O namorado da minha amiga.

Capítulo 49 - Final

O baile foi um acontecimento delicioso, muita música dos anos 70 e 80 hihihi. Uma animação maravilhosa e os meninos e meninas com mais de 50 dando um show à parte hihihi. Karaokê e tudo mais que a animação permite hihihi.

Eu havia ido ao banheiro quando ao voltar vejo Marcello sobre o palco, gelei hihihi Ai ai aí vem, pensei. Ele disse lá do alto “Essa música é para pessoa a mais importante do mundo para mim. Deu um trabalho danado para convence-la a ficar comigo. (Todos riram, hihihi)” e completou “Eu te amo” Os tiozinhos e tiazinhas adoraram e invadiram a pista ao som de “ Never there” hihihi. http://www.youtube.com/watch?v=Nbzt1HnVzIQ.

Marcello sabe que eu amo esse grupo e a sua pronúncia de erre marcado fazia sua performance ser um dos momentos mais lindos da minha vida. Ele estava muito, muito lindo, coisa de quem está apaixonado eu sei hihihi. As tiazinhas e os tiozinhos dançavam e faziam passinhos, e eu não acreditava; lindo, creiam.

*2008.*

Perto da meia noite houve contagem regressiva e as músicas tradicionais e quando 2008 chegou, caiu sobre nós uma chuva de papel picado.

“Feliz 2008”. Marcello me disse antes de me dar o primeiro abraço do ano. A primeira música do ano, depois descobri que havia sido sugestão de Marcello ao DJ Young hearts runs free.

http://www.youtube.com/watch?v=OuFaT0fPLn8

Outra surpresa deliciosa, adoro sua letra. Marcello estava completamente solto, um adolescente em seu baile do segundo grau hihihi. Eu amei vê-lo assim. Dançava mais que os animadores hihihi.

Houve vários tiozinhos cantando New York New York, lindo hihihi, mas o momento mais lindo foi quando os nossos amigos, os “meninos” do bilhar hihihi o levaram de volta ao palco apagaram as luzes só deixando um facho de iluminação sobre ele.

“Essa música diz muito a respeito do que eu sinto nesse momento e é uma das preferidas da pessoa que transformou tudo dentro de mim” Marcello disse ao microfone e começou “Well, it´s not far down to paradise, at least it´s not for me…” Eu gelei por dentro e um sentimento inacreditável de felicidade me invadiu…

http://www.youtube.com/watch?v=j9NkBxxHxAc

Como não se emocionar com essa letra? Não consegui segurar minhas lágrimas. Chorava ao ver meu Cello lá em cima, lindo de cowboy cantando para mim uma das mais lindas composições que conheci. Ria também de seu modo performático meio debochado e das tiazinhas gritando Lindo, Tesão, Bonito e gostosão. hihihi

Marcello terminou de cantar, foi aplaudido hihihi e o DJ disse que ele podia tentar a carreira de cantor hihihi “É uma possibilidade” disse ele hihihi.

Tocaram novamente a música no telão e a pista foi invadida por casaizinhos apaixonados dançando de rosto colado hihih lindo demais. Marcello e eu fomos ao deck e enquanto ela tocava nos trocamos o primeiro beijo do ano e no calor daquele abraço, no frisson do momento nasci para a minha nova vida!” aquele momento foi único e o som das ondas e a imagem de Marcello, seu sorriso inocente me fizeram sentir especial, diferente mesmo.

É possível sim ser feliz e isso é responsabilidade intransferível de cada pessoa aprendi.

Voltamos ao baile e dançamos muito. Depois retornamos ao deck para ver o primeiro amanhecer de 2008.

De braços abertos, recebendo os primeiros raios de sol, meu anjo de olhos cerrados, sorriso aberto, mais uma vez diante de mim, se alimentou da luz. Aprendi a amar quando ele faz isso, quando ele recebe o sol e o sol a ele, um encontro de duas estrelas. Fiz o mesmo e me perdi em uma sensação incrível de paz e serenidade.

Quando abri os olhos o vi sorrindo, chorando e olhando para mim. “Amo você” disse ele e completou: “a minha vida está completa e nada mais me falta, você é a promessa de contentamento que se cumpriu, e dentro de mim só lugar para você existe, obrigado por existir para mim” nos abraçamos e voltamos para a cabine.

