Jovem Amor

34. Visita de Mãe - Emily

Finalmente minha mãe chegou de viagem. Ao nos vermos, nos abraçamos por um longo tempo curtindo o calor uma da outra, afinal não nos encontrávamos há sete meses. Sérgio estava conosco e seu rosto iluminou-se ao vê-la.

Depois de termos conversado muito, eu, ela e Gustavo, que se animou com sua presença, fomos jantar na casa de Sérgio. Sempre que minha mãe vinha, eu tinha que dividir sua atenção com Sérgio, Maria, Gustavo e Ricardo, pois todos estavam com saudades também.

Na noite posterior encomendei comida em casa, para que minha mãe conhecesse o Giovanni. Sentia-me nervosa com esse acontecimento, afinal seria o primeiro namorado a ser apresentado.

Giovanni chegou antes da hora. Estava bem arrumado e segurava uma garrafa de vinho tinto.

— Achei por bem trazer um acompanhamento. — ele parecia mais nervoso do que eu.

Minha mãe se aproximou da porta para observá-lo. Ele se apresentou como um perfeito cavalheiro e ela fez o mesmo. Ela nunca fora do tipo protetora que sonda os garotos para ver se são adequados ou não, era mais o tipo que confia em minhas escolhas. Mesmo assim, eu me preocupava com sua opinião.

Sentamos à mesa e eles começaram a conversar sobre coisas do cotidiano, minha mãe contou como estava frio no Canadá e que finalmente aprendera a esquiar. Rimos quando ela nos relatou dos diversos tombos que tomou. Giovanni falou de sua paixão por Biologia e eles até trocaram algumas informações sobre Genética. Gustavo pouco interferiu no assunto e logo se retirou para dormir. Ele ainda apresentava sinais visíveis de desinteresse e tristeza.

Nós três continuamos trocando palavras, embalados pelo vinho. Minha mãe quis saber sobre a filha de Giovanni e como surgiu o relacionamento entre ele e Rebeca. O assunto não me agradava, entretanto conhecia minha mãe e sabia que ela era curiosa sobre relacionamentos em geral. E Giovanni aproveitou a deixa para sondar sobre ela e, claro, sobre minha vida, já que eu pouco falara sobre meu pai.

— E como foi contigo e o pai de Emily?

— Então, a Emily não te falou sobre isso? — ela me sondou com os olhos de relance e sorriu travessamente. — Éramos colegas de laboratório e fizemos um acordo de inseminação para gerar a Emily.

— Sério? — Giovanni parecia surpreso.

Eu não havia lhe contado; não que isso realmente me incomodasse agora, só não tinha surgido a oportunidade. Minha mãe adorava relatar toda a história, eu relaxei e deixei todos os detalhes por conta dela. Giovanni estava bastante curioso.

— Ao iniciar o trabalho com Ken, o pai de Emily, eu percebi que ele era uma ótima pessoa, muito inteligente, simpático e interessante. Assim como eu, ele realizava-se com o seu trabalho e não pensava em constituir família. — ela riu pensativa. — Penso que ele mudou de ideia, já que casou e teve outra filha. Nós nos conhecíamos há uns dois anos e nos dávamos muito bem como amigos e, numa conversa casual, surgiu o assunto de inseminação. Eu disse que desejava poder escolher o pai, por questões genéticas. — ela riu. — Ora, eu trabalho com isso e não arriscaria ter uma filha sem conhecer a outra metade da genética e então fiz a proposta para ele. — ela me olhou orgulhosa. — Eu sabia que com que Ken eu teria uma linda e esperta filha.

— Concordo. — Giovanni riu ao me dar um beijinho. Sorri orgulhosa.

— Ele aceitou a proposta de ser doador. Assinamos um papel para que ele estivesse livre de qualquer obrigação como pai e logo depois ele se mudou para a Austrália por seis anos. Apesar de termos assinado o papel, ele me pediu para eu mandar fotos e informações sobre o bebê. E assim fiz. Passei os primeiros anos mandando cartas e fotos de Emily. Ele respondia e eu lia para ela. — ela parou e pensou nos acontecimentos, tomando um gole do vinho. — Com oito anos, Emily mandou uma carta pedindo para conhecê-lo e ele prontamente aceitou. Ken ficou encantado. Na verdade, desde a primeira foto que mandei Ken havia ficado deslumbrado por Emily ser ruiva como ele.