Capítulo 24.

59 7 0
                                    

Já se sentiu gritando pra ninguém escutar? Era assim que eu estava me sentindo. Uma vez li um livro, e nele dizia que amar é matar e ser amado é ser morto, mas depois de tudo o que tinha acontecido comigo eu acreditava numa teoria diferente. Pra mim, naquele momento, amar estava sendo suicídio, porque a dor que eu estava sentindo era mais forte do que a dor de uma facada.

A dor tem 5 estágios:

1-Desacreditar; é quando você não acredita no que está acontecendo e se pergunta o motivo por várias vezes até chegar no estágio dois.

2-Desabar; é quando você finalmente entende o que aconteceu, ou como muitos dizem, quando finalmente "cai a ficha", e então você sente o mundo desabando em cima de você.

3-Perda de fé; é quando você está há tanto tempo no estágio dois, que acredita que jamais as coisas vão melhorar.

4-Superar; é quando você acredita que tudo de ruim já passou, e você não vai ter que passar pela mesma situação novamente, agora você se sente mais forte e assim está pronto para o último estágio.

5-Recomeçar; é quando você ergue a cabeça e diz que está pronto pra deixar toda aquela dor para trás, você está certo de que mais ninguém vai conseguir te deixar triste daquela forma, mas a única verdade desse último estágio é que ele te prepara para uma nova dor.

E naquele momento eu sabia que não sairia tão cedo do estágio 2.

Eu estava deitada na minha cama, com fones de ouvido e olhando para os desenhos que eu costumava fazer na parede próxima á escrivaninha. Maya estava na poltrona, me olhando, sem saber o que fazer, foi quando ela tomou uma atitude:

-Julie, vou resolver isso agora. - disse ela se levantando.

-O que vai fazer?- solucei.

-Vou ligar para ele e acabar com essa palhaçada!- disse ela, determinada, pegando o celular.

-Isso é inútil Maya... - repliquei.

-Apenas ouça. - disse ela, colocando o celular no viva-voz.

-Okay.. - disse enquanto ouvíamos o barulho da chamada, esperando Christopher atender. Foi então que ele atendeu.

-Alô? -Perguntou ele ao telefone.

-É A MAYA!

-Ah, oi Maya... O que houve?

-O que houve?! - disse ela, com a a voz cheia de raiva - Olha, fala pra sua namorada que ela não precisava ter sido essa vadia!

-Namorada?

-VOCÊ SABE DO QUE EU ESTOU FALANDO!

-NÃO MAYA, EU NÃO SEI.

-Christopher, você não me engana. Por que você finge tanto?

-Olha, eu não sei do que você está falando okay? Por que você faz isso? Liga ou manda mensagens estranhas, como se eu soubesse o que está acontecendo.

-Arrrgh!- resmungou, Maya - Vai dizer que não sabe que a sua namoradinha, A MARILLA, mandou mensagens horríveis pra Julie?! Se vocês tão namorando, OKAY! Mas não precisava ter feito isso!

-O QUÊ? A MARILLA FEZ ISSO?! - ele bufou, antes de continuar - Cadê a Julie?

-Por quê?

-Será que eu posso falar com ela?

Maya olhou para mim e assim eu balancei a cabeça em forma de negação.

-Ela não quer falar com você.

-Okay, mas eu preciso falar com ela. Ela pelo menos está me ouvindo?

-Hm... Tá, fala logo! - Maya disse, impaciente.

-Julie... - continuou, Christopher - Sintou muito pelo o que a Marilla disse, essa garota não tem limites, e você sabe disso! Acontece que, não, eu não estou namorando com ela, tudo isso é pra te provocar. Me desculpa, - a voz dele começou a ficar falha, como se ele fosse chorar - sabe, eu queria poder evitar as coisas que ela faz, pra não te magoar, mas eu não consigo! - e então, pudemos ouvir ele começar a chorar - Me desculpa... - e então ele desligou.

Maya me olhou, sem reação. Eu estava aos prantos, mal conseguia falar. Ouvir o choro dele foi a pior das sensações, doía mais do que tudo.

-Julie, não fica assim. - disse ela me abraçando.

-Dói muito Maya. - eu disse me afogando em lágrimas.

-Eu sei! Mas cadê a Julie de quem eu tanto ouvi falar, que enfrentou a Marilla?!

-Ficou no Texas. - solucei.

-Ahh amiga! Para com isso, vem, vem lavar o rosto. - disse ela me puxando pelo braço.

-Ahhh Mayaaa. - eu disse sendo puxada para o banheiro.

-Vamos! - disse Maya abrindo a torneira - Você é linda, não pode ficar chorando.

-Não sou.. - disse enquanto enxaguava o rosto.

-Sabe do que você precisa?

-O que? - olhei pra ela, desanimada.

-De uma festa. - sorriu.

-Ahh Maya... - revirei os olhos.

-AHH NADA! - ela disse me arrastando pra fora do banheiro. - Você vai sim. To te esperando lá embaixo, você come alguma coisa, se arruma e daí a gente vai. - ela disse e logo depois bateu a porta do quarto, indo para a cozinha.

Suspirei, olhei o espelho e pensei. Talvez Maya estivesse certa, eu precisava me distrair com alguma coisa, não precisava ser com uma festa, mas eu ia. Desci as escada e assim, fui para a cozinha. Tomei um suco de laranja e comi alguns salgadinhos. Depois eu e Maya subimos para nos arrumar.

-Maya... Eu não posso ir, não tenho roupa.

-Tem sim! É só procurar! -disse ela abrindo o guarda-roupa.

-Ahhh. - me joguei na cama e revirei os olhos.

-Aqui! - disse ela com um vestido preto na mão - Ele é lindo! - jogou-o em cima de mim.

-Tah! - eu disse, me levantando e indo para o banheiro, me trocar.

Me troquei e sai do banheiro.

-Feliz? - disse, entediada.

-Só precisa de mais uma coisa, - ela sorriu e abriu uma de suas caixinhas, - aqui!

-O que? - perguntei curiosa.

-Isso... - disse ela me mostrando um colar com uma pedra da lua - Olhe agora. - disse ela, logo após de colocá-lo em mim.

Me olhei no espelho, eu estava linda, então me virei e sorri para ela. Depois disso, ela terminou de se arrumar e assim, fomos para uma festa, de uma amiga de Lucas.

Chuva de Outono (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora