Eu e Giovanni líamos um livro apoiados numa enorme figueira no Jardim Botânico. Planejamos uma tarde tranquila, decididos a afastar nossos afazeres urgentes do final do semestre na faculdade por algumas horas. Meu celular tocou, era Sérgio.
— Emily! — sua voz ecoou desassossegada.
— O que aconteceu? — gritei em pânico. Já previa o desastre a ser anunciado.
— O Gustavo está no hospital! — ao ouvir suas palavras, soltei um grito involuntário de desespero. Imaginei coisas horríveis. Giovanni surpreso com minha reação chegou mais perto para ouvir a conversa. Sérgio percebeu minha aflição e tentou me acalmar. — Ele está bem, quebrou o braço e está com alguns hematomas, mas no geral bem.
— O que aconteceu? — minha voz continuou esganiçada. Meu coração se apertava em angustia.
— Bem... Ele teve uma briga. — Sérgio interrompeu a fala. Gustavo nunca se envolvera numa briga antes, o que havia acontecido? Ele continuou com firmeza. — Venha para o hospital.
O tom na voz de Sérgio me dizia que era algo grave. Desliguei o telefone com pressa e com certo pânico fiz Giovanni me levar até o hospital.
Ao chegarmos, Giovanni foi pedir informação. Eu avistei Ricardo vir rapidamente em minha direção. Naquele momento não importava se nossa relação ainda estava estranha, eu precisava de seu abraço. Quando seus braços envolveram minhas costas as lágrimas de medo por seu irmão começaram a correr por minha face.
— Não fique assim. — penalizado Ricardo beijou meu rosto. — Sabe que não aguento te ver chorar.
— Uma briga? — o encarei incrédula em busca de explicações. — Como Gustavo se envolveu nisso? — minha voz soava histérica. Ele limpou minhas lágrimas com os dedos e segurou minhas mãos, sentando-me na cadeira da sala de espera.
— Ah! Emily. Nem sei por onde começar. — as lágrimas escorreram-lhe pelas bochechas. Ver Ricardo fragilizado aumentou minha angústia. — Meu pai é o culpado. Se eu não tivesse vindo para casa neste final de semana, nem sei o que teria acontecido. — ele me fitou ao falar com a voz sumida. — Meu pai se jogou sobre Gustavo. Defendi meu irmão, tive que dar uns chutes no meu pai, senão ele não iria largá-lo. Foi tão horrível!
— Que horror! Por que ele fez isso? — meus órgãos se embolavam em desespero. Não gostava do pai dos meninos e sempre o achei moralista demais, no entanto nunca imaginei que chegaria neste ponto. E o sofrimento de Ricardo me mostrava que havia sido sério.
— Ele encontrou umas anotações do Gustavo, acho que um diário, onde ele se assumia como gay e nosso pai ficou fora de si. — Ricardo fechou os olhos para conter as lágrimas. — Foi quando ele confrontou Gus e meu irmão o desafiou confirmando a história.
Levantei-me descontrolada, tomada pela raiva. Não percebera que Giovanni há muito estava parado em pé ao meu lado com um rosto sério e as sobrancelhas franzidas.
— Como ele pôde fazer isso com o filho? — abracei Ricardo novamente. — Fico grata por ter dado uma boa surra no seu maldito pai. — ele me olhou envergonhado, lutar era algo que sabia fazer e devia ter deixado seu pai machucado. Até entendia que ele se envergonhasse disso, todavia eu percebia-me quase vingada por Gustavo. — Temos que chamar a polícia, isso que ele fez é crime. Deve pagar por sua maldade. — Gritei.
— O Gustavo pediu para não fazermos isso. — Ricardo completou. Abraçou-me mais uma vez calorosamente e apertado. — Estou tão aliviado que esteja aqui. Estava tão desamparado. Não preciso dizer que o Gus está arrasado, até porque nosso pai nos expulsou de casa.
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Jovem Amor
RomanceExiste idade certa para amar? Giovanni é professor na faculdade de Biologia e acaba de se separar de sua mulher. Ele não tinha muito a ver com Rebeca desde o princípio e o passar dos anos só fez aumentar a distância que havia entre eles. Emily n...