Jovem Amor

20. Em sua companhia - Emily

Diariamente, mandávamos mensagens e falávamos longos períodos de tempo pela webcam, com direito ao tradicional "desliga você, não você primeiro...". No passado, achava este tipo de comportamento meloso entre namorados uma estupidez, contudo agora era gostoso fazer estes joguinhos e Giovanni acompanhava-os como se fosse mais adolescente do que eu.

Ser apresentada à filha dele como sua namorada deixou-me insegura, até o momento em que percebi que seria fácil me relacionar com Nina. Queria me esforçar para me dar bem com a menina, afinal achava muito importante que Giovanni não se afastasse dela por minha causa. Assim como condenaria se a mulher de meu pai o afastasse de mim.

Almoçávamos todos os dias juntos. Isso era particularmente bom, pois eu não gostava de almoçar sozinha e não era lá muito boa cozinheira, então alternávamos entre dois restaurantes próximos à minha casa. Aproveitávamos estes momentos para retomar nossos diálogos sobre livros. Em algumas noites, eu evitava encontrá-lo, pois devia um tempo também ao meu amigo como havia prometido e, desta forma, vinha conseguindo equilibrar o meu tempo com ambos.

****

Ao chegar em casa, Gustavo me esperava radiante com um convite nas mãos. Ele se aproximou empolgado.

— Adivinhe o que é isso!

— Não tenho a mínima ideia. — dei de ombros.

Repreto de ansiedade ele me entregou o envelope, eu analisei-o e reconheci o símbolo da nossa antiga escola gravado no papel. Abri-o e pude ler um convite de confraternização para os ex-alunos do ensino médio. O grêmio estudantil havia organizado uma festa no ginásio da escola para o próximo final de semana.

Não sei por que, mas também fiquei animada. Assim como Gustavo, eu não havia deixado amigos para trás, contudo estas pessoas fizeram parte da minha vida diariamente por toda minha adolescência e alguns foram meus colegas ainda quando éramos criança. Animei-me com a possibilidade de vê-los novamente, em descobrir como estavam e o que faziam.

— Vamos? — Gustavo implorou. Ao perceber minha expressão pensativa ele completou. — Vamos! Se você não for, não terei coragem de ir sozinho. Já falei com o Ricardo e ele não irá, pois terá uma saída de campo da faculdade no final de semana.

— Então vamos!

Se o Ricardo não ia, eu me sentia mais animada em ir. Não desejava vê-lo pela primeira vez depois de quase um ano numa festa cheia de gente, pois o conhecia muito bem para saber que ele não se acanharia em se aproximar de maneira envolvente.

Lembrei-me de Giovanni. Li novamente o convite, estava escrito: tragam seus pares, se tiverem. Isso era ótimo! Esperei ansiosa até o horário que eu sabia que Giovanni chegaria em casa e liguei convidando-o. Ele aceitou.

Na noite marcada, eu e Gustavo estávamos curiosos em ver o que aconteceria na festa. Meu amigo estava lindo de calça de brim escura e uma camisa social preta com um leve brilho. Ele arrumara meu cabelo dando mais forma aos meus cachos. Eu havia posto um vestido preto básico, contudo achei que estávamos os dois com preto demais e troquei-o por um de alcinha verde turquesa, que realçava os meus olhos.

— Nossa! Você está linda. Se o Ricardo te visse ele ia te agarrar com certeza. — Gus comentou divertido ao acariciar Lucky em despedida.

— Gus, sabe que estou com Giovanni. Não fala essas coisas. — o repreendi ao começar a descer a escada do meu prédio.

— Eu sei. Desculpe. — ele bufou. — Mas essa festa me lembrou meu irmão, afinal éramos sempre nós três. Sinto falta dele.

— Eu também. — confessei encabulada ao abrir a porta para a calçada. — Vamos, Gus! Vamos aproveitar a festa e deixar o Ricardo no passado.