Era uma manhã de segunda-feira e como em dias letivos normais, era dia de aula. Não, eu não precisava ir, mas foi opção minha. Depois da minha conversa de ontem com meu irmão, nós decidimos que seria o melhor à fazer e ele disse que se encarregaria de me levar até o colégio e me dar alguns trocados para o almoço.
Me arrumei e quando eu terminava de arrumar o cabelo, Lucas bateu em minha porta pedindo para que eu me apressace. Assim, peguei minha bolsa, meu celular e segui escadas á baixo, em direção á porta, entramos no carro e durante todo o caminho eu me preparei psicologicamente para toda aquela humilhação.
Quando chegamos na porta do colégio, percebi que todos estavam olhando e apontando, haviam algumas pessoas rindo, outras simplesmente encarando, como se eu fosse uma estranha, bem que eu queria ser, mas infelizmente eu tinha que enfrentar aquilo:
-Eles tão olhando. Acho que eu não vou, Lu. Ai meu Deus, o que eu vou fazer?!- eu disse desesperada.
-Ei! Olha aqui - disse ele virando meu rosto para si- vai ficar tudo bem, maninha. - logo em seguida me deu um beijo na testa.
-Espero que fique... - disse descendo do carro e me direcionando ao grande pátio de entrada.
Entrei e fui diretamente para o meu armário, foi quando Lara veio até mim:
-Julie! - disse ela sorrindo com falsidade.
-Escuta aqui, - bati a porta do armário, fazendo-a fechar- eu já te avisei e não vou dizer de novo, fica bem longe de mim sua vagabunda, bem longe, porque eu não to afim de ir para a sala do diretor hoje.
-Mas amiga...- disse ela se aproximando de mim.
-Não encosta em mim! - disse e empurrei-a contra o armário.
Segui para minha primeira aula, Física. Me sentei nos fundos para evitar chamar atenção, mas não adiantou muito. A srta. Smith estava ensinando sobre CAPACIDADE TÉRMICA E CALOR ESPECÍFICO, não, não sei o que é isso, muito menos pude tentar entender nada daquilo, a única coisa que se passava na minha cabeça eram os grandes problemas que agora me perseguiam. Então, no meio de todos os alunos, de todas aquelas pessoas que estavam prestando atenção e sabendo tudo sobre a matéria, EU fui a escolhida para responder uma questão, eu não entendia nada, então olhei para a lousa em busca de uma solução e o que eu encontrei foi:
"m = 20g Q = m.c. ∆t
∆t = 60 - 12 = 48°C Q = 20.1.48
c = 1 cal/g°C Q = 960cal
Q = ? "
E neste momento você se pergunta o que eu respondi, e o que eu disse foi necessariamente:
"Me desculpa srta.Smith, mas eu não vou responder nada, pergunte para outra pessoa."
E infelizmente dei início á um diálogo nada agradável:
-Julietta Ross, como ousa falar assim comigo?
-Olha, não quero ser mal educada com a senhora, mas por quê eu? Tem tanta gente nessa droga dessa sala!
-Que ignorância, mocinha.
-Ignorância? A senhora só pode estar louca!
-Vamos, srta. Ross, direto para a sala do diretor.
-Ahhh só o que me faltava. - revirei os olhos.
-Vamos!
-Tá! Eu vou, mas pare de gritar, se não eu vou para a diretoria e você para um manicômio.- me levantei e segui em direção á porta.
Quando eu estava prestes á sair da sala, ouvi Jennifer, uma patricinha, líder de torcida, arrogante e mimada, gritando:
-Acho que toda essa revolta é culpa do Marcos, que trocou ela pela melhor amiga.
E logo em seguida, todos riram. Você deve imaginar que eu apenas ignorei, queria que tivesse sido só isso, mas não foi. Eu já estava tão cansada de tudo e de todos, e já que eu iria para a diretoria, que fosse por um motivo justo. Voltei para a sala e avancei na Jennifer, puxando seus cabelos, ela se sentava na segunda carteira, próxima á porta, então nem foi tão difícil pegá-la de surpresa. Quem separou a briga? O próprio diretor, Sr.Smith, sim, ele era marido da professora de Física. Por quê ela dava aulas ao invés de administrar o colégio junto com o marido? Todos também queriam saber. Acontece que, eu fui arrastada, sim, literalmente arrastada, para fora da sala de aula e fiquei esperando que algum responsável meu viesse.
Para a minha sorte, quem apareceu foi Lucas. Esse era um dos lados bons de ter um irmão maior de idade, porém eu também ouvi alguns sermões:
-Julie, onde está com a cabeça?
-Me desculpa, eu não queria... Mas eu já to tão cheia desse povo...
-O Marcos tava na sala? Por quê ele não separou?
-Eu não te contei... Terminei com o Marcos, ele tá com a Lara agora.
-O QUÊ?
-É... - disse com a cabeça baixa.
-NÃO ACREDITO NISSO JULIE! QUAL O PROBLEMA DELE? E ELA? NÃO ERA SUA MELHOR AMIGA?
-ERA. Não é mais.
-Okay, agora, mudando de assunto.
-O que?- perguntei, curiosa.
-Isso pode ser bom e ruim para você...
-Fala logo, Lu.
-Nós vamos nos mudar.
-Sério? Pera, como assim?
-Bom, na verdade, você e a mamãe.
-Como assim? E você?
-Julie, eu já tenho 21, tenho que ter minha própria casa, e aliás, já está tudo resolvido.
-Mas, Lu...
-Me desculpa...
-Como eu disse, nada pode piorar.
-Ei, não é assim, sempre que quiser eu vou te visitar.
-Posso te pedir um favor?
-Claro, Maninha.
-Você pode esperar para se mudar? Quer dizer, só até a poeira abaixar.
-Okay, farei isso. Eu sei como ta sendo difícil para você.
Antes de voltarmos para casa, eu e Lucas ficamos no parque, sentados na grama e pensando nas coisas que estavam acontecendo. Ele era um ótimo irmão, eu amava ele, mais do que tudo, porque ele era o único que conseguia amenizar o furacão que se formava dentro de mim, naquele momento.
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Chuva de Outono (Em Revisão)
Romance"Era como se eu fosse flor seca, que precisa da chuva para voltar a viver, e ele era a chuva que eu tanto precisava." "Algumas pessoas entram na nossa vida e viram tudo de ponta cabeça. Mas ela não era esse tipo de pessoa, ela foi quem deixou tudo...