Acordei com enxaqueca, meus olhos, semicerrados, observavam o ambiente.
-Ah Jullietta, que bom que acordou. -disse uma moça, com roupas brancas, um colete azul e crachá.
-O que houve?- perguntei, com a voz falha, me lembrando pouco do que tinha acontecido.
-Ah querida, não se preocupe com isso agora, deixe-me apenas trocar essa máscara por uma cânula e assim você pode descansar... -disse ela retirando a máscara de inalação do meu rosto, gelado, e buscando uma cânula em seu carrinho de metal - Descanse um pouco, avisarei seus familiares que acordou. - disse ela, terminando de colocar a cânula e saindo do quarto.
Eu não sabia o que estava acontecendo. Como fui parar ali, no hospital? Me lembrava de pouca coisa, quase nada. Pensei sobre isso, observando alguns hematomas em meu corpo, na verdade, muitos, havia uma faixa em meu braço, não sabia o que era, provavelmente algum machucado mais grave. Me ajeitei na cama, e esse foi o tempo que levou para que minha mãe entrasse no quarto, desesperada.
-Ah Julie!!! - correu em minha direção e me abraçou - Graças á Deus, está tudo bem!
-Oi mãe... -disse, sem entender nada.
-Como está se sentindo? - disse ela, acariciando meus cabelos.
-Com muita dor... - Respondi.
-Ah querida... - ela beijou minha testa - Logo, logo estará bem novamente.
-Oi Julie... - alguém disse, entrando lentamente pela porta, era Christopher.
-O que tá fazendo aqui?! Por quê estava me seguindo?! Vá embora! -gritei, enquanto meus olhos começavam a se encher de lágrima.
-Querida, não seja rude com ele! Ele te ajudou! - Replicou minha mãe.
-Ajudou com o quê?! - gritei.
-Na noite em que você saiu com Maya, você se distraiu enquanto atravessava a rua e foi atropelada por um bêbado, Christopher que ligou para a emergência!- Ela explicou.
-Isso é mentira! Eu não ne distrai! Ele estava me chamando! Isso tudo é culpa dele! -comecei a chorar descontroladamente - Olha só pra mim Christopher! Está feliz agora?
-Mas Juli...- ele tentou se explicar, até que foi interrompido por mim.
-Eu não acredito mais em você! Eu só quero que você e a Marilla fiquem longe de mim... Só isso. -Repliquei, enquanto me afogava em lágrimas.
-Mas.. - ele tentou explicar novamente, mas dessa vez, quem o interrompeu foi minha mãe.
-Christopher, acho que não é uma boa hora. Por quê não vai para casa e toma um banho? Talvez possa dormir um pouco... Julie está cansada também...
-Tudo bem... - disse ele, tristonho, e se retirou do quarto.
-O que ele faz aqui?! - questionei minha mãe.
-Não adianta culpá-lo pelo o que aconteceu com você. Ele te ajudou, ele gosta de você e saiu do Texas para vir conversar com você, já que não responde mais as mensagens dele... - me calei, sem argumentar, pois minha mãe estava falando somente a verdade. -Ele gosta de você Julie! E isso é ótimo...
-Ele me magoou. A namorada dele me mandou mensagens horríveis, por isso não respondo-o mais.
-Isso é passado. Por quanto tempo vai se privar de fazer o que gosta por causa de bobagens? Devia dar outra chance á ele...
-Tá! - interrompi - Será que não podemos falar dele agora?! Eu sei o que eu quero, sei fazer escolhas.
-Okay.
-Cadê a Maya?
-Foi tomar um banho... Ela e Christopher estão aqui desde quando sofreu o acidente.
-Faz quanto tempo que isso aconteceu?-perguntei, curiosa.
-Dois dias.
-Não pode ser... - retruquei, incrédula.
-É verdade...
-E o homem? O que me atropelou.
-Fugiu.
-Anotaram a placa?
-Não. Christopher disse que os homens que estavam no bar, próximo ao acidente, mal conseguiam ficar em pé e ele disse que nem pensou nisso na hora.
-Hm... Estou muito cansada... - falei enquanto passava a mão direita na testa, conferindo alguns machucados.
-Durma um pouco, você precisa.
-Quando a Maya chegar, me acorde por favor, quero falar com ela.
-Okay, vou procurar o médico.
-Tudo bem. - disse, e logo depois, mamãe saiu do quarto.
Eu estava exausta, observei o teto até ficar zonza o suficiente, para pegar no sono. Quando estava prestes a cerrar os olhos, Christopher entrou pela porta.
-Vá embora... - disse, séria, sem escândalo.
-Se deixar eu explicar, eu vou embora. - ele argumentou.
-Mas eu não... - tentei retrucar.
-Eu prometo! - ele me interrompeu.
-Diz logo!
-Julie, - disse ele, se sentando na poltrona, ao lado da cama alta. Antes de continuar falando, ele segurou minha mão, gelada devido ao soro.- eu sei, fui um idiota, mas eu quero que saiba que eu sinto muito por estar assim.
-Então você veio até aqui, pra jogar na minha cara que eu estou péssima? - meus olhos se encheram de lágrimas, novamente.
-Não! Claro que não, Julie! -ele disse, soluçando- Eu sei que você está com raiva de mim, e eu me odeio por isso. Mas, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, - pude ver as lágrimas, descendo pelo seu rosto - e tudo o que eu não quero, é perder você. Eu sei que você está magoada, eu sei que nesse instante deve querer me bater... Mas por favor, acredite em mim. Eu te amo, e eu só quero outra chance, pra provar que eu posso te fazer a pessoa mais feliz do mundo. - logo depois, ele me encarou, esperando uma resposta.
-Você me magoou, e muito. Eu sei que é difícil, assim como tem sido para mim... Mas um dia você supera...- puxei minha mão, que estava sobre a dele, e limpei as lágrimas que escorriam, dos meus olhos, até meus lábios. - Agora, por favor, saia, eu preciso descansar.
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Chuva de Outono (Em Revisão)
Romance"Era como se eu fosse flor seca, que precisa da chuva para voltar a viver, e ele era a chuva que eu tanto precisava." "Algumas pessoas entram na nossa vida e viram tudo de ponta cabeça. Mas ela não era esse tipo de pessoa, ela foi quem deixou tudo...