Capítulo 44

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Ele me informou que eu havia sido submetido a uma tomografia e que estava tudo em ordem e que não havia dano à minha cabeça que era a parte que mais o preocupara. Sua explicação apesar de didática não me convencera de todo, mas considerei que seria errado duvidar do que ele dizia afinal ele era o médico.

Perdi a noção do tempo e quando dei por mim percebi que era noite, uma confusão de coisas dançava na minha cabeça e imaginei como estaria minha sobrinha e como devia ter dado trabalho para Cláudia, que estava grávida me socorrer, imaginei como ela devia ter ficado assustada com minha queda. Seria bom se ela visse que eu estava bem.

Mais tarde eu saberia que o porteiro havia me socorrido, me encontrou por acaso na hora da ronda. Minha mãe ainda não sabia que estava no hospital, seu telefone havia passado toda a tarde fora de área, Meu pai dizia para eu ficar calmo, perguntei por minha irmã e como ela estava ele disse que bem e estava em casa. Passei por outros procedimentos, todos incômodos e, de repente, lembrei de Marcello, precisava falar com ele, mas não sabia como.

A medicação pouco amortecia a dor que agora parecia mais aguda. Eu estava com uma roupa estranhíssima, parecia uma camisola azul. Pedi para o meu pai telefonar para meu trabalho, mas ele disse que àquela hora já haviam fechado o escritório, era 21h15 e Marcello devia estar me esperando sem saber de mim.

Eu me preocupei com ele e insisti para que meu pai telefonasse para casa. Eu esperaria por mais uma hora até saber que minha mãe estava a caminho. Quando ela chegou à portaria soube pelo porteiro que eu estava internado e ficou sobressaltada, chegou aflita, mas pediram que ela se acalmasse até que estivesse melhor para poder me ver.

Cuidei de tranquiliza-la dizendo que estava tudo bem, mas na verdade mentira, doía muito. Aquela noite seria um inferno, senti muita dor e frio, queria falar com Marcello e não me agradava ver meus pais ali mal acomodados, se revezavam em uma cadeira desconfortável.

Durante a madrugada senti mais frio e não conseguia respirar direito; às 3h da manhã desconfiaram que pudesse haver líquido no meu pulmão em consequência da perfuração, mas todos os resultados deram negativo. Menos mal pensei.

Meus pais tiveram que voltar a casa para tomar banho e se trocarem, pensaram em se revezar, mas disse a ambos que estaria bem e que desse um recado a Marcello dizendo que estava bem, mas que estava no hospital, disse que tentassem não deixar ninguém assustado, pedi que ligassem para o meu trabalho e informassem o ocorrido.

Pouco depois de saírem, vejo Marcello entrar pela porta (era 5h30min), barba por fazer, cabelo desalinhado, gravata frouxa e roupa do dia anterior. “Eu procurei você em um monte de lugares a noite toda; a grossa da sua irmã não sabia dizer nada o despreparado do porteiro da noite também não, agora a pouco é que encontrei o porteiro do dia no seu prédio e ele me disse onde você estava” disse ele me abraçando, pedi que abraçasse um pouco menos porque ainda doía.

Ele quis saber o que ocorrera e falei só sobre os ferimentos, não quis dizer que fora Cláudia que me empurrara, acho que isso pouco contribuiria para o quer que fosse além do fato de ela, provavelmente, estaria muito assustada. Marcello estava abatido, ligou para o trabalho e disse que ficaria o resto do dia fora, ao ouvir isso disse a ele que não era necessário, mas ele redarguiu que não ia sair dali.

Conversou com o Dr. Efrain e me mudaram para um apartamento, meu convênio não cobria isso, mas ele fez um acerto na recepção.

Quando meus pais voltaram estranharam não me encontrar na enfermaria, ouvi quando agradeceram a ele por haver me conseguido acomodações melhores. Ele acordou com eles que dormiria no hospital como de fato o fez durante os dias em que fiquei sob cuidados médicos. Não imaginava o quanto era complicado tratar de costelas quebradas.

O namorado da minha amiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora