Capítulo 20.

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Já haviam se passado os dois dias de suspensão. Depois de longas conversas com a Maya durante as madrugadas, éramos praticamente melhores amigas, ela entendia meu jeito louco de pensar, ouvia meus desabafos e me aconselhava. Acordei alegre, não pelo fato de poder voltar á frequentar a escola, mas por dois motivos, na verdade três; eu não estava mais sozinha, agora eu tinha a Maya, voltei a falar com a minha mãe e, eu me mudaria para um lugar totalmente longe de Denver, não, eu ainda não sabia para onde ia, mas minha mãe me garantiu que eu trocaria de colégio.

Me levantei ás 6:30h, assim que o relógio despertou, fui para o banho e logo em seguida me troquei, peguei minha bolsa, o celular, e desci as escadas com o casaco na mão. Mamãe estava me esperando para o café, mas recusei, não por nenhum motivo específico, apenas estava sem fome; me despedi dela e segui para o carro, com Lucas.

Durante o caminho, nós rimos, cantamos, e conversamos sobre algumas coisas aleatórias. Quando chegamos na porta do colégio, eu ainda podia ver aqueles olhares, mas estavam diferentes; as pessoas não zombavam, simplesmente me encaravam; como nos filmes, sabe, aquela pessoa, desinformada, que não sabe da maior fofoca. Fiquei meio assustada, mas mesmo assim, entrei portões á dentro e segui para meu armário.

Naquela manhã tinha sido diferente, a Lara me encarava de longe, com uma cara nada agradável, ela parecia ter ódio, e eu entendia perfeitamente. Apenas ignorei, peguei meu material e segui para minha primeira aula, que desta vez, não era de Física e sim, de História. Eu sempre amei a professora de história, o nome dela era Claudia; ela tinha um jeito diferente de dar aula, era descontraído e divertido, mal se parecia com uma aula. E assim, pude me sentir confortável o suficiente para me sentar nas primeiras carteiras.

Com o término das aulas dobradinhas de histórias, seguidas de uma longa aula de biologia, finalmente pudemos ir para o intervalo. Sai do colégio em direção á grande lanchonete da Sra. Clarkson, onde havia um grande fluxo de alunos. Aguardei na fila para pegar um sanduíche e suco de amora, logo depois, segui para uma área isolada de todos. Poucos sabiam, na verdade, somente eu, Lara, Jackson e Brenno, dois nerds da aula de Francês, mas, os portões que separavam nós da área infantil ficavam abertos. E lá estava eu, sentada no balanço do playground, devorando cada pedaço do sanduíche.

Jackson e Brenno eram gays, eles costumavam ficar lá nos intervalos e quando eu e Lara descobrimos, em uma das idas à ala "proibida", vimos eles se beijando e se pegando de um jeito totalmente assustador, mas, nós juramos segredo. Eu cumpri minha parte, mas, 1 semana depois dos juramentos, Lara saiu espalhando para todo mundo e assim, pôde zombar dos dois enquanto se sentia popular. A verdade é, Lara nunca foi uma boa amiga, mas a minha antiga posição na "pirâmide da popularidade", me obrigava a andar com ela.

Eu estava bebendo as últimas gotas do suco de amora quando Jackson apareceu:

-JULIE! GRAÇAS Á DEUS ACHEI VOCÊ!

-Mas você sabe que eu sempre fico aq...

-VEM! - disse ele me interrompendo e puxando-me pelo braço - VOCÊ TEM QUE VIR!

-Okay. - eu disse sendo puxada.

Enquanto eu seguia, arrastada pelo Jackson, as pessoas me olhavam, riam e assim, seguiam atrás de nós, em relação á isso a única coisa que eu pensei foi "Risadas e mais risadas, assim novamente Julietta Ross será humilhada." E na verdade eu estava enganada.

Quando eu, Jackson e a multidão chegamos ao teatro do colégio, vi dezenas de balões rosa, com formato de coração e cheios com gás hélio, por toda parte. Marcos, isso mesmo, meu EX NAMORADO, estava no palco, com um microfone na mão. Aquilo era impossível, nenhum colégio jamais permitiria tamanha algazarra, porém, ele era o capitão do time de futebol, o que lhe fazia "especial". Me sentei em uma poltrona, com um tecido rosa, que se localizava na primeira fileira, em frente ao palco e assim, ele começou a cantar "Thinking out loud", e as primeiras lágrimas começaram a cair de meus olhos.

Eu não estava chorando por emoção, mas sim, porque lembrei de quando eu e Christopher dançamos a mesma música na lavanderia. Aquela música me trazia boas e más lembranças, era como se houvesse um furacão imenso devastando tudo dentro de mim e a única coisa que eu pude fazer foi observar aquela cena ridícula. Como se não bastasse, ao fim da canção, fui chamada ao palco:

-Julie, meu amor, - disse ele com um sorriso - suba até aqui.

E assim, dezenas de pessoas começaram a gritar: "Vai Julie", "Sobe Julie" e etc. Então, eu subi.

-Meu amor! - disse ele me abraçando e logo em seguida voltando á falar para o público - Espero que tenha gostado da surpresa, demorei alguns dias para planejar. Mas enfim, ainda tenho outra surpresa.

Todos ficaram calados por segundos, inclusive Marcos, o que me assustou um pouco. Mas logo em seguida veio a tão esperada pergunta:

-Julietta Leah Ross, quer voltar comigo?

Chuva de Outono (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora