Capítulo 16.

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Quando ouvi aquelas palavras, foi como se um mar de água fria tivesse vindo e congelado tudo em mim, a única coisa que consegui dizer, chorando, foi:

-Vocês querem acabar com a minha vida? Chega! Eu não aguento mais!

E logo em seguida subi para o meu quarto, em estado de choque. Neste mês, as primeiras semanas foram as melhores da minha vida, mas, tudo de ruim que não havia acontecido durante esse período, estava acontecendo agora. Era como se eu tivesse a maior força do mundo para segurar as coisas nos primeiros dias, e nos últimos, o mundo desabou sobre mim.

Depois que tranquei a porta do quarto, eu podia ouvir os dois brigando, lá em baixo, eram gritos e mais gritos, eu podia ouvir também vidros se quebrando e naquele momento eu tive a certeza que eu não podia fazer mais nada em relação à isso. A única coisa que pensei em fazer foi ligar para Lucas, meu irmão, e perguntar o que estava acontecendo, o porquê estava acontecendo:

-Julie? - ele perguntou, gritando, pois ele estava no meio da briga.
-Lucas, o que ta acontecendo? - eu disse chorando.
-Julie, a gente precisa conversar, e temos que sair daqui.
-Okay, eu to descendo.
-Isso, desce, vamos pra algum lugar, longe daqui.

Desci as escadas e quando ouviram meus passos, a discussão parou por alguns minutos:

-Julie...
-Princesa, a gente precisa conversar... -disse meu pai se aproximando e pegando na minha mão.
-Me solta! - eu gritei - Não vou conversar com ninguém! - desci as escadas e caminhei até a porta - Vocês que se matem! Eu não mereço isso... - eu disse chorando enquanto saia para fora com Lucas, e depois bati a porta.

Entrei no carro e durante o caminho para a casa de panquecas conversamos sobre o assunto:

-Eu não acredito que isso ta acontecendo Lu, ta tudo dando errado. - falei chorando.
-Calma maninha, - disse ele passando a mão na minha perna - isso é só uma fase.
-Eu sei! Mas não é só isso.
-O que mais ta te incomodando?
-Lá no Texas, eu conheci um menino, a gente tinha algo especial mas ele estragou tudo - falei e dei um murro no painel do carro.
-Eu vou ser obrigado a matar esse idiota! Quem ele pensa que é pra magoar minha pequena?
-Ele é um idiota! - limpei as lágrimas.
-Foi por isso que você voltou cedo né?
-Sim... Mas se eu soubesse que aqui as coisas estavam piores eu tinha fugido pra África.
-Ai Julie... - ele riu - Uma hora você se acostuma.
-Mas e você? Não fez nada quando soube?
-Julie, antes de você viajar, o papai e a mamãe já brigavam, praticamente todos os dias, ele evitavam brigar na sua frente e eles decidiram se separar faz um mês e meio, por isso te mandaram pro Texas, pra correr com a papelada do divórcio.
-Bem que o Chris falou...
-Quem?
-O idiota do Texas, ele disse para mim suspeitar porque tinha algo de estranho nessa viagem.
-Sinto muito em te dizer, mas o idiota estava certo.

Chegamos na casa das paquecas, Lucas foi fazer os pedidos e eu me sentei numa mesa, próxima à janela, fiquei observando os carros que passavam e a chuva caindo. Meu irmão chegou com as panquecas e chocolate quente, comemos e conversamos por um longo tempo, e aquela conversa foi ótima porque por algum tempo eu consegui esquecer tudo o que estava acontecendo, até que recebi uma mensagem, e nela estava escrito:

"Oi Julie! É a Maya, então, desculpa incomodar e tudo mais, mas, Christopher está batendo na porta da minha casa, gritando " Eu sei que você sabe onde ela está!". O QUE EU FAÇO?! "

Chuva de Outono (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora