Vovó tinha saído para fazer compras e nós estávamos deitados na rede que tínhamos colocado entre duas árvores do meu quintal. A distribuição de sorrisos entre ambos era frequente. Não falamos sobre a noite passada, apenas demonstrávamos felicidade e carinho um ao outro.
Eu estava com a cabeça apoiada sobre seu peito e podia sentir cada suspiro, enquanto ele acariciava meus cabelos com a mão direita, era uma das melhores sensações que eu já tive, mas ao mesmo tempo tinha algo me incomodando :
-Chris... Minha mãe ligou ontem.
-Sério?! Que legal Julie!
-Não Chris... Ela quer que eu vá embora...
-Mas você não pode Juli..
-EU SEI! Mas... Até o fim do mês eu vou ter que ir.
-Por que você não me falou isso antes?
-Eu tava arranjando um jeito de te contar...
-Isso não é justo sabia? -disse ele levantando cuidadosamente da rede e me encarando.
-Eu sei! Me desculpa mas é que... - disse enquanto sentava-me.
-JULIE! VOCÊ ACHA QUE É FÁCIL? VOCÊ MAL CHEGOU NA MINHA VIDA E JÁ VAI EMBORA?!
-Chris, mas eu tenho que ir... achei que entenderia.
-Entender o que? Que eu não vou mais te ver?
-Claro que não! Eu sempre vou voltar nas férias!
-Mas esse é o problema...Eu queria poder te amar e sentir sua falta só nas férias, mas as coisas não funcionam assim. E eu não acho justo você ir embora agora...
-Olha Chris, - me levantei e me aproximei dele- eu queria que as coisas fossem diferentes, mas acontece que eu não posso fazer tudo o que eu quero. Se eu pudesse, nunca mais voltaria para o Colorado, porque quando eu desfiz as malas aqui no Texas, eu não sabia que todas as coisas ruins que eu vinha trazendo seriam jogadas fora. Tudo isso por sua causa, e você não tem noção do quanto eu sou grata por isso. Eu queria passar o ano todo com você, mas já que não posso, o fato de poder te ver nas férias me deixa feliz.
-Também fico feliz por isso- ele me beijou na testa- E quando você vai?
-Quando eu realmente não puder mais ficar.
-E o que pretende fazer até lá?
-Ficar com você, porque eu também te amo.
-Vou sentir sua falta quando for embora. - disse ele acariciando meu rosto, depois puxou-me pela cintura e me beijou intensamente.Chris é o tipo de pessoa que esconde o que sente, mas naquele momento, com todas aquelas falas, pude ver que ele estava sendo tão sincero comigo quanto consigo mesmo e aquilo me deixou feliz.
Ele não queria que eu fosse, e eu também não queria ter que partir, a única coisa que podíamos fazer era aproveitar todos os momentos que estavam por vir, então fizemos uma promessa: iríamos fazer tudo o que ainda não tínhamos feito.
Foi quando me veio a primeira ideia:-Chris, por acaso você teria $3,00?
-Sim, por que?
-Precisamos comprar uma coisinha. - eu disse com ar de mistério.
-Okay então! -ele respondeu rindo.Fomos até a papelaria do Sr. Evans, no centro, Chris não sabia o que estávamos fazendo ali, muito menos o que iríamos comprar e ficou surpreso quando pedi dois pacote de balões. Saindo da loja ele me questionou:
-O que vamos fazer? Dar uma festa?
-Não!- eu respondi rindo- Mas você vai gostar.
-Já que você diz...
-À propósito, você tem baldes em casa?
-Sim...
-Então precisamos passar na sua casa também Sr.Christopher.
-Então vamos, Sra.Julieta. -ele riu.Fomos até a casa de Chris, pegamos dois grandes baldes que encontramos na lavanderia e assim, seguimos de volta para o meu quintal. E foi aí que Chris finalmente descobriu o que iríamos fazer.
Fizemos a maior guerra de balões d'água. Christopher corria e se escondia, enquanto eu corria atrás dele com balões cheios de água, e eu pelo menos tentava fugir, mas ele sempre era mais rápido. Quando os balões acabaram, a guerrinha acabou também e lá estavamos nós, totalmente encharcados, com as roupas grudando no corpo, porém, não conseguíamos parar de rir.
Quando vovó voltou do mercado, Chris se foi e eu subi para o banho, me troquei e logo me deitei. Na noite passada foi quase impossível dormir, mas hoje seria mais fácil; eu estava feliz e tranquila ao mesmo tempo, eu sabia que ele estaria disposto a me esperar depois que eu partisse. Era um alívio saber disso.
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Chuva de Outono (Em Revisão)
Romance"Era como se eu fosse flor seca, que precisa da chuva para voltar a viver, e ele era a chuva que eu tanto precisava." "Algumas pessoas entram na nossa vida e viram tudo de ponta cabeça. Mas ela não era esse tipo de pessoa, ela foi quem deixou tudo...