Fizemos amor demoradamente, beijávamos nossos rostos e dessa vez foi diferente, nos amamos de uma forma especial. Dormimos pelo resto do dia...

Ao todo foram sete dias de uma felicidade indescritível no mar. Ao voltarmos tomamos algumas providências, trocamos a moto de Marcello por um pegeot. Segundo Marcello “a família aumentou” hihihi, agora precisamos de um carro, pois moramos forma do Plano Piloto que seria o centro de Brasília caso Brasília centro tivesse.

A vida tem seguido tranquila, tenho me recuperado bem, com exceção de um resfriado que foi difícil de curar, mas estou muito melhor agora. Meus pais ainda não me visitaram mas acho que não tardará esse encontro. Os pais de Marcello aqui estiveram três vezes.

Confesso que na primeira vez fiquei meio sem jeito, constrangido não sabia o que dizer ou o que fazer, mas a mãe de Marcello percebendo isso teve uma conversa comigo enquanto Marcello e seu pai falavam sobre outras coisas lá embaixo.

" Claudinho meu filho, você jamais dará a luz, logo nunca entenderá o coração de uma mãe completamente. Não vou dizer que nunca esperei netos, toda mãe os espera, mas mais que isso o desejo de ver a felicidade de um filho é maior, seja ela da forma que for. Tenho tanto orgulho de Marcello e da pessoa que ele é. Eu amo tanto meu filho que a forma como ele leva sua vida pessoal não me importa. Sabe, Cláudio, eu perdi um filho e ainda hoje a dor me rói por dentro. A morte de Maurízio me ensinou que a vida é muito rápida e que temos que vive-la não perdendo tempo com detalhes. Você e meu Marcello são dois rapazes notáveis, e é isso que importa, o caráter que têm."

Eu ouvia calado e de certo modo admirado com a quantidade de amor que havia naquele coração. “Seus pais talvez não entendam nem aceitem agora a sua natureza diferente, não vou dizer que não exista certo desconforto inicial, mas o amor é maior que qualquer coisa, tenha paciência e espere” ela me disse e completou “Queria muito que me visse como sua mãe também, gosto muito de você, reconheço que meu Marcello se tornou outra pessoa depois que o conheceu” Recebi um abraço apertado e caloroso. Os pais de Marcello perceberam sem que ele nada dissesse.

Talvez essa seja a forma, não sei, não tenho todas as respostas, mas assim tem sido, somos, tratados como um par por eles e pelo resto de sua família. Será a vida sexual tão determinante assim? Será que realmente importa se um filho vive com um homem ou mulher? A família de Marcello provou que não.

O que importa mesmo é ser feliz, o contrário é mentira. Com relação aos meus pais não temos tocado no assunto, recebem Marcello e a mim, mas não falamos sobre isso, é como se ele fosse tão somente meu amigo, mas questiono o que, além disso, posso desejar, acho que não quero que minha mãe chame Marcello de genro, acho que esse é um novo paradigma familiar. A única coisa que estou certo é que quero que o tratem com respeito e isso não tem faltado.

Artemísia e eu agendamos um encontro, temos nos entendido, ela convidou a mim e a Marcello para visitá-la em Lisboa e me comprometi a pensar com carinho no convite, ela tem feito um esforço grande para se aproximar de mim e eu de meu lado não tenho apresentado barreiras, contudo sei que preciso de tempo.

Durante o cruzeiro, conversei longamente com Marcello sobre sua ida para o Canadá, “Minha só não! Nosso” ele disse e me convenceu em acompanhá-lo, mas agora esperarei eu concluir meu curso no meio desse ano. Cláudia logo dará a luz e minha mãe tem passado muito tempo com ela. Tenho cuidado das orquídeas e pensado em minha monografia. Estou louco de vontade de voltar ao trabalho.

Os dias no princípio do ano tem sido de muita reflexão e entre agradecimentos e pedidos, tenho, em minhas orações, cada vez mais percebido o quão foi importante haver desabafado. Como sou agradecido a cada um de vocês? Nem sei dizer. Vocês ajudaram a construir o homem feliz que hoje sou, um dia aqui entrei, sem noção do que fazer e entre pessoas que não sabiam quem eu era, recebi apoio, vocês não se negaram a me ajudar a lidar com esse sentimento que eu tinha em meu coração .

Fim.

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