39. Morar Longe - Giovanni

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Os dias seguintes me trouxeram cada vez mais ambiguidades sobre se eu tinha realmente tomado a decisão certa em aceitar a bolsa de doutorado, mesmo que sacrificasse o meu relacionamento.

Buscava em meu íntimo tópicos positivos sobre nossa distância e consegui encontrar alguns: será uma prova se nosso amor realmente é verdadeiro; será uma oportunidade para amadurecermos; na volta estaremos com mais saudades. Não importava o quanto eu tentasse me enganar, sabia que tinha tomado uma decisão e que era mais provável que na volta nem nos reconhecêssemos.

Despedir-me de Emily e Nina no aeroporto foi uma das situações mais doloridas de minha vida, vacilei duas vezes antes de entrar no avião. E quando o fiz me arrependi completamente de ter deixado para trás a mulher que amava.

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O primeiro mês em um novo país foi mais solitário e desafiador do que eu esperava. Ainda tinha algumas dificuldades em comunicar-me, pois meu inglês era precário e meu entendimento mais lento do que as palavras que eram ditas por meus novos colegas. A faculdade estava acostumada a receber brasileiros, devido suas parcerias, e facilitaram minha adequação com o lugar. Os professores se mostravam mais pacientes e alguns colegas até arriscavam umas palavras em português.

Na faculdade, senti-me confortável com maior rapidez, no entanto passei algumas dificuldades em restaurantes, supermercados e lojas para comprar os itens que desejava. Em meu flat alugado, tive sorte de já ter sido mobiliado pelo antigo bolsista da área de veterinária e não precisei me preocupar em correr atrás de móveis ou eletrodomésticos.

As leituras e pesquisas para a tese de meu doutorado ocupavam meu tempo e eu era grato por isso, pois evitava que eu focasse minha mente na imensa falta que as pessoas que amo me fazia a cada minuto. Emily estava presente constantemente em minha mente, pois cada vez que aprendia algo interessante desejava compartilhar com ela.

A internet se tornou a minha maior aliada para combater a solidão, onde eu dispensava um longo tempo de minha noite para conversar com minha irmã, irmão, mãe, Nina e Emily, em alguns dias até com Pedro ou com o coordenador do curso de biologia. Mas não era o suficiente para aplacar toda a saudade que se instalara em meu peito. Não seria fácil morar longe por tanto tempo, mas era a realização de um sonho antigo e por isso eu comecei a me sentir bem comigo mesmo.


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