobre minha garganta, foi instantâneo, corri até o banheiro colocando todo o meu café da manhã pra fora, enquanto me apoiava sobre o vaso sanitário, a cada vez que eu achava que estava acabando, eu sentia que poderia vomitar por mais um longo tempo, era impossível parar. Ouvi passos apressados ficando cada vez mais audível, e senti o perfume que eu tanta amava inundar o banheiro.

- Amor? O que houve?

Perguntou Isabela, com um tom bastante preocupado na voz, abaixou e segurou meus cabelos gentilmente, enquanto eu esperava para ter certeza que tinha acabado, e parecia que sim.

Levantei com calma, e escovei os dentes novamente, para tentar tirar o gosto amargo da boca, tudo isso sendo supervisionada por Isabela, que a todo momento ficou quietinha, esperando eu acabar.

Estava na cara o que estava acontecendo, mas ela estava ali esperando o meu momento, preferindo esperar com a angústia de não saber ao certo o que pesar, mas estava comigo, a todo momento, esperando, e esperando.

Não havia como esconder mais, e não importava o quão grande era o meu medo, eu precisava contar à ela, não seria justo esconder por mais tanto tempo, ou apenas deixá-la tirar suas próprias conclusões, se Isabela não conseguisse lidar com isso, seria uma tristeza enorme pra mim, eu sabia que sofreria, mas eu precisava falar pra ela que agora não existia mais a possibilidade de eu não ter esse bebê, que não havia mais nada que me impedisse de amá-lo com tudo de mim, porquê eu já era completamente dele.

Senti meu coração errar as batidas, pulsava como louco dentro de mim, minhas pernas pareciam dormentes, enquanto Isabela me olhava tão tranquila, encostada ao batente da porta. Me aproximei dela, passando os braços por seus ombros, encostando minha cabeça a seu pescoço, sentindo talvez pela última vez, o cheiro tão forte de seu perfume, o calor de seus braços que imediatamente me abraçaram de volta, passei alguns momentos apenas absorvendo tudo dela pra mim, era reconfortante, ela curava dores que nem sequer imaginava existir, ela me dava forças que um exército inteiro não possuía, eu a amava tanto, que chegava a doer o meu coração, em pensar que ela poderia dizer que não queria o que eu tinha em mim, o que viria em alguns meses, e eu não poderia tê-la pra mim, pois por mais que doesse como o inferno escolher entre um dos dois, eu escolheria a parte de mim que estava pra vir.

-  Isa, eu preciso conversar com você.

Sussurrei, ainda agarrada ao seu corpo, ouvindo apenas um sussurro que dizia "tudo bem" e sem mais, fomos em direção ao quarto. Isabela sentou-se sobre a cama, me olhando com curiosidade, mas com calma, como se dissesse "não importa o que seja, estarei bem aqui no fim"

Sentia as lágrimas querendo descer pelo meu rosto, me aproximei dela, segurei suas mãos juntas as minhas, e com os olhos olhando diretamente aos seus, sussurrei com a voz quebrada, aquilo que definiria nós.

- Eu não sei como dizer, mas sei quando foi, sei o que significa pra mim, já tenho uma decisão formada sobre, mas não sei como dizer a você, que eu carrego dentro de mim, um pedaço meu, que daqui alguns meses nascerá, e eu não sei qual será o seu pensamento ou reação, mas quero te dizer que eu a amo tanto, com tudo de mim, mas eu estou grávida, faz dois meses que isso aconteceu, alguns dias antes de terminar com Gustavo.

Digo, temendo o que viria a seguir, sua resposta, sua posição.

Isabela me olhava com atenção, aos poucos seus olhos iam demonstrando sua inquietação, sua surpresa, e aos poucos foram se tornando indecifráveis.

Senti sua respiração mais forte, e meu medo foi crescendo, se tornando gritante dentro de mim.

- Isa?

- Grávida? Desde quando você sabe? - perguntou

- Descobri a alguns dias, Bianca comprou um teste e eu fiz, deu positivo.

- Como se sente em relação a isso?

- No primeiro instante eu não queria, chorei bastante, mas aos poucos eu fui me acostumando, e hoje eu sei que eu amo essa criança, e que, em qualquer escolha que eu tenha que fazer, ele será a prioridade.

Digo, com medo do que ela poderia dizer.

- Eu nunca faria você escolher entre eu e seu filho, Manuela. Só estou muito surpresa, nunca imaginei ou esperei isso, mas eu nunca faria você escolher algo assim. Gustavo já sabe?

- Não, não queria que mais ninguém soubesse antes de você.

- Meu Deus! Teremos um bebê em casa!

Foi então, que a minha Isabela voltou, como se ela tivesse parado de ser ela por um minuto, e no seguinte voltasse a si, ela sorriu, apertou meus dedos, olhando em meus olhos tão doce, e então eu consegui sorrir.

- Manu, você deveria ter me contado antes, eu teria te ajudado a lidar com isso, eu estarei aqui por você e por esse bebê, sempre. Eu amo você, garota.

Me juntei a ela em um abraço, e deixei descer por meu rosto as lágrimas de alívio, de felicidade, por saber que eu tinha tanta coisa nessa vida, tantas pessoas que estavam ali por mim, e agora pelo meu bebê. Mas eu ainda precisava lhe dizer algo.

- Isabela, você aceita ser a outra mãe desse bebê?

Senti seus braços me apertarem com força, em seguida nos afastou, me beijando ferozmente, enquanto meu corpo ia se deitando sobre a cama, ela deitava sobre mim, suas mãos em meus cabelos, suavemente os segurando, nos beijavamos como nunca, com tanto amor, com tanta pressa e desejo gritando em nós, e eu precisava de mais do que aquilo, precisava dela dentro de mim.

Nossas roupas rapidamente eram tiradas de nossos corpos quentes, que logo estavam juntos novamente, agarrados, quentes, suados, desesperados. Isabela parou de me beijar por um segundo, e me olhou com tanto amor e sorriu fraco.

- Seremos mães. Obrigada por isso, meu amor. 

Não tardou, eu sorri pra ela por alguns segundos, antes de nossas bocas voltarem uma a outra.


Até o próximo, pessoal!

atualizando aos poucos, são muitos ajustes e erros a serem corrigidos, obrigada por acompanharem 🤍

Não aconselho lerem o próximo, aguardem a revisão dele, ou melhor, a reforma dele, eu escrevi à 10 anos atrás

Caso tenham algo a dizer, meu insta é o @thaislenzii

Não Foi Por Acaso (Romance Lesbico) REESCREVENDO Onde histórias criam vida. Descubra agora