Apesar do meu sofrimento, até o início das aulas eu aprendi a controlar as emoções. Havia um rombo no um peito, dez vezes maior do que quando me sentia sozinha por Giovanni ter ido viajar, mas ninguém precisaria ter conhecimento disso.
Agarrei-me novamente nos estudos e no estágio que inicie no Zoológico juntamente com Rodrigo.
Cheguei em casa com o mesmo ânimo morno que me acompanhava desde minha volta da Inglaterra há dois meses. Peguei Lucky no colo e alisei suas asas. Ao ligar o computador percebi que Giovanni estava online, não nos falávamos desde o aquele dia fatídico. Ao ver sua foto sorridente, minha vontade era de grita-lhe palavrões e de cravar minhas unhas em sua carne até sangrar. Ao me perceber online ele pediu para conversarmos, olhei para tela conturbada.
Pensei no que Rodrigo constantemente me dizia: que na real havíamos combinado que estaríamos livres para seguir outro romance se desejássemos e a ideia partira de mim. Claro, eu tive a infantil fantasia que isso não aconteceria.
Olhei a tela do computador reflexiva. Se eu estivesse lá com ele, isso teria acontecido? Será que nosso amor era realmente tão forte quanto eu havia acreditado? Pensamentos me atormentavam constantemente.
Emily! Por favor, me perdoe. Responda alguma coisa, por favor! Eu te amo!
A mensagem de Giovanni pipocando na tela do computador embaçou minha visão com lágrimas. Não tinha forças para recomeçar uma conversa e muito menos para perdoá-lo. Mesmo que na prática eu não o pudesse acusá-lo de traição meu coração se sentia assim.
Desliguei o computador e me deite na cama com o travesseiro apertado entre os braços, e chorei copiosamente. Por sinal nesses últimos tempos eu só sabia chorar.
Quando Gus chegou da casa de Rodrigo, onde passara a noite, eu corri para seu abraço com tanta força e sentimento que ele ficou assustado.
— Fui tola e imatura! — minha voz era esganiçada. — Como pude deixá-lo ir sozinho? Queria que não tivesse acontecido. — soltei um soluço choroso. — Dói tanto! Tenho saudades de Giovanni, mas também tanta raiva.
— Eu sei Emily. — ele afagou meus cabelos, compadecido. — Não pense sobre isso, quando ele voltar daqui a um ano e meio tudo pode estar diferente. Quem sabe não encontra outra pessoa.
— Outra pessoa? — o observei confusa.
— Sim, deixe-se levar pelo momento se ele surgir.
— Não sei se quero outra pessoa!
— Bem, essa sua história com Giovanni só tem dois caminhos: perdão ou partir para outra.
— Não estou pronta para nenhum dos dois. — lamentei.
— Dê tempo ao tempo, as coisas vão se resolver. — ele abraçou-me com mais força, seguro de si.
Aceitei seu conselho e sorri para meu amigo. A presença de Rodrigo na vida dele havia lhe feito bem. Ele me dera um conselho de maneira firme e não repleta de dúvidas como ocorreria no passado.
Ocupei-me como pude durante os dias seguintes, na tentativa de bloquear meus pensamentos referentes a Giovanni.
****
O banheiro parecia uma nuvem branca de umidade por causa de meu demorado banho. Enrolei-me na toalha e abri a porta, ainda com o cabelo molhado. Ao passar pela sala em direção a meu quarto, Gustavo se dirigiu a mim, ele afagava Lucky com olhos culpados:
— Teremos visita para o resto da noite. — antes que eu pudesse questioná-lo a quem se referia, ele baixou a cabeça e falou num sussurro. — Desculpe, aceitei que Nina viesse.
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Jovem Amor
RomansaExiste idade certa para amar? Giovanni é professor na faculdade de Biologia e acaba de se separar de sua mulher. Ele não tinha muito a ver com Rebeca desde o princípio e o passar dos anos só fez aumentar a distância que havia entre eles. Emily n...