Cap. 12

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Queria ir embora, voltar para meu quarto e trancar a porta. Trôpego, alcancei a barraca, diante da fogueira me sentei, lamentei mudo o fato de ser como era e desconfiei estar fadado a solidão, temi ser a infelicidade minha sina. Tirei as botas, tomei um analgésico e entrei na barraca para dormir. Quando entrei na barraca alguém lá dentro dormia. Pensei ser André, ou mesmo o Guto, não nos víamos havia pelo menos hora e meia. Deitei-me em silêncio para não incomodar. Quando eu já deitado estava, um perfume conhecido eu percebi, não ousei me virar, meu corpo inteiro começou a tremer. Senti uma mão buscar minha nuca e alcançar meus cabelos os acariciando como ninguém senão...Marcelo.

O choro contido em meu peito explodiu de dentro de mim e não sabia o que dizer, só conseguia chorar... “Coelhinho, o que aconteceu contigo” Marcelo se levantou num pulo acendendo a lanterna e me segurando nos seus braços. “Você está gelado, conta pra mim o que foi que aconteceu” Marcelo me perguntava com o rosto contorcido pela aflição e sua face era como a de um querubim que me salvava da dor. Eu me senti erguido de um poço escuro, trazido de volta a vida por uma mão descida dos céus que haviam se aberto transformando minha noite em dia e que me fez ganhar às alturas. “Meu São Genaro, você está tremendo, Coelhinho? Foi só um pesadelo, tudo bem agora! Eu também sonho com coisas ruins, mas é sonho nada mais, não é real” Falava Marcelo enquanto tentava me aquecer friccionando sua mão direita em meu corpo enquanto assustado também chorava.

“Marcelo me perdoe” eu dizia a ele com palavras sussurradas como preces. Queria me desculpar por haver dele desconfiado, por ter visto coisas onde não nada havia. Queria expiar a minha culpa por ter maculado a imagem desse homem a quem admito tanto e de quem jamais poderia desconfiar de forma tão torpe. “Não é nada não, coelhinho, eu só acordei com seu choro só isso, só fiquei um pouco assustado, não tem importância” ele dizia. Meu anjo nem desconfiava que minutos atrás eu o havia julgado tão mal.

Mereço eu, verme como sou ou amor de dessa estrela que nem de longe imagina que pude do seu brilho duvidar? Agradeci ao Bom Deus por haver tirado o peso que esmagava meu coração. Meu Marcelo estava todo o tempo dentro da barraca. “Quer um chocolate?” Marcelo me perguntou ao que respondi que não. “As vezes, Claudinho também acordo em prantos no meio da noite, tenho pesadelos horríveis e grito, quase sufoco, mas acordo e deles esqueço, não são reais” Ele me disse enquanto me envolvia nos seus braços com aquele carinho que a nossa amizade tornou natural.

“Eu devia ter deixado minha Jaqueta com você e não com o André quando voltei” ele disse e num segundo entendi tudo e voltei a chorar para desespero de Marcelo que me perguntou o que eu havia bebido. Senti como se tivesse tomado um soco no estômago, meu Deus, agora tudo fazia sentido. Marcelo me deu um beijo na testa, enxugou minhas lágrimas com seus polegares e me apertou contra seu peito. “Coelhinho, tudo bem, tudo bem! Eu estou aqui. Vou pegar um analgésico pra você” Dele ouvi, mas o enterrompi infomando que já havia tomado um e que estava melhorando. “Venha cá!” Marcelo me puxou para seu peito e me abraçou.

“Marcelo me desculpe eu...” tentei dizer a Marcelo que e interrompeu dizendo “Pesadelos todos temos, tente dormir agora, não precisa pedir desculpas. Amanhã vamos procurar um lugar bem legal pra passar o dia” Obedeci e me calei permanecendo ali ao abrigo dos braços dele, feliz e profundamente envergonhado.

Dormimos abraçados de lado, eu com a cabeça no peito dele. Nem me lembrei de como aquilo poderia parecer a André e Guto quando voltassem, mas me ocorreu que não retornariam tão cedo.

Quando acordei, Marcelo já havia levantado e feito o café. Guto e André estavam chegando, eram 9h e a aparência dos dois não era das melhores. “Vocês estão destruídos hein???” Disse Marcelo zoando com eles. André estava com a jaqueta de Marcelo o que me fez recordar da madrugada anterior e m sentir novamente envergonhado. O que estaria passando na cabeça de Marcelo? Senti muita vergonha. “Olha aqui coelhinho, café da manhã, só não há cenoura”hehehe Puxa, você me deu um susto imenso de madrugada, está melhor agora?” Marcelo me falava enquanto se sentava ao meu lado.

O namorado da minha amiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora